Horegusuri
(O Elixir do amor)

 
Por Belchan


Foi um choque para Kurama, sair do banho e dar de cara com Hiei em seu quarto. Tudo bem que já tinha dias que o ruivo andava distraído, mas não sentir a aproximação do youkai, já beirava a imprudência.

Hiei parecia muito estranho, mais do que o normal. Agora que pensava nisso, Kurama já tinha notado que o youkai parecia estar incomodado com alguma coisa há alguns dias. Mas como ele não tinha lhe contado nada, achará melhor não insistir na questão.

Hiei estava quase que irreconhecível, seus olhos pareciam queimar mais que o normal.  O ruivo o saudou pela visita inesperada, tentando assim o deixar mais a vontade para lhe contar o que quer que fosse. Mas Hiei não respondeu ao cumprimento e postou-se no meio do quarto, olhando para o youko como se precisasse lhe falar algo.

Quando de repente, Hiei falou com muito esforço, que precisava lhe dizer algo muito importante, o coração de Kurama  deu um salto dentro do peito. O youkai estava com uma fisionomia tão séria. Será que seu sonho mais secreto finalmente se realizaria?!

Mas ao invés de alguma declaração, o que Kurama ouviu foi um gemido de dor, o youkai parecia ter perdido o controle sobre lá  o que estivesse sentido e levara as mãos à cabeça como se de repente ela fosse explodir.

Ver Hiei demonstrar sua dor tão abertamente serviu para  tirar o ruivo do estado de choque que ele parecia estar, desde que o vira parado no meio do seu quarto. Se aproximando, colocou as mãos nos ombros do youkai; que para seu espanto, suava e para piorar o quadro suava FRIO.

Aquilo foi a gota d’água.... sem ligar para prováveis protestos de Hiei (que para aumentar sua preocupação, não houve.... que dor era esta, que era capaz de desnorteá-lo assim...), o levou para sua cama e o deitou lá . Com muito cuidado e para não dizer muito carinho também, tirou-lhe as botas e o traje.

Após alguns minutos, Hiei pareceu ter o controle de novo sobre seu corpo e conseguiu falar num tom mais baixo que o normal, como se cada palavra fosse um esforço muito grande.

“Eu ... prec... preciso de alguma erva, qualquer coisa que.. faça.. essa maldita dor ir pro inferno” - Hiei falava num esforço duplo, primeiro pela dor inacreditável que aumentava de uma maneira enlouquecedora  e  segundo por demonstrar sua fraqueza diante de Kurama.

“Dor?! Como assim? Você foi  ferido? Aonde? - Kurama tentava verificar sem muito sucesso se Hiei tinha algum ferimento.

“Não, raposa estúpida... eu ... a dor é muito forte. Ela vem e pronto.” - Hiei tentava falar ignorando-a o máximo que podia.

“Como assim, vem e pronto?! Tem algum intervalo de tempo?”

“Há alguns dias... quando ela começou... eu... eu estava conseguindo suportar... só que agora é .... “ - Hiei parou de falar e agarrou um punhado do lençol com força, até os nós de seus dedos  ficarem praticamente brancos.

Kurama, sem conseguir raciocinar direito diante do sofrimento da pessoa que ele mais amava, cobriu a mão de Hiei com a sua, tentando de algum modo amenizar a sua dor. O ruivo podia  sentir o ki de Hiei sendo invadido pela dor, notava cada espasmo involuntário que o youkai sentia a cada punhalada mais forte. E o pior era não saber como ajuda-lo.

Demorou mais alguns instantes, para que Hiei tentasse voltar a falar. A dor parecia maior a cada minuto. Não importava o quanto ele tentasse contê-la, ela parecia rir de todos os seus esforços, e aumentava mais e mais. Sua vontade era sair correndo, gritar e bater a cabeça na parede para talvez assim ser abençoado pela inconsciência.
 

De repente, Hiei se levantou, a dor tendo chegado ao seu limite e num rompante se dirigiu à janela, assustando Kurama com sua impetuosidade. Kurama, num relance, pensando que o youkai  iria  sumir, o segurou pelo braço. Hiei, em seu desespero conseguiu se esquivar e andou em direção à parede. Aí, Kurama entendendo seu pensamento e o segurou fortemente de encontro ao peito.

“Me larga!!!!....Me larga... raposa... essa dor  desgraçada vai embora de uma maneira ou de outra! ME LARGA !!!!!!” - Hiei tentava se soltar dos braços do youko sem muito sucesso.

“Hiei, eu não vou te soltar, não adianta se debater desse jeito... Hiei?! HIEI?!?!” - para desespero de Kurama, de repente, o corpo de Hiei amoleceu em seus braços como se ele tivesse perdido os sentidos. O que, de fato acontecera. Nunca, em todos esses anos, ele vira Hiei desmaiar.

Kurama ergueu-o nos braços, e o colocou na cama. Não conseguia entender que dor louca era essa. Uma dor tão desesperadora que fizera Hiei desmaiar dessa forma. O problema era que Kurama não sabia quase nada sobre a fisiologia  dos demônios de fogo. Ele precisaria de tempo, para descobrir algo sobre essa dor que estava consumindo Hiei, e infelizmente tempo era o que ele não tinha.

Kurama não fazia  a menor idéia de quanto tempo, Hiei ficaria desacordado. E  ele tinha  certeza que se a dor continuasse desse jeito, ele não seria capaz de impedi-lo de fazer alguma loucura. Dessa vez o ruivo sabia que tivera sorte em detê-lo, mas no estado em que Hiei se encontrava, era bem capaz do youkai golpeá-lo para conseguir seu objetivo.

A única pessoa que poderia ajudá-lo, seria Genkai ou.... Yukina . Kurama não estava nem um pouco preocupado com uma possível reação do youkai ao saber que ele pedira ajuda a menina, depois ele pensaria nisso com mais calma. No momento, a coisa mais importante era a saúde de Hiei.

Sem ter como deixá-lo sozinho, no estado em que ele se encontrava era perigoso. A única saída era ligar para Kuwabara  e rezar para Inari que Yukina estivesse lá.

E parecia que Inari estava ao lado dessa vez. Depois de ouvir as bobagens que Kuwabara falara (não que Kuwabara o aborrecesse ou algo assim, sempre o achara um amigo bom e leal, mas...) foi com alívio que o ouviu falar que “sua doce e meiga Yukina” estava ali ao seu lado.

“Kuwabara-kun, poderia colocar Yukina-san na linha, onegaishimasu? “ - Kurama pediu, tentando manter a calma na voz.

Kuwabara meio que confuso com o pedido, a seu ver um tanto estranho, fez como ele pedira, e logo a voz suave de Yukina chegou-lhe aos ouvidos.

“Konnichiwa,  Kurama-kun.”

