A manhã estava agradável aquele dia, Kurama suspirou ao sair da casa de Kuwabara. Tivera que ir bem cedinho à casa do amigo, para ajuda-lo nos estudos.
Percorria o trajeto de volta a sua casa tranqüilamente, quando sentiu uma pontada aguda no peito, o obrigando a apoiar no muro que beirava. A dor persistiu por mais algum tempo, até desaparecer. Preocupado, Kurama resolveu ir até a mestra, pois já fazia algumas semanas que vinha tendo essas dores.
À tarde já se fazia quando chegou ao templo. Enquanto
subia a escadaria, sentiu novamente a pontada de dor, tendo que se sentar
ao degrau que se encontrava.
Genkai conversava com Koema, que queria saber sobre Yusuke. Enquanto enchia a velha com perguntas, algumas até sem término, parecendo querer esconder algo tão evidente.
Com tremenda naturalidade, a velha mestra bebeu mais um gole de seu costumeiro chá, fitou o jovem inquieto a sua frente, abalando-o ainda mais com o que soltou logo em seguida.
"Qual o problema Koema? Yusuke é tão importante que não sabe viver sem ele?".
O rapaz gaguejou tentando pronunciar qualquer coisa em sua defesa, mas nada lhe saiu.
"Yusuke é um bom rapaz, além de tudo. Por que não conversa pessoalmente com ele?".
"Genkai!" – soletrou por fim. "Está insinuando que...".
"Estou insinuando que você é muito preocupado Koema. Quer saber onde Yusuke anda, se teve brigas infundadas, se está machucado ou se voltou para o Makai pela vigésima sabe-se lá quantas vezes" – irritou-se.
Koema ficou calado, caminhou até a porta que dava em frente a um jardim maravilhoso, fitando o horizonte. Com muito custo quebrou o silêncio que se fez.
"É que eu me preocupo pois, ele foi um detetive. Talvez uma culpa, pois fui eu quem o deu este título, e se não fosse por isso, ele não mudaria tanto, seria como sempre foi, um ningen comum como outro qualquer..." – os olhos de Koema continuaram perdidos na paisagem.
"Por que não confessa Koema!" – o jovem desabou no chão ao ouvir o grito firme da mestra. "O mesmo aconteceu com Sensui, com Kuroku e tantos outros, e você sabe muito bem que Yusuke está vivendo do jeito que mais gosta!" – com um sorriso de deboche, a velha prosseguiu. "Você trata Yusuke diferente, ele conseguiu conquistar o seu afeto...".
Koema engoliu em seco, Genkai estava ficando louca, só podia ser. Tão alterado estava, que mal percebeu que estavam sendo observados atentamente. Ao olhar para a entrada, viu Kurama, que sorria com o embaraçamento do jovem.
"Kurama..." – balbuciou ainda mais vermelho.
"Boa tarde mestra Genkai, boa tarde Koema" – sorriu com ar brincalhão e animado. "Acho que eu ouvi alguma coisa sobre o assunto que conversavam".
"Nem tente dizer uma palavra para Yusuke ou faço seu cabelo de vermelho ficar verde!" – gritou já histérico com a respiração alterada.
Mas Kurama apenas sorriu, achando mais graça em Koema. Num instante recordou-se de quando acompanhara Yusuke até o Reikai, ao chegar na sala de Koema, não o tinham encontrado.
"Eh baixinho folgado" – suspirou Yusuke olhando as pilhas de documentos acumulados sobre a mesa.
"Melhor a gente voltar depois".
"Nem pensar Kurama! Koema vai ter de me explicar direitinho que história é essa de não querer que eu saiba do tal torneio!".
Já nervoso, Yusuke entrou corredor adentro, algo que nunca tivera feito. Acharia koema e o forçaria a se explicar na marra. Desesperado, Kurama tentou impedi-lo.
"Yusuke, não é educado ficar bisbilhotando por aqui".
"Não enche Kurama! Não é você que está se sentindo traído".
"Traído?" – pensou Kurama.
De ímpeto, Yusuke abriu de cara uma das portas, já havia passado por várias, mas foi direto àquela. Porém, parou de imediato, assustado com o que acabara de fazer. Ficou imóvel.
Parando atrás dele, Kurama tentou olhar, e viu que se tratava de um quarto.
Decorado perfeitamente, era aconchegante e dispersava um ar quente e chamativo. Logo à frente, Koema repousava numa cama grande, com a cabeça levemente encostada num dos travesseiros. Era raro estar em forma adulta quando estando no Reikai, mas estava.
