Encontro ou Reencontro?


Por Senhorita Mizuki

CAPITULO 9
 

Acordou, com uma sensação estranha entre as pernas, esfregou uma coxa contra a outra, espreguiçando-se. Devia ser uma coceirinha de nada, entreabriu os olhos, respirando fundo. Levantou-se de súbito, que quarto era aquele?

Ficou pasma, estava no quarto de Suichi, deitada na cama dele, e pior, estava...nua? Enrolou o lençol no corpo, catando as peças de roupa do chão, a camiseta em trapos. Segurava-a interrogativa, analisando o estrago do tecido.

Subiu o olhar para o espelho à sua frente, encarando sua própria imagem. Finalmente sua mente processava tudo, lembrando o que havia acontecido até então, soltou um grunhido baixinho de raiva e arrependimento.

Na cozinha, o ruivo preparava o almoço, cantarolando, como sempre fazia quando acordava alegre. Ouviu alguém entrar, sorriu de imediato, adivinhando.

Bom dia, Yu...Ei!

Seu animado cumprimento foi interrompido assim que viu um prato voar em sua direção. Desviou-se dele, indo espatifar-se na parede e os cacos espalharem-se na pia.

Olhou boquiaberto para a sua linda peça de cerâmica francesa destruída que havia ganho da sua mãe, e virou-se para a moça raivosa, que rangia os dentes. Ao que parecia, a manhã não deveria ter sido boa para ela quanto imaginara. Viu aproximar-se com uma faca afiada, recuou levantando as palmas. Lentamente, ela circundava a mesa e o encarava.

Espera um pouco, eu posso explicar!

Como fez aquilo?

Abaixa essa faca primeiro.

Yuri obedeceu, fincando a faca na tabua de madeira. O outro gritou e tirou-a desesperado, sua caríssima mesa de mogno!

Quer acabar com a minha casa, Yuri?

Desembucha, Suichi.

Fez uma cara emburrada, apagou o fogo e despejou a sopa em dois pratos fundos, dando um para a moça. Tomou uma colherada, mas Yuri não tocou na comida, ignorando-a e esperando por uma resposta sua.

Limpou a boca, levantando-se e indo para o quarto. Voltou com um frasco em forma de coração humano, com um líquido avermelhado em seu interior.

A fórmula dessa poção possui a combinação de plantas raras e delicadas do Makai.

Yuri assentiu, indicando que prestava atenção ao que dizia.

Quem beber ou inalar essa substância, volta à sua origem. O inimigo que usou isso em mim pela primeira vez pretendia fazer-me retornar à condição de bebê, mal imaginava ele que eu fora uma raposa lendária na minha vida passada.

Enquanto falava, a rapariga ia ficando cada vez mais interessada, com os olhinhos mais brilhantes e sonhadores. Quando deu por si, estava esfregando as mãos e rindo ambiciosa.

Imagine, voltar à minha forma original. – dizia emocionada e lacrimejante. – Sem ter aquela visita chata todo mês! Adeus dor infernal, adeus útero! Adeus tarados do metrô! Adeus estrias, adeus celulite! – ria histericamente – Me dá isso aqui, Suichi!

Não!

Assustado, Kurama tirou o frasco de seu alcance a tempo. Aquela menina estava lhe metendo medo.

Não é permanente, Yuri. Uma dose disso só dura algumas horas. Só pode ser usado em casos de emergência.

Sei...por acaso hoje de manhã foi um caso de emergência? Um youko com fogo no rabo?

O comentário sarcástico deixou o ruivo com as faces vermelhas feito pimentões de vergonha, gaguejou muito antes de devolver.

Eu tinha de me certificar de que era realmente você, Kuro. O resto foi...foi...acidente! isso!

Acidente? Também se chama assim?

Por Inari! Desculpa! Foi sem querer! Instintos youkais! Prometo que não se repetirá.

E não vai mesmo, porque eu vou ficar esperta com você. De qualquer forma, está tudo voltando, devagar mas esta. Faltam algumas coisas...

Pensativa, remexia na sopa, parecia estar gostosa. Estava com tanta fome, não havia comido nada desde que acordara. Um maldito Youko sacana havia estragado sua manhã. Largou a colher ruidosamente, segurando a cabeça com ambas as mãos. Suichi sentiu-se mal, sabia que era responsável por aquilo. Teria sido melhor deixar tudo como estava, Yuri vivendo como uma garota normal?