“Yukina-san... eu estou com um problema e preciso muita da sua ajuda.... Hiei apareceu aqui em casa, sentindo muitas dores e  eu não sei o que ele tem. Como você é uma curadora, talvez possa me ajudar a descobrir.”

“Hiei-san?!  O que aconteceu com ele?!”

“Ele se queixa de muita dor, creio que na cabeça e não consigo examiná-lo. A dor foi tão forte que ele desmaiou. Nesse exato momento estou com medo de deixá-lo sozinho, ele pode fazer alguma loucura, seria pedir demais você vir até aqui, Yukina-san ?”

“Claro que não, Kurama-kun, vou pedir para Kazuma me levar até aí!”

“Arigatô, Yukina-san.”  -com isso, os dois desligaram o telefone.

A única coisa que Kurama podia fazer era esperar Yukina chegar e rezar para que Hiei  não acordasse enquanto isso.

Kurama ajeitou Hiei na cama, tomando o máximo de cuidado para não acordá-lo. O youkai parecia meio que febril. Talvez compressas de água fria ajudassem um pouco...

Depois de uma espera angustiante de quinze minutos, que para o youko durou horas, Yukina e Kuwabara chegaram à sua casa. Kurama atendeu a porta aliviado pois Hiei ainda se encontrava inconsciente.

“Oi, Kurama. O que é que o baixinho tem ?” - mesmo sempre afirmando que não ligava para Hiei, Kuwabara parecia preocupado.

“Eu realmente não sei. Parece ser uma dor de cabeça muito forte.”

“Eu vou examiná-lo agora mesmo, Kurama-kun”- Yukina se dispôs e o ruivo os levou até seu quarto.

A doce menina se aproximou da cama com um olhar preocupado, enquanto Kuwabara se manteve afastado, um pouco desconcertado. Yukina fez um breve exame no corpo de Hiei e virou-se logo em seguida para Kurama.

“Você disse que ele sente dores de cabeça...”

“Hai, muito fortes e também está com febre.”

“Pelo que já vi até agora, Kurama, ele está com a dor da puberdade.”

“Dor da puberdade?!”

“Certas raças de youkais ao atingir a  idade adulta, são acometidos por essa forte dor. No caso de Hiei, as dores ainda devem ser mais fortes porque pelo que posso presumir essa fase está chegando atraso... Eu não sei ao certo a idade de Hiei, mas sei que ele já deveria ter passado  por isso há algum tempo.”

Kurama ouvia a explicação de Yukina com mais preocupação ainda. Hiei atingindo a puberdade?!O ruivo se lembrou da sua própria entrada nela. Se lembrava do seu desconforto, apesar de não ter sentindo muitas dores,se lembrava dos seus hormônios descontrolados. Para Hiei, um híbrido, metade koorime, metade demônio de fogo, a situação era muito pior.

“E o que podemos fazer, Yukina-san?! Ele está sofrendo demais...” - Kurama tentava manter a voz neutra, mas aa preocupação estava estampada na sua face.

Kuwabara assistia calado, imaginando como uma pessoa como Kurama podia estar envolvido com alguém como o baixinho, mas isso definitivamente não era da sua conta.

"Eu tenho algumas ervas que  aliviariam essas dores, mas infelizmente não as trouxe comigo, estão na casa de Kazuma. Temos que buscá-las lá e..."

Yukina não chegou a terminar a frase, pois nesse momento Hiei acordou, olhou em volta e se sentou na cama aturdido. Kurama se aproximou preocupado.

"Kurama... o que eles estão fazendo aqui?!"

"Hiei, você estava sentindo tanta dor, que eu não sabia o que fazer e acabei por chamá-los."

"Hn, eu não devia mesmo ter vindo aqui" - Hiei grunhiu rudemente, muito contrariado.

Kurama lançou um olhar ansioso para Yukina, mas esta retribuiu o olhar com outro que parecia dizer que ela entendia a atitude de Hiei e sabia que ele estava transtornado pela dor e normalmente não agiria assim com ela.

"Seu baixinho arrogante, a gente vem aqui para te ajudar e ..." - Kuwabara começou a dizer, mas Yukina o interrompeu erguendo a mão.

"Está  tudo bem, Kazuma... onegai... não brigue com ele."

Diante dos olhos tristes de Yukina fixos nele,Kuwabara limitou a deixar morrer seu comentário. Nisso, Hiei levou de repente as mãos à cabeça e emitiu um longo gemido de dor. Kurama correu até ele, mas antes que pudesse fazer algo, o youkai se levantou da cama num ímpeto e golpeou a cabeça na parede inúmeras vezes antes que Kuwabara e Kurama conseguissem segurá-lo.

"Hiei, onegaishimasu, acalme-se!!!" - pediu um Kurama visivelmente desesperado.

"Me largem ou eu vou matar vocês!" - Hiei vociferou, se debatendo furiosamente nos braços dos dois.

Sem ter outra alternativa, Kurama tirou rapidamente do cabelo a folha de uma erva e comprimiu-a contra o nariz de Hiei, que quase imediatamente caiu inconsciente. Aliviado, o ruivo o ergueu nos braços e o levou de volta para a cama.

"Não havia outro jeito." - Kurama se desculpou - "Esa erva vai fazê-lo ficar desacordado quase meia-hora.''

''Esse tempo é suficiente para eu ir buscar a erva... vamos Kazuma." - Yukina puxou Kuwabara pelo braço, pois ele ainda se encontrava meio atônito com o ato descontrolado de Hiei.

Yukina e Kuwabara saíram, enquanto Kurama observava a face contraída de Hiei, mesmo inconsciente. Kurama tinha relutado em usar a erva entorpecente, com medo de uma reação negativa, mas ver Hiei se ferindo daquele jeito, foi angustiante demais para ele.

O coração de Kurama ficou apertado. Ele sabia que Hiei não tivera tempo para relacionamentos, mas nunca imaginara que ele chegara ao ponto de suplantar todas essas emoções ao nível de retardar o desenvolvimento do próprio corpo. Agora conseguiu entender toda a dor que o seu amado estava sentindo...Seu amado... Kurama suspirou e sentou-se na beirada da cama, para observar melhor o rosto adormecido do youkai. Ele parecia ter se acalmado um pouco agora, observou.

O ruivo continuou velando o sono de Hiei, enquanto esperava Yukina voltar. Não havia mais nada a fazer, senão esperar.

Parecia que agora a sua vida tinha se resumido a longos períodos de espera... E ela era tão solitária e angustiante...

                                         *       *        *           *           *        *          *

Yukina estava na cozinha, terminando de fazer o chá. Agora era esperar Hiei acordar e convecê-lo a bebê-lo. Isso que parecia ser o maior problema.