Yusuke parecia surpreendido por achar Koema logo de princípio, mas Kurama o viu com outros pensamentos. Yusuke estava levemente corado por estar invadindo a privacidade do baixinho, e obviamente surpreendido com o que enchia sua visão.
O corpo de Koema deitado relaxadamente, apenas coberto por um lençol branco, os cabelos desgrenhados, o perfume que invadia o ambiente. Talvez Koema permanecia na forma de criança para não contrariar seu pai, pois era claro que ele já era um belo rapaz.
O ruivo quis rir da falta de jeito de Yusuke, que ficara estático na porta do quarto, nem entrava e nem saia. Pensou em dar uma empurradinha, só para dar coragem ao outro, mas resolveu não intervir na cena.
Koema acordou abrindo os olhos vagarosamente, e sem notar ambos, levantou levemente o corpo sentando e espreguiçando lânguido, ainda com sono.
Segundos depois, Kurama era arrastado pelo braço puxado por Yusuke, foi tão rápido que se quando se deu conta, estava do lado de fora do portão.
"Kurama! Ei Kurama!" – voltou a si ao ouvir a voz de Koema, ainda irritado.
Ao fitá-lo, uma idéia surgiu-lhe de ímpeto. Iria dar uma ajudinha a ambos, mesmo que de leve, afinal, era amigo de Yusuke e de Koema. No entanto lembrou-se de Keiko, mas isso não o preocupou, pois a tinha visto se divertindo com Botan numa cena muito estranha, além do quê, se era nítida a situação "bi" de Yusuke, ela já deveria saber muito antes dele, e pelo visto aceitava.
Refletiu melhor a condição de Yusuke, se ele não gostasse de Koema, do jeito que era, pensaria nele e na luta somente, o que de fato pensou. Mas na luta contra Sensui, mostrou-se uma leve preocupação, defendendo Koema com unhas e dentes, teve até que bate-lo e se desculpou logo em seguida, para não vê-lo lutar. Outro detalhe que não lhe escapou, foi ao término do torneio do Makai, soube-se que Yusuke disse a Koema que ele ficava melhor na forma de baixinho. Estranho essa comparação vinda de Yusuke, talvez na forma adulta Koema chamava mais atenção do que como criança. E pelo que se lembrava, o detetive nunca era de reparar no físico, ainda mais de homens.
"O que foi Kurama?" – Koema ainda o fitava.
"Não se preocupe, não vou dizer nada" – sorriu. "E sim fazer" – pensou.
"Quê?".
"Nada! Só vim conversar com a mestra" – realmente Koema era poderoso, parecia ler seus pensamentos.
Após a saída do baixinho, Genkai sentou calmamente e esperou que Kurama falasse.
"Mestra Genkai, eu vim conversar sobre umas dores que ando tendo nas últimas semanas".
Um momento de silêncio se fez.
"É emocional...".
"Emocional?".
"Se você passou por uma alteração no seu estado psíquico-emocional, algo em seu interior está tendo alterações. Um conflito interior e exterior".
Kurama permaneceu calado, apenas ouvia. A velha continuou:
"O medo da perda de um ente querido, o desespero da incapacidade, o ódio do próprio ser, o bloqueamento do caráter íntimo..." – com um olhar severo, posou a mão no ombro do jovem. "Guardar tantos conflitos e tentar superá-los não é uma tarefa fácil. Chega num ponto onde apenas resta uma barreira frágil, para tudo vir à tona".
"O que a mestra aconselha?".
"Não há nada em que eu possa ajudá-lo, é uma luta apenas sua, o que resta é esperar e saber contornar a situação com racionalidade. Mantenha-se firme e com muita calma, você será o único a lidar com suas necessidades e tormentos".
Kurama ficou mais algumas horas em companhia da velha, agradeceu educadamente e antes que se retirasse, a ouviu chamar.
"Uma última coisa. Fique ciente que se acontecer, poderá
envolver outras pessoas que estão mais próximas de você,
e elas poderão sofrer..." – seu olhar abriu-se para olhá-lo.
"Não vá atrás dele...".
Yusuke saiu do quarto em direção da porta, já era noite. A campainha só tocara uma vez, e do tempo que demorara, pensou que se irritaria ao ouvi-la novamente, o que não aconteceu.
"Já vai Kurama!" – ao abrir a porta deu de cara com o próprio.
"Como sabia que era eu?".
"Você é o único que tem a paciência de esperar" – com um gesto o chamou "Entra aí".
Ambos se sentaram no tapete, a brisa entrava pela janela, refrescando aquela abafada noite.
