Cama de Rosas

Por Lucretia



Havia feito dois meses que Hiei estava no Makai. Lutara bravamente na fronteira, só para reencontrar sua amada raposa o mais rápido que pudesse. Não aguentava mais ficar longe dele. Então, esperou pacientemente seu amado na mesma arvóre que costumava esperá-lo quando estava no Ningenkai.

Logo o sinal de término das aulas soou e jovens ningens saíram enchendo todo lugar com muito barulho. Kurama saiu logo a seguir, estava sorrindo ao falar com alguns colegas. " Como está lindo...", pensou Hiei, enquanto observava seu amado com todo amor e saudade que seu peito podia carregar. Não podia esperar para estar nos braços dele e beijar-lhe os lábios.

Hiei quase podia levitar de tanta felicidade de estar no Ningenkai, embora não surportasse tal lugar, mas Kurama tinha o tom de transformar qualquer lugar em agradável. Mas sua felicidade foi interrompida quando uma belíssima ningen pulou nas costas de Kurama, dando-lhe um beijo no rosto. Era uma jovem de longos cabelos loiros, a quem Kurama sorriu com enorme alegria e satisfação. Hiei queimou por dentro de tanto ciúme. Pelo jeito a sua raposa estava divertindo-se muito em sua ausência.

Kurama e a loira seguiram um caminho diferente o da casa dele. Hiei os seguiu, mas sempre mantendo distância para que Kurama não sentisse seu ki, ele não podia acreditar que a sua amada raposa estava trocando-o por uma ningen tola e fútil.

alguns minutos depois os dois chegaram a uma bela casa, pintada de amarelo, bem claro. Kurama, que sorria e conversava o tempo todo, não só acompanhou a moça até a sua casa, como entrou. Ficaram lá trancados a tarde toda, só saindo quando já era quase noite.

Hiei explodia por dentro, irado de tanto ciúme que sentia. queria ir embora, voltar para o Makai e nunca mais retornar ao maldido Ningenkai, mas não podia partir assim, sem dizer tudo que sentia naquele momento, toda a sua raiva por estar sendo traído. Então, logo que viu Kurama sair daquela casa, sendo beijado outra vez, no rosto, pela loira, correu para casa de Kurama. Queria estar lá antes que ele chegasse.

Não demorou muito para que Kurama chegasse em casa. Deu um longo beijo em sua mãe e subiu, correndo as escadas para seu quarto, sabia que seu amado estava lá, pois já sentia seu ki inconfudível. Seu coração parecia quere pular de seu peito, de tanta saudade que sentia do seu demônio do fogo. Mal esperava para estarem um nos braços do outro.

Quando abriu a porta de sue quarto, deu de cara com a seu querido Hiei e logo um belo sorriso brotou-lhe nos lábios. Que felicidade era ver seu amado! Ele estava ali em seu quarto, sentado em sua cama, os braços cruzados e a cabeça recostada na cabeceira, com os olhos fechados. E que belo que estava!

"Meu amor, que saudades!!" Kurama correu para os braços de Hiei, enchendo seu rosto de beijos, mas quando tentou beijar-lhe a boca foi surpreendido pela frieza da virada de rosto de Hiei.

"O que foi?" a pergunta saiu da boca de Kurama junto a um olhar questionador. "Você não sentiu minha falta?"

Hiei continuou indiferente, sem dizer uma única palavra. Kurama o encarava, ao mesmo tempo que seus olhos tornavam-se úmidos, não entendia o que estava acontecendo, o que fizera de errado para receber tamanha frieza de sue amado.

"O que foi, Hiei? Eu fiz algo errado?" Kurama mais uma vez perguntou na inocência se dua ignorância, querendo saber o motivo real do que estava acontecendo com Hiei.

A última pergunta de Kurama fez Hiei abri seus olhos vermelhos encarando a raposa com uma certa raiva, como se este tivesse feito realmente alguma coisa contra ele. Kurama continuava a encará-lo esperando uma resposta, com um olhar curioso e úmido. A raiva crescia em Hiei e era aumentada pelas lembranças da tarde . Então finalmente resolveu falar.