Kurama sabia que o youkai acordaria tonto e irritado, principalmente com ele, que o adormecera com a planta. Fora para o seu próprio bem, mas isso Hiei não entenderia.

O youko se viu tirado dos seus pensamentos, ao ouvir os resmungos de Hiei, que estava acordando. Kurama, sem ligar para os seus protestos, o ajudou a sentar, arrumando so travesseiros.

Mesmo se esquivando dos empurrões fracos que o youkai lhe infringia. Seu coração doeu ao olhar para ele e ver a mágoa em seus olhos. Hiei se sentia traído, afinal deve ter sido muito difícil para ele vencer sua desconfiança e procurá-lo.

Yukina entregou a xícara fumegante para Kurama, que se aproximou mais de Hiei para tentar fazê-lo beber.

''Vamos, Hiei...só alguns goles... isso vai melhorar sua dor de cabeça. Onegai! Hiei...eu... aaih!!" - Kurama não teve tempo de terminar a frase. Hiei, num gesto repentino deu um tapa na xícara, fazendo-a voar longe.

"Vai pro inferno!! Confiei em você. Eu não vou tomar nada e ... uhuhg..." - Hiei teve outra crise de dor e se encolheu um pouco. A dor parecia sugar suas forças, e estava se tornando insuportável.

Kurama o segurou pelos ombros, o amparando e também com medo de outra reação violenta. Foi quando  para seu espanto Yukina se ajoelhou ao lado da cama com outra xícara e segurou a mão de Hiei.

"Hiei-san! Onegai... tome esse chá. vai ajudar. Vê-lo sofrer, me magoa muito. Eu lhe devo tanto... salvou-me daquele homem horrível... eu..." - Yukina não conseguiu terminar a frase, seus olhos estavam cheios de lágrimas.

A visão da tristeza de Yukina, foi o bastante para Hiei tirar a xícara das mãos da menina e tomar o chá num gole só.

"Hiei-san!!!! Eram.. goles..; não...'' - Yukina segurou a xícara enquanto Kurama amparou Hiei, que parecia perder os sentidos.

Yukina e Kurama ajeitaram o pequeno youkai na cama. Ele estava quase adormecido, com a face bem relaxada. A doce menina estava com uma expressão séria e vitoriosa na face. Seu argumento tinha válido a pena.

Os três saíram do quarto, para assim Hiei descansar sossegado. Yukina e Kuwabara aproveitaram para irem embora, mas antes a menina fez uma série de recomendações à Kurama.

"Kurama-kun, o deixe dormir o quanto ele quiser. Hiei-san tomou o chá todo, seriam alguns goles mas... bom.. ah... talvez ele tenha algumas reações diferentes da sua personalidades. Em hipótese nenhuma, o deixe sair. Hiei-san está frágil, tem que ser protegido'' - As últimas palavras são praticamente sussuradas no ouvido do ruivo. Parecia que Yukina não queria que Kuwabara as ouvisse.

Depois das despedidas e mais algumas recomendações da menina, Kurama se viu sozinho outra vez.

Apesar de tudo  o que Yukina dissera, Kurama se sentia mais aliviado, afinal Hiei tinha tomado o chá e logo estaria bem.

O ruivo entrou no quarto na ponta dos pés e foi até a cama, o youkai parecia bem relaxado e calmo. Talvez o chá já estivesse fazendo efeito e isso era um bom sinal.

Era muito duro ver seu youkai sofrendo. ''Seu''?! Kurama tinha que parar de sonhar. Hiei nunca seria seu de verdade. Era apenas em seus sonhos e em seu coração. E ele tinha que se contentar com isso.

Tentando afastar esses pensamentos, Kurama o cobriu, ajeitando os travesseiros.

O ruivo se sentou na cama com cuidado, não querendo perturbar o sono do pequeno youkai. Ver Hiei assim frágil, vulnerável era uma visão tão linda.

Seu rosto infantil estava sem aquela aparência fria. Estava tão doce. A vontade do youko era tomar aquele corpo pequeno nos braços e o embalar como uma criança.

Para Kurama, a dor de Hiei era como se fosse sua. Parecia que estavam arrancando um pedaço do seu coração. Mas suas súplicas para tomar o chá não tiveram sucesso. Hiei estava com raiva dele. Se sentindo traído. E o ruivo sabia que quando o youkai acordasse, ele sumiria durante um longo tempo, e Kurama amargaria essa solidão sem nenhuma notícia do seu amado.

Droga! Kurama não queria chorar. Mas era tão dificil, tão doloroso. Amava Hiei, sempre o amaria... mas amava sozinho, sem nenhuma esperança. Hiei nunca retribuíria esse  sentimento.

Kurama se virou, ficando de costas enterrou o rosto nas mãos, respirando fundo, tentando se controlar.

Foi quando sentiu Hiei se mover na cama, Kurama se recriminou por acordá-lo. Quando ia se virar para acalmá-lo, sentiu Hiei abraçá-lo e descansar a cabeça em suas costas.

"O que foi raposa?!'' - A voz rouca de Hiei estava suave, sem o tom de agressividade costumeiro.

''Hiei... eu ... você está bem?!'' - O ruivo não se virou, estava preso no abraço do youkai. Seu coração estava disparado. O que estaria acontecendo com Hiei?!

"Ah? Eu... se estou bem?.. acho que sim...Bem. Seu cheiro... é gostoso. Rosas... rosas do Makai. Eu gosto desse cheiro. - Hiei parecia não perceber como Kurama estava surpreso com suas atitudes.

"Hiei... o que está acontecendo?! Você está me abraçando...Hiei?!?!" - Kurama tentava conter as batidas do seu ccoração e manter a cabeça no lugar.

"Eu não sei... a única coisa que consigo pensar é que preciso abraçar você... sentir seu calor... sua pele e é tão bom.'' - As palavras de Hiei são murmuradas de encontro ao pescoço de Kurama, provocando arrepios ao longo de sua  espinha.

O ruivo com muito custo se soltou dos braços que envolviam seu corpo e se afastou da coisa à qual ele passara tanto tempo sonhando.

Kurama tinha certeza que Hiei não estava no seu estado normal. Não podia estar. E Kurama não podia se aproveitar do youkai. Ele não tinha esse direito.

O youko andou até a janela, respirando fundo, tentando se controlar e acalmar as batidas do seu sofrido coração.

''Hiei... eu não posso... tente me entender. É que... você...'' - Kurama tinha se virado de frente para Hiei mas se calou com que viu nos olhos dele.

''Impuro! É isso. Sou uma crainça maldita e impura.'' - As palavras são ditas num tom baixxo, sem ódio, apenas aquela dor que sempre estivera lá.- "Aquelas mulheres diziam isso o tempo todo. É.. elas tem razão,né?! Sempre tiveram... você realmente não pode... nunca olharia... é... um sonho... eu e você... eu não...''