Normal? Riu para si mesmo, parecia insatisfeita com o próprio sexo. Nunca vira uma menina tão maluca quanto aquela, e mesmo assim sentia uma profunda simpatia por ela. Porque? Talvez porque ela ainda guardasse muito da personalidade de Kuronue escondida em seu intimo. Fora egoísta, querendo seu amado amigo de volta.

Koenma.

Hum?

Ele sabe...fiquei um bom tempo no Reikai antes de reencarnar.

Falava mais para si mesma do que para o ruivo confuso na sua frente. Colocava o indicador e o polegar no queixo, com uma sobrancelha erguida. Bateu o punho na mesa, estava decidido, no dia seguinte ia contatar o baixinho da chupeta. O rapaz sabia de muitas coisas suas, tinha certeza.

Nesse mesmo instante, um pequeno koorime de cabelos negros adentrava na casa, sonolento. Parou na porta da cozinha, olhando para os dois com uma cara exausta, de profundas olheiras. Pelo visto Mukuro tinha dado bastante serviço para ele, devia ter passado a madrugada inteira caçando youkais. Continuou a caminhar até o quarto, os dois ningens se entreolharam.

Ouviu-se um grito de fúria, e logo o koorime cansado de um minuto atrás voltou transformado, fumegando enérgico e bradando a katana.

Muito bem, Kurama! Pode ir se explicando.

Eu? – ah, não, outro? – O que eu fiz?

Não se faça de inocente! Aquela cama tem um cheiro de mais alguém além do meu e o seu!

O ruivo ficou vermelho de novo, o que ia dizer? Estava perdido, morto, esquartejado! Olhou para Yuri, que levantou uma sobrancelha e sorriu sardônica, desafiando-o a contar. Fez um bico de resignação, apontando para a moça.

O cheiro é da Yuri!

O que?

É, ontem eu fiquei estudando até tarde na sala, e mandei ela dormir na minha cama, para não atrapalha-la.

"Grande desculpa, e ele vai cair nessa? Esta sonhando Suichi.". Hiei juntou as sobrancelhas, incrédulo. Chegou perto da menina, cheirando o pescoço dela. "Vai sobrar para mim, muito obrigada." . Guardou a katana, abriu a geladeira tranqüilamente pegando uma coxa de frango. Mordeu indiferente ao olhar estupefato de Yuri.

V-você acreditou?

O cheiro é seu mesmo....e nunca teria nada com Kurama, você é a criatura mais assexuada que já vi em toda a minha vida.

O QUE DISSE?

Calma, Yuri.

Calma o c...eu vou fazer picadinho de pirralho ao molho pardo!

O youkai continuou comendo como se nada tivesse acontecido, enquanto Kurama segurava como podia a moça furiosa.

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Havia se deitado às 11 horas, e já eram uma da madrugada sem conseguir dormir. Rolava de um lado para o outro, sem sucesso. Algo estava incomodando-a, mas não conseguia identificar o que.

Talvez um copo de leite quente ajudasse a pegar no sono. Sonolenta, acendeu o fogão, despejando o leite na panela. Enquanto esperava, foi até a janela da sala, a noite estava tão bonita. O céu limpo, a lua crescente solitária, as luzes da cidade noturna, que não dormia.

Mirou mais abaixo, as ruas desertas e silenciosas das residências. Um vulto passou rápido, piscou varias vezes, seria uma ilusão? Que sensação estranha, seria por causa da insônia? Outra vez, a sombra movimentou-se rapidamente. Yuri desencostou-se do parapeito, assustada. Trancou a janela, afastando-se apreensiva.

Recuou lentamente, sem desgrudar o olhar do vidro. Correu para o quarto, Suichi e Hiei dormiam abraçados. Na ponta dos dedos, agachou-se do lado do koorime, não queria acordar o ruivo. Sacudiu levemente seus ombros, ele apenas se remexeu. Tinha um sono pesado, compreensível dado o cansaço com que voltara para casa.

"Por favor, acorda.". Começava a ficar desesperada, podia estar dentro do apartamento àquela altura. Puxou seu cabelo, o youkai gemeu alto, abrindo os olhos confusos. Viu Yuri tapar sua boca, assim que percebeu que vinha uma reclamação.

Shh...

Que é? – sussurrou.

Ele esta por aqui, lá embaixo.