"Não, Kurama, você não fez nada de errado. Você é um anjo!!" Hiei falava com fúria, sentia-se enganado por aquela raposa traiçoeira. "Eu vi, esta tarde, o quanto inocente você é, sua raposa mentirosa!!!"

"Hiei, afinal, o que eu fiz?" Kurama perguntou sem entender o que fizera de tão grave para que Hiei ficasse irado daquele jeito. sua consciência estava limpa, mas aquele ataque de Hiei fazia sua mente relembrar os passos antes daquele momento.

"Você?!... Nada!! Pensa que não vi como se divertia com aquela ningen." Hiei finalmente falara qual era o crime de Kurama, com enorme mágoa e rancor. "E ainda ficou a tarde toda na casa dela."

As palavras de Hiei fizeram a mente de Kurama iluminar-se e lembrou-se que passara a tarde em casa de uma colega da escola, mas que não fizeram nada além de estudar. Mesmo assim, não entendia aquele ataque de ciúmes que Hiei estava tendo. Então, abraçando se amado demônio, tentou explicar-se.

"Meu querido... Ela é só uma colega de sala."

Mas Hiei não quis saber das explicações de Kurama e muito menos dos braços dele, não deixaria aquela rtaposa enganá-lo com seus sorrisos e afagos.

"Não, Kurama, não deixarei que me engane com sua lábia de raposa traidora. Eu vi o que vi."

"Mas, Hiei..." Kurama tentou aclmar seu amado, não podia deixar que Hiei continuasse com aquela imagem errada em sua cabeça.

"Sem mais, Kurama. Não quero saber das suas mentiras. Voltarei para o Makai, lá sou feliz de verdade. Adeus!"

Antes que Kurama pudesse dizer alguma coisa Hiei pulou pela janela sumindo na escuridão da noite. No quarto, Kurama ficou imóvel, seus olhos inundados em lágrimas e uma dor aguda em seu peito. Ficou alguns minutos sentado na cama, olhando fixamente para a janela, com o olhar perdido na imensidão do céu.

Finalmente resolveu sair de seu transe. Ligou o rádio para escutar uma música qualquer. Não queria pensar que aquela era a primeira briga deles e também não queria acreditar que talvez nunca mais visse seu amado. Seu coração doeu mais ainda, quando estas estrofes foram ouvidas por ele:

"About all of the things that I long to believe

About love and the truth and what you mean to me

And the truth is, baby, you’re all that I need

I want to lay you down on a bed of roses

For tonite I sleep on a bed of nails..."

As lágrimas, que estava a um triz nos olhos de Kurama, agora rolavam, traçando caminhos pelo seu belo rosto. A dor era tão grande em seu peito... Kurama mergulhou seu rosto na travesseiro, soluçando. os soluços misturam-se a música, enchendo todo o quarto de Kurama, dando-lhe um ar de tristeza e melancolia.

Kurama chorou até adormecer. O rádio estava mudo, pois o CD já tocara até a última música. E naquele quarto reinava apenas um silêncio solitário.

Hiei voltara a janela de Kurama e observava-o carinhosamente, parecia arrenbentido do que fizera com sua querida raposa. Não deixara que ele se defendesse. Estivera tão tomado pelo ciúme que nem prestara atenção ao que Kurama tentara explicar. Hiei sentira raiva dele mesmo porque às vezes não tinha paciência para ouvir o que seu amado tentava falar, quando estava tomado pela fúria do ciúme.

"Kurama..." Hiei sussurou o nome de sua raposa, tão suavemente, sentia-se arrependido pelo mal que provocara, e que podia ser visto. Este estava com o rosto levemente inchado causado pelas, ainda vissíveis, lágrimas.

Kurama abrira os olhos lentamente. escutara a voz de sue amado demônio do fogo, mas não acreditara que ele podia estar ali perto dele. A voz parecera-lhe tão suave e distante, que pensou sonhar com o seu pequeno amante. Quando conseguiu finalmente abrir seus belos e grandes olhos verdes, quase não pode acreditar no que eles viram. Era Hiei, ao lado da cama, em pé, com os olhos cravados no chão, como se arrependido da sua grande burrice.