"Do que quer falar?".
"Eu soube Yusuke, que você vai ir para o Makai amanhã" – sua estratégia era conversar sobre qualquer coisa antes de ir ao assunto, assim ele não desconfiaria.
"Pois é, Koema não quis me contar do torneio, lembra, mas eu descobri e vou lá participar!" – já começou a se irritar só de lembrar.
"Falando no Koema, hoje eu vi ele lá no templo da mestra..." – pronunciou com ar desapercebido.
"Ele tava lá? Faz tempo que eu não o vejo..." – suspirou.
Realmente, pensou Kurama, depois do incidente do quarto, Yusuke não voltou a encarar o baixinho, e isso já fazia um bom tempo.
"Ainda está se sentindo traído Yusuke?".
"Mais é claro! Koema deveria ser o primeiro a me contar...".
Kurama sorriu, estava dando certo, chegaria aonde planejara.
"Talvez ele se preocupa com você".
"Ele sabe que eu não perderia uma luta por nada".
"Já sei" – animou Kurama. "Chamaremos o Hiei, Kuwabara e Koema para uma reunião. Hiei e eu também iremos ao torneio, o Kuwabara ficará sabendo e você terá a chance de conversar com Koema".
"Tem razão!" – Yusuke se levantou. "Agora eu quero ver a cara
do Koema quando souber".
Tempos depois, Hiei entrou pela janela do apartamento de Yusuke, Kuwabara já estava sentado no sofá junto de Kurama. Com um gesto, o ruivo mostrou o lugar que guardara a seu lado. Sem cerimônia, o demônio sentou-se.
Yusuke olhou para todos os presentes, só faltava Koema.
"Hiei, você avisou o baixinho?".
"Claro!" – resmungou.
"Só falta-o dar o calote".
"Do que se tá falando Yusuke?".
Ao reparar, Koema estava logo a seu lado. Disfarçando o susto, Yusuke pôs a mão na cintura respirando fundo.
"Chamei todos vocês para dizer que, Hiei, Kurama e eu, iremos amanhã para o Makai participar do torneio".
"O quê!!??" – gritaram os três convidados.
Antes que Hiei protestasse, afinal, não estava sabendo de nada, Kurama beliscou-lhe o traseiro, fazendo com que se retorcesse no sofá. Fitou a raposa na maior irritação, mas logo ela sumiu ao ser fitado pelos lindos olhos verdes e com um sorriso encantador.
"Você não toma jeito mesmo" – lamentou Kuwabara após sair do susto. "Depois eu quero saber de tudo que rolou lá, ouviu!?".
"Fica tranqüilo Kuwabara" – garantiu Yusuke animado.
Koema não pronunciou uma palavra, ficou o tempo todo num canto, olhando Yusuke conversar. Kurama então se levantou quebrando um pouco a conversa.
"Sinto muito mas preciso ir Yusuke, tenho algumas coisas para fazer".
"Valeu Kurama! A gente se vê amanhã" – sorriu Yusuke.
"Ah! Eu tinha me esquecido, preciso estudar amanhã bem cedo. Também estou indo" – despediu Kuwabara.
Hiei já havia sumido, seguiu sua raposa abordando-o no parque em que passava.
"O que está tramando?".
"Só estava ajudando os dois a se entenderem" – sorriu Kurama.
No apartamento só havia ficado Yusuke e Koema, ambos evitavam a se encararem. Ficaram um longo tempo assim, até que Koema resolveu falar.
"Desculpa Yusuke...".
O detetive arregalou os olhos confuso, esperava que Koema dissesse qualquer coisa, menos isso.
"Desculpa?".
"Por não Ter te contado..." – virou o rosto para o lado, tentando esconder o embaraço. "Acho que me preocupo muito".
Silêncio novamente.
Yusuke olhou para o amigo, mas logo se arrependeu. Koema estava com uma camisa branca semi-aberta, mostrando parte do tórax, usava calça preta para contrastar com a camisa, e os cabelos balançavam levemente com a brisa.
"Eu vi... Eu vi você dormindo, o outro dia" – Koema o olhou ainda mais confuso. "Invadi a sua privacidade...".
"Você me viu dormindo no meu quarto?" – tentou entender.
"Eu fui tomar satisfação por você Ter escondido sobre o torneio" – mantinha a cabeça levemente abaixada e a voz em tom quase inaudível. "Quando dei por mim, acabei no seu quarto, olhando você dormir...".
"Yusuke..." – chamou suavemente.