Ele? Droga.

Fitou o ningen deitado ao seu lado, certificando-se de que ainda dormia. Com cuidado, soltou-se do braço que o prendia junto a si. Armou-se da katana, indo até a sala, com Yuri igualmente armada atrás. Não havia ninguém dentro da casa, suspirou aliviada. Hiei abriu a janela, observando com uma certa expressão preocupada.

É ele sim, sinto seu youki, bem fraco, mas sinto.

Charlie...

Mas não tem a intenção de atacar, esta rondando, apenas analisando.

Youko teimoso, por que não nos deixa em paz?

É insistente, quer mesmo a pele de Kurama.

Mesmo consideravelmente longe, sentia os olhares fixos sobre si, sabiam perfeitamente que estava ali. Mas não importava, seria até melhor que soubessem que ele os seguia, e que podia a qualquer momento cumprir o que prometera. "Temam pela vida do seu amiguinho, isso alimenta ainda mais a minha ambição."

Riu, mostrando-se para os dois, acenando divertido. Hiei segurou o cabo da espada mais forte, Yuri sentiu um aperto no peito ao ver o desafio estampado no rosto. Mandou-lhes um beijo, antes de sumir completamente.

Alternava entre os dois mundos, viajando do Makai ao Ningenkai constantemente. Passava facilmente pelas fronteiras, acostumado que estava, desviando-se das guardas estrategicamente espalhadas. Para um youko do seu nível, era brincadeira de criança engana-los. A natureza traiçoeira ajudara-o a fazer aquela inocente ningen cair feito uma patinha.

Corria habilmente entre as arvores da floresta sombria. Parou para descansar as margens de um lago, fazendo uma fogueira para passar a noite. Observando o crepitar do fogo, algo o incomodava. Acontecia alguma coisa estranha naquela casa alta, espreitando o lugar, percebeu uma movimentação diferente logo de manhã. Mas não se atreveu a ver melhor o que acontecia, para não correr o risco de ser descoberto.

Pena que agora teria que manter-se longe, aquele maldito koorime. Onde o tinha visto? Fechou um dos olhos, lembrara-se. Era aquele maldito demônio do fogo que fazia parte da tropa de Mukuro, seu braço direito e responsável por parte das fronteiras entre o Makai e o Ningenkai.

Sorriu, passando a língua pelos lábios e caninos. Parece que alguém ia receber uma visitinha agradável. Se tudo o que ouvira falar sobre ela for verdade, estava feito.

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Mukuro tomava seu banho quando um Youko castanho entrou no recinto, seguido de um Sigure afobado. O cirurgião do Makai arregalou os olhos depois os cobriu, pedindo mil desculpas.

Perdão senhora, mas não consegui conter esse Youko de invadir a fortaleza.

Com um gesto pediu que parasse de falar, e mandou que os deixasse a sós. Enrolou-se na toalha, curiosa, o que um youko fazia no seu território? Havia proibido esses animais traiçoeiros de circularem por ali. Pegou uma katana e sentou-se na cama, polindo-a com um pedaço de pano fino.

Prefere que eu te mate como? Perfurando-o ou esquartejando seus membros?

Ouça-me primeiro, divina Imperatriz.

Não se lembra das regras, youko estúpido? – odiava aquela voz melosa que aquelas malditas raposas costumavam ter.

Ao invés de sentir-se acuado, o youko sorriu desafiador quando encostou a lâmina em seu pescoço. Aquele era dos piores, dava para notar pela arrogância com que a encarava. Estreitou os olhos, depois de um longo minuto, retirou a espada da garganta dele.

Fale logo o que quer.

Tenho uma proposta a fazer, irrecusável.

Não tenho todo o tempo do mundo, diga e vá embora! – virou-se de costas, vestindo suas roupas.

Muito bem...Por acaso conhece um tal de Youko Kurama?

Sorriu satisfeito, o alvo foi atingido em cheio. Mukuro fitou-o atenta, puxou uma cadeira, convidando-o a sentar junto consigo à mesa.

O que tem ele?

Primeiramente, eu gostaria saber quais são os sentimentos que a senhorita tem por esse youko.

Os piores possíveis.

Há! Então encontrei a aliada perfeita.

Aliada?

Tenho um pequeno desejo em vencer Kurama em uma luta, para me tornar uma raposa de prestígio.

Não está sonhando meio alto, não?