''Nani? Mulheres??? Hiei, não é verdade... Eu te quero tanto, tanto.... mas não seria certo. Não seria justo nem com você nem comigo... Acredite em mim, onegai!!!''

''Você não me quer??!" - A face de Hiei estava tão pura e doce...e tão triste.

''Se eu quero você?! Hiei, por Inari, eu... eu te amo... mas me entenda, é justamente por te amar tanto que eu não posso te usar. Você não sabe o que está fazendo. Amanhã você acabaria me odiando e eu não saberia viver com isso.''

''Ah?! Eu ... eu odiar você?!... Não... eu ...a...eu...am...am.." - Hiei tentava completar a frase, mas n&atiilde;o conseguia. Era tão difícil falar nesse sentimento. Na verdade, o youkai não entendia muito bem o que estava acontecendo com ele. Mas isso não importava.

''Hiei, onegaishimasu... não fale mais nada... eu vou tomar conta de você. Como um amigo, como eu sei que você faria por mim.''

Com essas palavras, Kurama se afastou de Hiei e foi até o banheiro. O youko sabia que tinha que ser forte, Yukina tinha razão. Hiei estava frágil e ele não podia se aproveitar disso. O único problema é que Kurama estava indo contra seu próprio coração.

Quando o ruivo voltou ao quarto, Hiei tentava se levantar, chutando as cobertas.

''Hiei?! O que você está fazendo?''

''Sair. Ir embora...é. voltar ao Makai.... ah...é... sim. Patrulhamento.... isso.''

''Nani?! Patrulhamento?! Nessas condições?? Nem pensar, você vai direto para o banheiro. Preparei um banho quente.''

''Banho?! Quente?! Não!!...Patrulhamento!!!"

''Claro, Hiei. Depois do banho quente, patrulhamento, né?!'' - Kurama sabia que a melhor coisa no momentto, era não contrariá-lo. Depois ele daria um jeito para o youkai não sair.

Kurama o ajudou a levantar e o levou ao banheiro, indicou as toalhas, o sabonete e saiu, tomando o cuidado de deixar a porta entreaberta, apenas por precaução. O olhar do pequeno youkai estava tão distante.

O youko aproveitou para arrumar a cama, para Hiei se deitar outra vez. Se passaram quase dez minutos e Kurama não tinha ouvido nenhum som vindo do banheiro.

Estranho... Será que Hiei teria desmaiado de novo? Quando Kurama ia bater na porta de leve, se assustou com o som de objetos caindo, que escancarou a mesma, preocupado.

''Hiei??! O que aconteceu?! Você se machucou?!''

''Nani?!... Eu...caiu... é ... não sei.... caiu... tem cheiro bom.''

''Ah... são óleos de banho. Você quer um pouco?''

Hiei fez um muxoxo e olhou curioso, quando Kurama despejou um pouco do óleo na banheira e depois remexeu a água.

''Pronto, Hiei, agora é só en...'' - Kurama não conseguiu terminar a frase. A visão que tinha diante de si, era de tirar o folêgo e fazer esquecer as palavras.

Hiei tinha tirado toda a roupa, e olhava para Kurama, como se a sua nudez fosse a coisa mais natural do mundo.

''Kurama... Kurama? O que foi?!''

"Ah...?!'' - Kurama tentava de alguma maneira tirar os olhos do youkai, mas era quase impossível. O corpo do youkai era... perfeito, lindo. Nem nos seus melhores sonhos, podia imaginar como seu amado era maravilhoso.

Sem se aperceber da confusão de Kurama, Hiei entrou na banheira, e num gesto tipicamente infantil, bateu as mãos na água, espirrando-a para todos os lados, e acabando por molhar Kurama.

Um riso alegre e espontanêo se ouviu no banheiro. Hiei ria da sua própria brincadeira. Era um riso tão alegre, como se só agora o youkai se desse conta que também podia sorrir.

Aquele som quase trouxe lágrimas aos olhos do youko. Em todos esses anos que conhecia Hiei, Kurama percebeu que nunca o tinha visto feliz como estava agora.

Era como se ele tivesse de repente deixado de lado, todo o seu autocontrole e sua desconfiança. E era uma visão realmente maravilhosa.

''Hiei?! Para... não me molha... é para você tomar banho..Hiei!!!!'' - Os apelos de Kurama pareciam inuteis, Hiei parecia querer apenas se divertir com a água.

''Banho?? Ah... sim.'' - Hiei estendeu  o sabonete para Kurama com um pedido de ajuda no olhar.

O ruivo então pegou o sabonete com a mão trêmula. Ele sabia que iria se arrepender, mas não conseguia evitar seus movimentos. Suas pernas pareciam feitas de geléia, e quase não conseguia firmá-las e deu graças aos Deuses, quando se ajoelhou perto da banheira.

Enquanto ajudava Hiei no banho, Kurama repetia para si mesmo, que tinha que manter o controle. Que não podia se aproveitar do youkai. Que agora ele não era mais um youko sedento de prazer e que a pessoa que ele mais amava no mundo, precisava dele, apenas como um amigo.

Hiei permanecia quieto, desfrutando de toda aquela atenção. Para o youkai era bom ter alguém tomando conta dele. Alguém que não o maltrataria.

E esse alguém era Kurama. ..Era engraçado, como se de repente, para ele fosse bem mais fácil aceitar a atenção dele.

Na realidade, o youkai queria mais do que a atenção, ele queria que Kurama o amasse. Era como um sonho secreto e proibido. Como se só agora se apercebesse que queria o amigo de uma maneira mais íntima.

Kurama tirou Hiei da banheira e o envolveu numa toalha e o levou para o quarto. O youko se supreendia com seu próprio autocontrole.

Mas ele pensava somente em seu amado youkai. Apenas nele. Hiei precisava dele apenas como um  amigo. E por mais que essas palavras fizessem seu coração sangrar, Kurama as repetia mentalmente sem parar, para tentar se convencer.

Tentar impedir que suas emoções fossem mais fortes que a razão naqueles momentos em que o youkai não sabia o que estava fazendo.

Foi quando Hiei tomou uma atitude mais do que impensada. Se aproveitando que Kurama estava ajoelhado na sua frente, secando seus pés, o youkai tomou o rosto do ruivo nas mãos e o beijou.

A língua do youkai forçou passagem entre os lábios macios de Kurama e invadiu-lhe a boca, explorando quase num misto de inocência e luxúria.

Kurama, num último pensamento racional, ainda tentou se afastar, fugir daquele beijo, mas Hiei não permitiu, prendendo o youko com as pernas.

Eles se separaram ofegantes. Kurama com o coração disparado, tentava se controlar, enquanto Hiei o olhava com paixão e adoração.