O jovem hesitou antes de olhá-lo, sentia-se tão estranho que não sabia o motivo desse nervosismo. Estava apenas falando com Koema, como sempre falaram antes. Seus olhos pousaram na face serena do rapaz, só então se deu conta que ele estava tão próximo que até sentia sua respiração roçar seu rosto.
"Promete que vai vencer?".
"E acha que vou perder?" – sorriu Yusuke tentando recobrar a razão.
Mas durou pouco, ao ver o lábio do amigo se abrirem num sorriso maravilhoso, já lhe tomava um beijo doce e saboroso, envolvendo a cintura macia num abraço firme e possessivo. Koema retribuía o beijo intensamente, o que alegrou o entusiasmo de Yusuke.
"Fica essa noite Koema..." – murmurou entre os lábios amante.
"Eu não posso Yusuke" – tentou resistir. "Ainda estou proibido de percorrer o Ningenkai, só vim porque me chamou...".
A mão de Yusuke posou ao peito do outro deslizando para dentro da camisa, acariciando carinhosamente.
"É mais macio do que eu pensava..." – confessou num sorriso malicioso.
"Yusuke..." – tentou dizer, mas foi logo interrompido por um outro beijo.
"Posso?" – perguntou o detetive já desabotoando a camisa para ver melhor o corpo sensível.
Koema quis dizer algo mas não conseguiu, sentiu Yusuke tocar com os lábios pelo seu corpo, beijando cada parte. Como gostava daquilo... Jamais permitiria que qualquer outra pessoa ralasse em seu corpo, mas para ele, entregaria a alma se o quisesse. Tentou afastar-se do jovem de cabelos negros, não podia permanecer ali por muito tempo, mas queria usufruir só mais um pouquinho daquela sensação maravilhosa, depois iria embora, pensou.
Minutos depois já estavam completamente nus, prestes a ser penetrado,
seu corpo estendido sobre o tapete e o corpo amante posicionado, agarrado
ao seu quadril, dando-lhe mais tensão... O coração
desesperado parecia que iria explodir de êxtase quando foi invadido,
sentindo o rapaz dentro de si, cada vez mais fundo, tocando-lhe toda a
intimidade, arrancando sua virgindade num vai e vem delicioso, intenso,
que durou a madrugada, em meio a beijos e carícias apaixonadas...
"Lerdo!" – resmungou pela décima vez.
"Calma Hiei, a noite dele deve ter sido muito cansativa" – sorriu Kurama apertando o demônio nos braços para acalma-lo. "Espero que ele não venha...".
No apartamento de Yusuke, Koema abriu os olhos e fitou carinhosamente o rapaz moreno que dormia a seu lado na cama. Lembrou-se da noite maravilhosa que tiveram e estava feliz por acordar ao lado de quem tanto gostava. Não demorou a acariciar os cabelos do amante, dando leves beijos em sua face, pedira tanto para fazerem amor mais uma vez, e Yusuke concordou prontamente em atender seu pedido. Por isso se esgotaram e adormeceram a manhã inteira.
Yusuke abriu os olhos, ainda dominado pelo cansaço e pela sensação que passara, sorriu ao ser recebido por um beijo gostoso de Koema, não quis levantar, apenas abraçou o corpo quente e ainda nu junto ao seu, para continuar sentindo o prazer de tê-lo nos braços se entregando cegamente, totalmente... Mas abriu os olhos novamente lembrando do compromisso que tinha, segurou o rosto de Koema o fazendo fitá-lo.
"Que horas são?".
"Não sei, mas o sol já está alto".
"Perdi a hora!" – exclamou, mas fitou o outro numa desconfiança pouco camuflada. "Você fez isso de propósito...".
"Não sei do que você está falando".
Koema foi levantar para ir embora, pois certamente fizera aquilo por puro prazer e para atrasar Yusuke, solução de seus dois problemas de uma única vez, queria tanto que Yusuke o amasse, e ao mesmo tempo não queria que ele se arriscasse indo lutar no Makai. Sendo melhor escapar dali e das reclamações nervosas do amante agora mesmo, mas foi impedido de pronto por uma mão firme em seu pulso e por olhos faiscantes. Estremeceu, sabendo que o detetive não era mais um ningen, e sim um youkai guerreiro da Tribo do Mal.
"Ainda não me respondeu Koema..." – a voz firme soou sem paciência.
"E-eu...".
Um grito de susto escapou dos lábios do jovem ao ser puxado e deitado na cama sem um pingo de delicadeza, mas nada disse, fitava os olhos muito brilhantes de Yusuke. Este deitou sobre seu corpo e o atacou sem piedade enchendo seu corpo de beijos, chupões e mordidas moderadas.