Hehe, acontece que andei rondando a nova forma do youko, é bem vulnerável como ningen.

Deu-lhe uma piscadela, Mukuro riu alto, jogando a cabeça para trás. O youko não entendeu, disso, ela sabia perfeitamente.

Há uma pequena falha no seu raciocínio. Ele pode voltar à forma original quando bem entender.

Como? Impossível!

Sim, é possível. Parece que seu intento é frustrado, não tem porque ouvir o resto.

Espere!

Já disse o que queria, vai embora!

Mas...Deve existir um jeito de impedi-lo de se transformar, ou mata-lo antes que isso aconteça. Me dê uma chance.

Encheu uma taça de vinho tinto, especiaria trazida do Ningenkai, sorvendo dois goles. Mirou o youko que suplicava, podia ataca-la quando quisesse. Não o fazia Porque estava obstinado a tê-la ao seu lado. Podia ser interessante, porque não tentar?

Um tornei ocorrerá a poucas semanas, se eu desafiar Yomi, provavelmente irá recrutar Kurama. O resto é com você.

As pupilas da raposa de pêlo castanho brilharam.

Agora saia, está infestando meu quarto com esse fedor de cachorro molhado.

Mesmo ofendido, fez um sinal afirmativo. Sigure estava de guarda na porta, mandou-lhe que arranjasse comida e um lugar para o youko. Para a surpresa do cirurgião, comunicou-lhe sua participação no torneio e que avisasse Hiei.

Aquela criatura era um pobre coitado, mas uma pequena diversão ia ser bem vinda.

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Acabava de despachar mais uma montanha de papéis que se acumulavam na sua mesa, quando é que seu pai iria resolver modernizar aquele Reikai? Se não tivesse vida eterna, já estaria morto de tanto trabalho que davam para ele fazer. Suspirou e recostou-se na cadeira de encosto alto, fechando os olhos e mexendo na chupeta na sua boca. Estava na sua forma de criança, não que desgostasse da sua forma adulta, alias se achava o máximo naquela forma, sabia que encantava as meninas quando passava.

Riu orgulhoso, ele era demais. Mas naquela situação, trancado no escritório, cuidando das almas que saíam e entravam, aquela aparência era mais confortável. Blasfemou ao ouvir o telefone tocar, mal tinha tempo para descansar decentemente.

Senhor Koenma?

Sim?

Tem duas pessoas aqui querendo vê-lo, mando entrar?

Aiai...não estou a fim de receber ninguém.

Ela diz que é urgente.

Ela? Espera. – ficou mais animado – Quem é?

Detetive Yuri Sakamoto.

Tapando o bocal do fone, olhou para o teto, agradecendo aos céus. Que bela companhia para passar o tempo, o que fariam? Podia pedir uma garrafa de champanhe, talvez uns petiscos...Transformou-se no belo rapaz, olhou-se num pequeno espelho, ajeitando a franja. A secretaria assustou-se com a voz mais grossa que voltou a responder-lhe pelo telefone.

Manda entrar.

Sorriu ao ver a moça loira adentrar, mesmo que com aquela cara aborrecida que fazia sempre que o encontrava. Levantou-se para cumprimenta-la, quando viu Kurama logo atrás de si, entrando e fechando a porta. Acabou com o clima que havia preparado, pediu licença e trocou de forma novamente. Pela presença do rapaz ruivo, devia ser assunto sério.

Pediu para servirem café, com um gesto, mandou dizerem o que tinham para dizer, tomando um gole da bebida fumegante. Engasgou quando ouviu o nome Kuronue sair da boca de Yuri, nem ouvira o resto da frase. Suichi levantou-se preocupado, batendo nas suas costas.

Cof! Cof! Não sei de quem estão falando. Cof!

Não me venha com essa agora, Koenma, não depois dessa reação!

O café estava muito quente, só isso!

A moça o ergueu, agarrando-o pelo colarinho, não estava nada a fim desse papinho. Sabia muito bem que tinha coisa ali, que a ajudaria a lembrar do que acontecera nesses anos todos antes de reencarnar.

Ô baixinho! Vou falar só uma vez...Já sei quem eu sou, portanto não adianta ficar negando respostas, entendeu?

E-entendi...

Agora começamos a nos entender...