"Não faz isso comigo. Onegai.... onegaishimasu. Hiei... não faz isso...'' - Kurama suplicava, porque sentia seu controle se esvair, enquanto Hiei distribuia suaves beijos em seu rosto.

''Você disse que me am... que gostava de mim.''

''Sim... eu te amo... mas você não sabe o que está fazendo comigo.''

''Você disse que me am.. amava. Então me ame. A única coisa que eu sei é que preciso de você. Preciso que você me ame.''

''Hiei... se eu começar, não vou conseguir parar. Eu te quero muito, mas não seria justo com você, e eu...''

''Não me mande embora. Não faça isso. Não faça comigo o que todos fizeram a minha vida inteira. Me ame... me ame, raposa.''

Kurama não resistiu a dor que viu nos olhos do seu amado e mandou o que restava do seu receio pro inferno e o beijou apaixonadamente.

Agora não havia volta ou tempo para pensamentos ou sentimentos inseguros. O momento agora era de confiança e entrega. Kurama não podia mais se negar ao pedido que lia nos olhos de Hiei.

''Eu vou te amar, itooshi. Como sempre faço em meus sonhos. Neles, você é só meu. Neles, eu posso te amar sem medo de te perder.''

O tom carinhoso e possessivo do youko fez algo dentro do youkai se mexer. Era um sentimento estranho sentir alguém possessivo assim. Mas era agradável e excitante.

As bocas se procuraram para mais um beijo envolvente, que seria o começo daquilo que ambos esperavam há muito tempo.

Kurama, com suavidade, começou a explorar o corpo do youkai com a ponta dos dedos, foi iniciando uma jornada para a descoberta dos pontos erógenos de Hiei, se guiando pelos suaves gemidos que ele soltava.

O youko começou a beijar suavemente o pescoço do youkai. Eram beijos lentos e doces. Kurama, queria envolve-lo com  muito carinho e paixão. Aquele momento teria que ser especial e único... de tão desejado que era.

Os beijos foram se tornando mais rápidos, quase como se fossem lambidas, como se provasse o gosto daquela pele quente.

Kurama ainda estava de joelhos entre as pernas de Hiei, que começava a arfar ofegante, já se entregando as carícias.

Com cuidado, o ruivo começou a beijar e mordiscar os mamilos do youkai, os deixando eretos e sensiveis. Alternando dor e prazer, começando a enlouquecer Hiei.

O youkai não entendia muito bem aquelas sensações. A única coisa que ele compreendia é que precisava que Kurama o amasse.

Com a ponta dos dedos, Kurama continuou beliscando e apertando os mamilos de Hiei, enquanto descia com a trilha de beijos e lambidas em direção à barriga do youkai, que se contorcia, gemendo cada vez mais alto.

O umbigo de Hiei foi atacado por lambidas e mordidas suaves e rápidas, aumentando o prazer, fazendo-o se remexer e agarrar Kurama pelos cabelos, praticamente enlouquecido de desejo.

''Kur... Kurama...eu ....''

''Calma, itooshi. Calma, isso é só o começo. Deixa eu te amar. Confie em mim.''

Kurama acariciou lentamente o rosto de Hiei, que concordou com um movimento de cabeça e relaxou. O ruivo, então o puxou para si, fazendo-o sentar em seu colo.

Os dois se abraçaram fortemente e se beijaram. Foram vários beijos lentos, envolventes. As línguas se tocavam, se acariciavam.

Parecia que o mundo ao redor deles não existia. Aquels beijos eram tão cheios de desejo e paixão, que aumentavam ainda mais o prazer entre eles.

Hiei tentava tocar o corpo de Kurama, puxando sua camisa, tentando abrir suas calças que ainda estavam úmidas.

O ruivo para satisfazê-lo, o colocou sentado de novo na cama e se levantou, tirando as calças. Se desnundando um pouco para o deleite do youkai, que olhava embevecido para seu corpo.

Foi aí que Hiei num gesto ousado beijou o sexo de Kurama, por cima da cueca, arrancando um gemido rouco do youko, que curvou um pouco o corpo, segurando o youkai pelos cabelos.

Hiei, por sua vez, continuava com beijos e suaves mordidas no membro que já se encontrava estimulado devido as carícias de antes.

Kurama se afastou de Hiei, e num movimento rápido se ajoelhou em frente à ele. O youko estava quase no seu limite, e se Hiei continuasse com aquelas carícias, ele acabaria gozando e no momento o prazer de Hiei era o mais importante.

O youko segurou o rosto do youkai e o beijou vorazmente. As línguas se procuravam com desejo e volúpia, enquanto Kurama acariciava os testículos de Hiei, apertando-os levemente, fazendo carícias enlouquecedoras.

O youkai se afastou ofegante, tentando respirar, mas Kurama, sem lhe dar tempo algum, começou a masturbá-lo num ritmo forte.

Hiei sem conseguir se controlar, soltou um grito rouco, arquejando o corpo, tentando se aproximar mais do youko, tentando obter mais daquele movimento enlouquecedor.

O ruivo puxou Hiei para seu colo de novo, sem parar de masturbá-lo no mesmo ritmo. O youkai gemia completamente sem controle a arquejou o corpo, quase deitando o torso na cama.

Kurama se aproveitando disso, voltou a mordiscar e sugar os mamilos do youkai, que se contorcia e gemia, arfando rapidamente. Suas mãos agarravam o lençol, já completamente entregue as carícias do amante.

Kurama sentia que Hiei estava muito perto do clímax, e sabendo disso, o puxou para mais perto e o beijou apaixonadamente.

O ruivo tinha que beijá-lo, sentir seus gemidos e murmúrios desconexos de encontro aos próprios lábios. Precisava senti-lo junto de si naquele momento.

Foi quando para seu espanto, o youkai cortou e beijo e num gesto firme, o agarrou pelos cabelos, forçando sua cabeça para baixo, deixando sua nuca à mostra. E o mordeu.

Kurama deu um grito de dor e assustado tentou se soltar, empurrar Hiei, mas este o mantinha preso firmemente, quase com violência pelos cabelos. O ruivo podia sentir os dentes furando, mordendo sua nuca com força, podia sentir o sangue escorrendo.

O youkai ejaculou em seu colo, relaxando o corpo e assim acabou por soltá-lo.

Kurama permanecia quieto, imóvel, sem mover a cabeça, pois a nuca doía terrivelmente. As lágrimas se avolumavam em seus olhos fechados. Ele não consegue entender o por que daquilo tudo.

Foi quando de repente, o youko sentiu Hiei colar os lábios no local machucado. O hálito quente parecia queimá-lo e a dor se tornou ainda maior.

Kurama tentou se soltar, se afastar de Hiei, mas o youkai voltou a segurá-lo com força, impedindo seus movimentos.

