Quando acordo procuro por você na cama, e qual o meu espanto, ao notar que não estamos mais juntos. Procuro pelo seu corpo quente na escuridão.
Sussuro seu nome. Estendo a mão à sua procura. Aos poucos meus olhos se acostumam à escuridão. Varro com o olhar, esse lugar, que parece um cubículo, talvez uma cela fria e úmida. Além de estar separado de você, simplesmente não sei aonde estou, nem como vim parar aqui.
Não sei por quê, mas sinto medo, a escuridão parece aterrorizadora.
Chamo seu nome e só o silêncio me responde. O desespero me põe de pé, e tento achar uma saída. Como que por encanto, quando chego até o que parece ser uma porta, não estou mais naquela cela. Estou simplesmente andando, chamando por você, tentando sentir seu ki
O medo parece aumentar dentro de mim. Uma sensação de desespero e impotência. Nao importa o quanto eu ande, você não está em nenhum lugar. O cansaço diminui a força dos meus passos.
Meu temor aumenta, quando finalmente consigo te ver, mas quando estendo a mão, você some diante dos meus olhos. Escuto sons, risos que ferem meus ouvidos. Não consigo vê-los, apenas os ouço rindo, debochando do meu amor por você.
Aterrorizado, começo a correr, chamando, gritando, implorando por você. Não consigo te ver... não consigo me controlar e achar uma saída para esse labirinto.
Eu sei que você está aqui, e se esconde de mim. Não consigo entender por que isso. Simplesmente, um medo irracional se apossa de mim, ao notar que voltei para aquela cela e continuo só, sem você.
Tento colocar meus pensamentos em ordem. Tudo parece loucura.
Talvez algum inimigo tenha feito isso. Tento manter minha sanidade, mas a única coisa que consigo fazer é pensar em você. Pensar em como terei uma chance com você. Se você jamais saberá o quanto é valioso para mim.
Me encontro sentado na escuridão, à espera da luz que é você. Penso em você, em seu olhar.
Engraçado, ao pensar em você, involuntariamente, abandono a postura de defesa, e me entrego a pensamentos, aonde estou ao seu lado.
Aonde somos um só.
Pensando nisso, desejo fervorosamente que o tempo pare, que fiquemos juntos... que o nosso amor seja eterno...
Entregue a esses pensamentos, parece que adormeço e sou acordado por risos, e quando abro meus olhos, meus antigos inimigos estão na minha frente, se divertindo com a minha prisão. Um deles diz, em tom de vitória, que de você, só terei lembranças e sonhos. Que você nunca será meu de verdade.
Eu digo que eles mentem, que nunca conseguirão nos separar, mas eles riem mais alto. O som é ensurdecedor. Ficam repentindo sem parar: ''Ele nunca será seu.''
Tento não me entregar ao desespero, eu sei que você me ama. Um deles grita que você é minha maior fraqueza. Fico calado, não tenho como negar.
Como negar algo que está estampado em meu rosto e gravado em meu coração?
Tampo meus ouvidos, fecho meus olhos, tenho que
ser forte, não só por mim, mas por você. Como vou encará-lo,
se você souber como sou fraco, quando seu nome é envolvido.
Quando tudo fica silêncioso, outra vez,
abro os olhos, e noto que estou envolto pela escuridão. Começo
a pensar, se não vivi nas trevas até encontrar você.
Pode parecer piegas, ou até mesmo ridículo, mas não
consigo viver sem a sua presença.
Examino a cela, tentando lembrar como vim parar aqui. Por mais que eu force a memória para achar uma resposta, a única imagem que me vem é a sua. Passam minutos, horas, ou talvez dias. Pareço estar num lugar fora da realidade, distante do tempo e do espaço.
Por mais que eu resista, minhas pálpebras parecem pesar uma tonelada ... ah... me lembro agora, fizemos amor, e adormecemos. Um sorriso toma conta de mim, ao lembrar dos seus sussuros e gemidos.
Uma luz quase cegante me acorda. Olho ao redor,
e vejo que a porta da cela está aberta, como se me convidasse a
sair. Por um momento, parece que vejo sua silueta na luz; isso me alegra
e me
anima a seguir.
Vou andando, seguindo a luz, até uma porta. Olho para trás, e noto que andei muito, pois não consigo ver a cela aonde estava. Como que por mágica, a porta se abre sozinha, a curiosidade me impele a ir em frente.
Continuo andando, passando por outras portas, e em cada uma delas vejo um momento nosso. E isso alegra meu coração ao sentir que você guardou cada minuto nosso dentro de você assim.