"Agora vai ter de me satisfazer com muito prazer e gemidos em meus ouvidos...".
Koema ficou estático, não sabia como reagir, se adorava
ou se temia.
No Makai, Hiei não quis mais esperar, segurou o braço de Kurama e o puxou para um outro lugar, precisavam passar um tempo juntos. Andou por alguns minutos procurando o melhor lugar, e depararam com uma floresta de bambuzais, que balançava com o vento forte que fazia. Hiei foi sair dali, mas Kurama ficou imóvel olhando assustado dentre as altas ramagens, parecia estar em choque, seus olhos num verde lacrimejante brilhava intenso uma dor que transparecia claramente.
"Kurama... O que aconteceu?" – perguntou já preocupado o demônio de fogo.
Não houve resposta, o ruivo simplesmente largou sua mão e dirigiu-se para dentro daquela floresta milenar, passo a passo, como guiado por uma força estranha que o puxava para o fundo. O pequeno youkai tentou segui-lo, o chamava tentando tira-lo desse transe, mas ao se aproximar dos finos troncos, quase foi atingido por lanças de bambu, não teve outra alternativa a não ser saltar para trás, enquanto via desesperado sua raposa desaparecer.
Hiei segurou a espada que trazia guardada sob o casaco preto e avançou com sua velocidade para retalhar as inúmeras lanças que tentavam o atingir, mas teve que recuar novamente, pois eram muitas contra sua arma, agora ineficaz.
"Droga!" – resmungou sentindo seu corpo retesar num nervosismo crescente.
Tentou mais uma vez, mas foi atingido e lançado contra o chão, era impossível atravessar a barreira de armadilhas e alcançar Kurama, não tinha noção de onde ele estava, e muito menos se estava bem, mas o que mais lhe intrigava, era de o ruivo ter passado para dentro e ele não. Algo parecia tentar segura-lo ali fora e tragar seu amante.
"Kurama... Vou traze-lo de volta..." – seus olhos brilharam como rubis em chamas. "KURAMAA!!!".
O clamor do Koorime vagou por todo o lugar e correu entre a floresta. O jovem de cabelos vermelhos parou subitamente ao ouvir, mas seu corpo parecia querer continuar o caminho até o meio oculto, e seu intimo fervilhava uma sensação de tristeza e desespero. Sabia exatamente o que iria encontrar, e tinha a certeza de que iria sofrer muito com o que veria, mas precisava visitar pela primeira vez, depois de tantos séculos, o túmulo de seu querido amigo, como a muito havia prometido...
Um outro chamado de seu Koorime se fez ouvir, lhe trazendo mais incerteza se continuava ou se retornava, mas precisava descansar naquele triste lugar, uma rama de flores em respeito ao seu único parceiro de sua vida de Youko, e pedir desculpas pelo juramento rompido...
"Não posso Hiei, preciso me livrar dessa agonia, só assim poderei esquecer no fundo de minha alma de Kurama Youko, todo um passado que marcou meu coração...".
As dores em seu peito começaram mais forte, quase o deixando sem ar, mesmo assim prosseguiu em seu objetivo, abrindo caminho empurrando os bambus até chegar num enorme aglomerado de estacas velhas e algumas tiras de tecido negro enroscado nas pontas. Não resistindo, os olhos de Kurama encheram de lágrimas e seu coração parecia falhar tamanha a dor que sentia, os soluços começavam a sacudir seu corpo de ningen. Suas pernas vacilaram e sem forças caiu de joelhos apoiando ambas as mãos no solo úmido, começou a chorar baixinho. Abriu os olhos e viu que a terra a qual apoiara, sendo um pouco mais escura que o resto, formando uma mancha em torno da antiga armadilha, provavelmente do sangue que banhara há muito tempo atrás, e a mata fechada fez preservar até hoje...
"Kuronue..." – balbuciou tristemente.
Continua...
DESCULPEM A TODOS QUE FICARAM AGUARDANDO ESSA CONTINUAÇÃO, MAS ACONTECERAM ALGUNS IMPREVISTOS E AO RETOMAR A HISTÓRIA, TIVE QUE MUDAR MUITAS COISAS PARA NÃO FICAR MUITO RUÍM, E COMO PODEM REPARAR, NÃO CONSEGUI O RESULTADO QUE QUERIA ALCANSAR. O PROXIMO TENTAREI NÃO DEMORAR MAIS. !_!