O ruivo tentava engolir o choro, sua vontade era fugir dali, sumir. A única coisa que passava pela sua cabeça era que Hiei o tinha ferido, mas por que?

Em meio à esses pensamentos, ele sentiu que Hiei o lambia no ferimento. Lambia suavemente, fazendo carícias com a língua, sugando o sangue docemente.

Aqueles carinhos suaves, começaram a acalmar Kurama, que aos poucos foi relaxando o corpo. O youkai continuou fazendo pequenos carinhos no ruivo, até senti-lo mais calmo e relaxado junto de si.

Hiei então tocou o rosto de Kurama com a ponta dos dedos, delicadamente, como se o reconhecessse, secando as lágrimas que escorriam dos seus olhos fechados... e acabou por beijá-lo.

Apaixonadamente. Loucamente. Docemente.

As línguas se tocavam com carinho, suavidade e paixão. Sem pressa alguma. Como se aquele momento fosse eterno, sem que a realidade os atrapalhassem.

Os dois amantes se entregaram aquele beijo que parecia mais íntimo do que qualquer coisa que ainda pudesse acontecer entre eles.

''Hiei, eu... por que... você...''

''Agora você é meu, raposa. Só meu.''

''Nani? O que você fez?!"

''Não importa a forma que você estiver. Você sempre será meu. Meu e de mais ninguém.''

''Itooshi.... eu ... eu sempre fui. Meu coração, minha alma e agora meu corpo são seus. Apenas seus, meu amor.''

Eles voltaram a se beijar longa e apaixonadamente. Ambos tinham aberto seus corações e se entregado um ao outro.

E, particularmente, aquela era a noite mais feliz da vida do youko. Hiei estava em seus braços, afirmando que era seu dono.

Kurama estava embalando o youkai nos braços, quando ouviu um leve e suave ronronar. Ele olhou para Hiei, que bocejou e se aconchegou ainda mais no seu colo. A face dele estava tão doce e calma. Parecia uma criança relaxada.

''Itooshi... está com sono?''

Hiei respondou com um muxoxo e voltou a bocejar

O ruivo, com um sorriso nos lábios, beijou levemente a ponta do nariz do youkai e o fez se levantar, apesar de todos os resmungos deste, e o colocou sentado na cama.

Ele vestiu Hiei com as calças de um pijama seu e o fez se deitar na cama. Mas quando Kurama tentou se levantar, o youkai o segurou pela manga da camisa, o impedindo de levantar.

''Itooshi... eu já venho. Onegai, Hiei, me solta.''

O pedido do ruivo é completamente ignorado. Hiei o puxou com mais força, praticamente o derrubando na cama ao seu lado. E para se assegurar que Kurama não saíria dali, o abraçou firmemente pela cintura.

Kurama se viu preso entre os braços do youkai. A situação seria maravilhosa se não fosse o tamanho da sua excitação. A tensão em seu corpo era bem grande, mas Hiei não parecia dar mostra que querer deixá-lo se levantar.

O ruivo tentou se controlar respirando fundo. Talvez fosse melhor esperar que o youkai pegasse no sono. Se ele tentasse sair, Hiei acabaria o prendendo com mais força.

Se passaram mais alguns minutos, quando o ruivo sentiu o aperto na sua cintura relaxar e a respiração de Hiei se tornar mais pausada.

Com muito cuidado, Kurama se virou ficando de costas para Hiei, que se remexeu um pouco e voltou a segurá-lo com mais força.

O ruivo se recriminou e voltou a ficar imóvel. Por Inari, a dor em seu baixo-ventre estava se tornando insuportável.

Sentir a respiração de Hiei em seu pescoço e o calor do corpo dele junto ao seu, praticamente estava deixando-o louco de desejo.

Apesar de sentir o youkai relaxar novamente, Kurama se forçou a ficar imóvel para não acordá-lo outra vez.

No auge da seu desespero, o ruivo tomou uma decisão drástica.

Para se impedir de soltar qualquer gemido que pudesse acordar o youkai, Kurama mordeu os próprios dedos da mão direita, enquanto começava a se masturbava com a outra apesar do mau jeito, tentando ficar o mais imóvel possível.

Mas quando se encontrava próximo do climax, sentiu a mão de Hiei por baixo da sua envolvendo seu pênis.

''Me ensina como fazer, raposa. Me ensina como te dar prazer.''

''Aahh...Hiei....Meu ...Hiei...''

O youkai entrelaçou os dedos na mão que Kurama tinha levado à boca, enquanto a outra seguia os movimentos de vai e vem cada vez mais rápidos, que o ruivo fazia.

O youko começou a gemer alto e se contorcer na cama, enquanto Hiei o masturbava num ritmo intenso e acariciava seu pescoço com a língua, o excitando ainda mais.

O climax trouxe um grito aos lábios de Kurama, enquanto seu corpo sofria os espasmos por causa de tamanho êxtase. Seu pênis entustemecido ejaculou nas mãos entrelaçadas, molhando a ambas com seu sêmen.

Hiei virou Kurama, o colocando de costas na cama, e se deitando por cima dele. Encaixando seu corpo no dele.

O ruivo beijou o youkai enquanto murmurava o quanto o amava. Eles se abraçaram fortemente entre carícias e beijos mais ardentes...

Parecia que aquela noite mágica estava apenas começando....

                                          *                 *                   *                          *
 

Kurama olhava distraidamente para a paisagem que se mostrava pela janela do trem. A viagem para o templo da mestra Genkai era longa e calma, ótima para colocar os pensamentos em ordem.

Só que os pensamentos de Kurama estavam completamente voltados para quase uma semana atrás. Mais precisamente para a noite em que Hiei o tinha procurado em seu quarto. Para a noite que eles tinham passado se amando.

Quando acordou sozinho na cama, chegou até a pensar que todo o que acontecera fora apenas um sonho. Um lindo sonho de amor... Mas o cansaço em seu corpo e a marca na nuca eram as provas que tudo acontecera realmente.

A marca... Kurama agora era obrigado a manter os cabelos sempre soltos, por mais calor que estivesse. Ele não teria como explicar isso à sua mãe ou aos outros. Ninguém entenderia ou aceitaria o que havia acontecido naquela noite.

O pequeno youkai tinha se transformado em seu único dono. Era como se todos os outros amantes que Kurama tivera no passado não significassem nada. Agora todos os seus atos e pensamentos eram para Hiei. Na realidade, toda a sua vida era para o youkai.

Só que Hiei tinha sumido. Kurama o esperava todas as noites em vão... O ruivo ficava acordando, no quarto vazio, à espera dele.

Mas acabava vencido pelo cansaço e dormia sozinho, abraçado com o pijama que ainda continha o cheiro do amado.