Chego até o que ao meu ver se assemelha a um calabouço. Não sei por que, ou talvez até eu saiba, continuo seguindo. É algo mais forte do que meu raciocínio. É simplesmente emoção. Como se eu tivesse a certeza que você está lá.
Depois de atravessar portas, andar no que parece ser um labirinto, chego a uma escada.
Continuo em frente, sem medo do que parece estar
no fim disso tudo. Quando finalmente chego ao último degrau, há
uma outra porta, e agora sinto seu ki mais forte do que nunca, como se
no caminho inteiro você estivesse mandando sinais para que eu pudesse
te encontrar.
.
Engraçado... minha mão treme ao
tocar na maçaneta. Será que finalmente vou lhe encontrar?
O seu verdadeiro eu...
Mesmo com tantas perguntas, e com medo; empurro a porta e entro. Está escuro, mas eu sei que você está aqui. Dou alguns passos incertos na sua direção.
Estanco quanto escuto sua voz; me perguntando se não tenho medo. Algo nela me faz sofrer. Não sei ao certo o quê. Talvez isso me dê coragem suficiente para seguir até você.
Vou andando na completa escuridão e sei que não é necessária qualquer luz para te encontrar. O seu amor por mim, mesmo contra a sua vontade, me guia até você.
Finalmente fico frente a frente com você. O tempo parece parar.
O lugar onde estamos parece irreal. De repente ficou iluminado, olho ao redor, e noto as chamas das velas. As chamas parecem brilhar, como num sonho.
Você está de pé, calado, apenas me olha. E eu me perco nesse olhar, tão triste e ao mesmo tempo tão amoroso. Fascinante... não consigo achar outra palavra para definir esse olhar. Na realidade, me faltam palavras para descrever minha emoção. Eu sei que estou diante de você. Sem mistérios, nem segredos.
A única coisa que consigo fazer é me perder em seu olhar. Sem acreditar que agora tenho certeza que consegui chegar até você de verdade. Estou tão fascinado, que fico imóvel com medo de me mover e ver que tudo é apenas um sonho.
Você me pergunta se estou certo disso, se quero viver esse sentimento. Fico parado sem saber como responder.
Você está à minha frente, esperando minha resposta. A única coisa que consigo fazer é sussurar seu nome, que parece música que há muito tempo ecoa em meu coração...
Você estende a mão, e noto que está trêmula, e sei que agora você está diante de mim. Despido de toda e qualquer restrição ao nosso amor.
Estendo minha mão e toco em você. A princípio um tímido roçar de dedos. Você simplesmente me olha, quando entrelaço meus dedos nos seus e beijo sua mão. Você dá um longo suspiro quando te puxo pros meus braços. Parece que seu corpo foi feito para se encaixar neles.
Quando sinto você finalmente em meus braços, sinto que estou prendendo a respiração. Solto-a lentamente e sussuro seu nome...
Hiei...
''Kurama, Kurama...acorde, me larga!''
Kurama é acordado desse sonho maravilhoso por uma voz bem irritada. O youko abre os olhos com um pouco de custo e vê que está praticamente sufocando seu pequeno amante.
''Hiei... eu .. me desculpe. Eu ... bem...''
''Que diabo de pesadelo foi esse, que você precisou quase me sufocar...Kurama...''
O koorime não entendeu o porque das lágrimas de sua raposa. O que ele pode pensar foi que o pesadelo deve ter sido horrível. A única coisa que ele podia fazer era tentar abraçá-lo.
Ao sentir os braços de Hiei ao redor do seu corpo, todos os momentos mágicos do sonho voltaram com força à sua mente. Sua vontade era ser amado pelo koorime até perder as forças e sentir a respiração dele em seu peito.
'' Hiei... me ame.. por favor ... me ame como nunca fez em sua vida...''
Antes que Hiei esboçasse alguma reação diante daquele pedido tão apaixonado e ao mesmo tempo tão doce, ele olhou nos olhos do youko, e viu tanto paixão, tanto amor que sentiu uma urgência no fundo do peito. Fosse qual fosse o sonho que deixara Kurama assim, não importava. Tudo o que importava naquele momento era atender imediatamente o pedido de sua raposa, por isso, ele apertou Kurama nos braços com uma força renovada, sentindo a excitação crescente em seu íntimo.
Na escuridão profunda do quarto, o silêncio não era mais opressor para Kurama, pois ele foi logo substituído pelos sons de paixão e desejo emitidos pelos dois amantes.
Hiei tratou de assegurar a Kurama com o ato de amor que ele não estava sozinho na escuridão... ele nunca mais estaria, enquanto sua chama interior ardesse, guiando os dois em direção ao futuro.
Se isso também era um sonho, Kurama pensou,
antes de adormecer, ele não queria acordar nunca mais...