"Oh, Hiei..." Kurama murmurou brandamente, levadando-se da cama, abraçando seu pequeno youkai fortemente em seus braços com medo que ele lhe fugisse para nunca mais voltar.

"Kurama, como fui um estúpido." A voz de Hiei era como um soluço abafado, estava realmente arrenpendido de ter explodido com seu querido Kurama. "Como pude brigar com você, por causa de uma ningen sem importância. Eu não queria..."

"Não precisar falar nada, meu querido."E com esta frase e um longo e profundo beijo, Kurama calou seu querido youkai.

Hiei sentiu a qunte e úmida língua de Kurama procurando a sua. As duas línguas finalmente encontraram-se de um forma tão intensa que os dois amantes quase podiam parar de respirar por alguns segundos. Aquele beijoera um misto de sentimentos: saudades, remorso, mágoa, tristeza, medo... tudo em doses profundas e doloridas.

Depois daquele beijo tão doce e profundo, os dois amantes permaneceram abraçados. Cada um guardando o calor do corpo do outro para si, numa busca por perdão simultâneo.

Era tão bom para Kurama sentir o calor daquele pequeno corpo em seus braços novamente, pensara que nunca mais o veria, que não poderia veria aqueles olhos vermelhos. Tudo por causa dos ciúmes bobos de Hiei, mas o perdoaria, o amava demais para deixar que assuntos tão banais acabasse com o que eles tinham... E era tão especial!!

Lentamente, Kurama levara seu demônio para perto de sua cama. Hiei, que permanecia de olhos fechados, quieto, sentindo o perfume de rosas de sua raposa. Deixara-se conduzir até a cama, que só percebera que estava repleta de rosas quando foi deitado gentilmente nesta. Ficou surpreso ao sentir a delicadeza e o frescor das flores tocando seu corpo, não acreditava no que acontecia. Enquanto Hiei ficaraadmirando o doce presente de Kurama, este ligara o rádio e uma outra vez aquela música preenchia e envolvia os dois amantes:

"Till the bird on the were flies me back to you

I’ll just close my eyes and whisper

Baby, blind love is true

I want to lay you down on a bed of roses..."

"O que é isto, Kurama?" perguntou Hiei, confuso com o que estava acontecendo; as rosas na cama e a música que falava em uma cama de rosas.

"Eu só quero te mostrar o quanto de amo, meu amor, e que não te deixarei por nada nesse mundo." Kurama deitara-se ao lado de Hiei, puxando para si, como se ele fosse fugir a qualquer momento, embora soubesse que isso não ocorreria mais. Talvez a idéia da perda ainda sondava em sua mente. E finalizando disse: "Entendeu, seu youkai estúpido e ciumento?"

Mas antes que o demônio do fogo pudesse formular uma resposta, sua boca fora arrebatada pela de Kurama. Invadida pela língua da raposa ruiva com enorme fome e desejo. Kurama ardia por dentro e por fora, de tal maneira que Hiei podia senti aquele calor, incendiando seu pequeno corpo também. O perfume das rosas tiravam-lhe os sentidos e os toques de kurama enlouquecia-o.

Amaram-se o resto da noite, envolvidos pelo doce perfuma das rosas, enquanto a música tocava sem parar misturada aos gemidos de prazer e entrega dos dois amantes que perdoavam-se mutualmente.

A magoa de algumas horas atrás fora esquecida por completo. Kurama repetia inúmeras vezes: "Sou todo seu!" e Hiei apenas sorria, entragando-se as macias mãos de sua doce raposa, sabia que eram verdadeiras aquelas palavras e que nunca se youko dera-lhe motivos para dúvidar de tal. Mas a esta hora, nada mais tinha importancia, estava nos braços de seu amado, deitado numa cama de rosas, assim como dizia aquela música, que tocava incansávelmente:

"I want to lay you down on a bed of roses

For tonite I sleep on a bed of nails

I want to be just as close as the holy ghost is

And lay you down on a bed of roses..."



 
 
 

FIM



Por Lucretia lucretia_bete@hotmail.com