Kurama tinha esperança que Hiei fosse ao templo. Era um esperança louca, mas sempre que a mestra os reunia assim, ele geralmente aparecia.

E era essa esperança que acalentava seu coração solitário...
 

Mesmo no templo, o ar estava abafado, apesar da suave brisa que invadia o aposento.

Todos estavam lá, Yusuke, Keiko, Yukina, Shizuru e Kuwabara... ou melhor quase todos. Para a tristeza de Kurama, Hiei não aparecera.

Para o ruivo, foi preciso uma enorme força de vontade para esconder sua decepção.Ele tinha se iludido ao pensar que Hiei iria ao templo. As horas tinham passado e não havia o menor sinal do seu amado youkai de fogo.

Agora Kurama tinha que disfarçar sua tristeza com um sorriso nos lábios e a face tranquila, constrastando com a enorme dor que havia em seu coração.

Pelo menos, ninguém tinha perguntado sobre Hiei, ao menos isso não aumentaria ainda mais o seu sofrimento.

Balançando a cabeça para espantar aqueles pensamentos tão cheios de saudade, Kurama sorriu para Yukina, que estava ao seu lado, com aquela expressão sempre doce na face.

''Algum problema, Kurama-kun?!''

''Problema? Não... é apenas o calor. Nós, os youkos não gostamos muito desse calor.''

Kurama deu uma piscada brincalhona para a menina, sorrindo ,tentando fugir daqueles olhos que pareciam tanto com os de Hiei.

Ao pensar nele, o ruivo sentiu outra vez, aquele aperto no peito, que só podia ser traduzido como saudade e amor.

''Kurama-kun... eu queria... ah... é... falar com você em particular.'' - disse a doce menina timidamente torcendo as mãos.

O ruivo estranhou um pouco o pedido da menina, mas não se opôs .Na verdade, ele também queria falar com ela. Ele estava curioso à respeito daquele chá que Hiei havia tomado. E também... saber se ela tivera alguma notícia do youkai.

''MEU DEUS!!!!!!!!!KURAMAAA!!!!!!!!! O QUE FOI ISSO?!?!?! DEVE DOER MUITO!!!!!!! CHAMEMA MESTRA PELO AMOR DE DEUS!!!!!!!!!!!!''- Os gritos de Kuwabara quase estremeceram as paredes do templo.

Para o desespero e vergonha de Kurama, Kuwabara passou por trás dele, exatamente na hora em que ele tinha levantado o cabelo, deixando a nuca à mostra e consequentemente a marca.

''Kuwabara-kun, onegai... isso não é nada... eu não preciso de....eu...AAII!! me solta...Kuwabara!!!''

O rapaz ignorou as palavras de Kurama e estava com a mão na sua cabeça, praticamente o deixando imóvel e para piorar o quadro, mostrando a marca para todos na sala.

''Nossa!!! Deve ter doído muito.''

''Ó, Kurama, parece uma mordida...''

''Deixa eu ver direito...é ... estranho...''

''ME LARGUEM!!!!AGORA!!!''

Todos pularam para trás, ao ouvir o grito do ruivo. Era uma situação nova, afinal, Kurama sempre fora tão calmo e educado, nunca se exaltando, nem nos piores momentos.

A turma ficou espantada com a cena menos Shizuru, que fumava seu cigarro calmamente e Yukina que continuava ao lado dele.

''Eu estou bem.. Muito bem e não preciso de cuidados, nem da mestra, ouviram?! Não precisam se preocupar comigo,ok?! Ah... Yukina, você disse que queria falar comigo... então vamos dar uma volta pelos jardins?!''

''Claro, Kurama-kun.''

O casal se dirigiu para fora do templo, sob os olhares espantados de Yususke, Keiko e Kuwabara.

''Nossa, o que deu nele?''

''Sei la´, Kuwabara... vai ver que ele acordou com o pé esquerdo hoje.''

''Yusuke!! Todo mundo tem problemas, até Kurama-kun.''

''Seria melhor se vocês, o deixassem em paz. Kurama-kun tem coisas mais importantes para se preocupar do que com a curiosidade de vocês.'' - Com essas palavras, Shizuru encerrou calmmamente o assunto.

Enquanto isso, Kurama e Yukina passeavam pelos jardins do templo, quietos, sem falar nada um com o outro, desfrutando da beleza do lugar.

Kurama ajeitava os longos cabelos com os dedos, tentando penteá-los, ajeitá-los para tapar a nuca e também para dar tempo de se controlar.

Yukina por sua vez, se sentou no chão, observando uma pequenina flor muito bonita.

O youko seguiu o exemplo da doce menina, e se sentou ao lado dela, ensaiando um sorriso para
quebrar aquele clima meio tenso.

''Perdoe Kazuma. Ele não tinha a intenção de ofendê-lo ou envergonhá-lo. Onegai, Kurama-kun.''

''Daijougo, Yukina. Eu sei disso, ele apenas me pegou desprevinido. Apenas isso, eu juro que não há necessidades de você se preocupar.''

''Arigatô, Kurama-kun. Mas...eu... ah... eu não tinha notado essa marca. E... ela deve ser recente, né?!''

Kurama abaixou a cabeça, escondendo a face vermelha entre seus longos cabelos. Ele tinha que desviar desse assunto. Isso era um segredo entre ele e Hiei. Apenas deles.

''Hai... Ah... Yukina, eu queria mesmo lhe perguntar uma coisa. Qual era o nome daquela erva que você deu a Hiei? Estou curioso à respeito disso. O chá fez efeito quase instantâneo e...''

''Horegusuri.''

''Nani?!?''

''Horegusuri, o exilir do amor... Kurama-kun, algum problema? Você está bem?''

A menina ficou preocupada com a súbita palidez do amigo, que parecia estar em choque.

''Yukina... isso...é.. não... não pode ser... o exilir do amor... eu...''

O ruivo parecia mergulhado em desespero. Emoções conflitantes brigavam dentro dele. Confusão, choque, medo... um medo enorme de que tudo o que acontecera naquela noite tenha sido apenas uma ilusão. Apenas o fruto de uma poção do amor.

Kurama pareceu voltar a realidade, quando a doce menina segurou suas mãos frias e suadas entre as delas, acariciando-as de leve com muito carinho, como se o preparasse para alguma coisa.

''Kurama-kun, existem muitas lendas em torno dessa erva. A maioria delas são infundadas. Mentiras, ilusões. Esse exilir não faz ninguém se apaixonar loucamente. A única coisa que ele faz realmente é liberar o sentimento guardado no fundo do coração. As inibições, os medos, as inseguranças são esquecidas. Então... Kurama-kun... seja lá o que aconteceu naquela noite... não se preocupe... porque foi único e... verdadeiro.''