Soltou-o, fazendo-o cair na almofada alta e fofa da cadeira. Mostrou-lhe a língua pelas costas, mas que garota abusada! Yuri voltou-se com uma sobrancelha levantada, Koenma engoliu em seco, sorrindo amarelo. Diante disso, Kurama só revirava os olhos.

Yuri começou relatando sua morte, que estranhamente era a única coisa que ainda continuava bem fresca na sua memória. O corpo perfurado, o sangue que escorria grosso, resvalando lento junto com sua vida de youkai. Na mente de Kurama, aquela cena reavivou-se, sentindo um pouco de náuseas. Havia sido uma morte horrível, e ficara totalmente impotente diante daquilo.

O outro fazia sinais afirmativos, com o dedo no queixo. Procurou nas gavetas sua ficha de detetive espiritual, estava junto com a de Suichi, por um motivo especial. Deu-a para a moça, lá estavam seu nome youkai, sua descrição, data de nascimento e morte, ocupação de ladrão e posteriormente de guardião. Franziu o cenho, guardião?

Bom, como muitos youkais que você vê aqui, também trabalhou para o Reikai. Podia ser um ladrão, mas na época era muito jovem e nada em você justificava uma pena no inferno.

Sim...eu lembro. Me ofereceram o posto de guardião das almas que aqui entravam, como cumprimento do castigo por furto.

Tinha até um prazo definido, depois dele, estaria livre. Eu mesmo cuidei do seu caso.

Eu nunca esqueceria dessa cara de safado, batata!

Olha como fala comigo! Sou seu superior!

Aqui para você!

Kurama previu mais uma discussão, olhou feio para Koenma, que se recompôs, mesmo que contrariado.

Como eu ia dizendo...Passado algumas centenas de anos, Kuronue havia cumprido sua pena. Eu não esperava que pedisse para reencarnar, mas foi justamente o que fez. Tive medo que se encontrasse com Kurama e ressuscitassem a dupla de ladrões, por isso fui obrigado a ocultar as lembranças dela. Não tinha poder de apaga-las, mas se fosse possível...

Alegre, balançou o dedo indicador, apontando para os dois.

Vejo que meu medo era ridículo, vejam só vocês! Uma boa dupla de detetives! Suichi não faz mal a uma mosca, e Yuri é uma justiceira nata!

Os ningens se entreolharam, o telefone tocou, interrompendo a encenação patética de heroísmo.Do outro lado da mesa, Yuri e Kurama ficavam intrigados com as caras e bocas engraçadas que Koenma fazia ouvindo a pessoa do outro lado da linha.

O QUÊ?

Pularam na cadeira com o grito inesperado, cuspiu um monte de palavrões e desligou o aparelho com violência. Limpou a garganta.

Kurama, precisamos de sua ajuda.

O que aconteceu?

Yomi quer você no torneio do Makai, daqui a duas semanas.

Yomi? Mas ele disse que nunca mais ia participar!

Mukuro vai participar, e o desafiou.

Grande!

A velha rixa de sempre, será que não podiam ficar quetinhos cada um no seu reino? Não queria se envolver naquela palhaçada de novo, e provavelmente Mukuro colocaria Hiei para lutar no seu time.

Alheia a conversa, Yuri murmurou o nome de Yomi. O rei de Gandara, cego, que nas histórias que circulavam por aí, fora traído e erguera um reino com as próprias mãos. Charlie lhe contava essas coisas toda vez que voltava do Makai, mantendo-a informada.

Mas aquele nome também remetia ao seu passado youkai. Um dos novatos, que o youko prateado adorava humilhar. O rapaz obstinado de cabelos negros que o surpreendia a cada dia.

O chifrudo!

Gritou do nada, batendo na mesa. Koenma e Kurama a olharam confusos, estava doida? O ruivo balançou a cabeça, e falou em segredo para o pequeno.

Não ligue, agora toda vez que lembra de algo tem desses surtos.

Ah.

Posso ir com você, Suichi? Vai participar, não vai?

Suplicava-lhe, fazendo um bico de dar dó a qualquer coração mole, como o seu. Coçou a cabeça meio sem jeito.

Vamos ver, preciso falar com Yomi primeiro.

Eu quero ir para o Makai!

Ta, ta, nós vamos.

Oba! Vamos para Gandara!

Colocou o pé na cadeira, com um braço erguido e outro na cintura. O ruivo só imaginava o que aquela iria lhe aprontar dessa vez.
 
 

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CONTINUA