Yukina sorriu docemente para o amigo, que estava com os olhos cheios de lágrimas. Os dois se abraçaram e Kurama pode chorar no ombro da pequena amiga toda a sua saudade e sofrimento.

Eles ficaram ali, quietos. Yukina fez o amigo deitar a cabeça em seu colo, enquanto murmurava palavras de consolo e incentivo para o amigo.

Kurama sentiu que tinha encontrado uma forte aliada no seu intuito de conquistar Hiei e fazê-lo feliz.
Nada melhor do que ter a cunhada do seu lado.

Kurama depois daquela conversa, sentiu suas esperanças crescerem. Afinal Hiei o tinha marcado. Ele tinha fé, que isso não era uma coisa comum, que seria uma coisa especial.

O que aconteceu entre eles foi um momento mágico e eterno e agora Kurama acreditava nisso mais do que nunca.

Agora era esperar a noite chegar e rezar para que ela trouxesse Hiei para os seus braços...
 
 

Kurama voltou para sua casa e seguiu na sua vigília, como sempre fazia. A janela do seu quarto estava aberta, num pedido silencioso para que Hiei entrasse e aquecesse não só o aposento, mas seu coração com o seu calor.

O ruivo se deitou na cama, olhando para a janela, rezando à Inari por um milagre, por um pouco de piedade para seu coração cansado de tanta espera.

Para Kurama, foi como se ele tivesse piscado os olhos. Num momento, o quarto estava vazio e no outro a figura inconfundível do seu amado, preenchendo todo o aposento.

Hiei estava sentado no parapeito da janela, como sempre fazia, quando ia visitá-lo. Como se não tivesse acontecido nada, entre eles.

O ruivo com o coração repleto de saudade, amor e medo, se sentou na cama e tentou encontrar a voz para ao menos saudá-lo. Mas parecia que sua voz tinha sumido. Ele mal conseguiu formar uma
frase tamanho era o seu nervosismo.

''Eu pensei muito antes de vir aqui outra vez. Confesso que até pensei em nunca mais vir aqui.''

''Não!!... não... onegai... eu... Hiei.''

Kurama se levantou e andou até o youkai. Seu coração batia forte dentro do peito... ele não podia perdê-lo agora.

''Kurama... eu não me lembro muito bem do que aconteceu naquela noite. O que me vem mais forte na memória são as minha emoções. Elas são... foram bem definidas e também bem fortes.''

''Emoções?! Quais?!... Pode me contar se quiser, ito...ahr... quer dizer Hiei.''

"Dor.Ânsia. Alívio e... segurança. Acho que elas se referem a cada momento daquela noite. Talvez você possa me explicar, falar o que elas significaram.''

''Eu?! Talvez sim. Bom, a dor com certeza se referem as dores de cabeça, elas eram bem intensas, você até chegou a desmaiar numa das crises. A ânsia... ahr... bom... você... nós... bom eu acho que você entendeu. O alívio... é ...bom como nós ...antes então você, quer dizer... bom ficou aliviado. E a segurança... você dormiu nos meus braços. Estava... estava tão tranquilo e calmo.''

Kurama tinha o rosto vermelho e acabou por fugir do olhar intenso de Hiei, que continuava com a face impassível.

''Só isso?''

''Como assim ''só isso'' ?! Nós fizemos amor a noite inteira. Apaixonadamente, loucamente. Ficamos exaustos e... e...você me mordeu. Você esqueceu?!? Me responda, Hiei. Você esqueceu?!''

''Eu me lembro disso muito bem. Na realidade foi para isso que eu vim aqui. Eu... eu não queria ter te machucado, mas... mas algo mais forte do que eu. Era algo que eu não podia controlar. Era como se fosse um comando na minha mente ou coisa parecida. Mas com certeza vai sumir. Já deve ter até sumido, não é?''

''Não. Ficou uma marca diferente de tudo o que ja vi. Já virou parte de mim. Nunca vai sumir, entende, nem do meu corpo nem do meu coração.Você se lembra do que disse? Que não importava a forma que eu estivesse, eu sempre seria seu. Lembra disso?''

Hiei afirmou com a cabeça. ainda olhando para o youko sem nenhuma expressão na face.

''Será que tudo o que tivemos aqui nesse quarto não significou nada para você... Será que foi tão sem importância assim? Me responda, Hiei! Diga alguma coisa. Onegaishimasu..''

Kurama quase não podia segurar as lágrimas, seu coração doía muito. Será que toda a sua esperança tinha sido em vão?

''Eu não disse isso. Você não precisa chorar. Eu só... não quero te causar nenhum problema... Talvez seja até melhor esqucer tudo isso.''

"Esquecer? Você quer que eu esqueça algo que eu passei a ansiar desde o momento em que te conheci? Ótimo. Então me diga apenas como vou esquecer que amo você.''

''Você me am... am...''

''Sim, eu te amo tanto, Hiei. Meu amor por você é tão grande que eu aceito qualquer coisa que venha de você, até mesmo sua indiferença.''

"Esse am... esse sentimento é tão grande assim que basta para nós dois, raposa?''

Hiei tinha se aproximado de Kurama num piscar de olhos e acariciou o rosto do ruivo com a mão. Uma carícia suave e hesitante, mas como um bálsamo para o coração do youko.

Kurama aconchegou o rosto ainda mais na mão do youkai e olhou amorosamente para ele.

''Eu sei que posso te fazer feliz. Muito feliz. Posso fazer você sentir as emoções daquela noite sempre... sempre que você quiser. É só você deixar. Eu só te peço uma chance. Deixa eu te amar, Hiei... onegai... onegaishumasu.''

Kurama beijou suavemente a palma da mão de Hiei, que fechou os olhos, como se assim sentisse melhor a carícia.

''Eu te amo, Hiei. Confie em mim. Eu sei que é difícil para você... mas onegai... confie em mim. Eu só quero te fazer feliz.''

''Prometa... prometa que não importa o que aconteça... sempre... sempre vai me falar a verdade. E quando... quando acabar... apenas me diga e eu vou... ''

Kurama não deixou Hiei terminar a frase, o beijando suavemente.

''Eu prometo. Mas... eu não vou te deixar, entendeu?! Nunca. Eu quero ficar com você para sempre. Sempre... meu itooshi.''

Os dois amantes se beijaram novamente. Os beijos foram se tornando mais vorazes, mais apaixonados e cheios de desejo.

Eles foram se aproximando da cama, se despindo entre beijos e gemidos entrecortados. Logo, os dois estava nus entre os lençóis.

Os múrmurios e gemidos expressavam além do desejo, juras de amor eterno.

Era o começo de um relacionamento muito esperado e desejado pelos dois.

Para ambos era o início de uma nova vida. Cheia de promessas, esperanças, confiança e muito amor.
 
 

Fim



Por Belchan belchan@usa.net
Março de 2001