Segredos da noite



 
 

Por Belchan


 

Os dois homens andavam lado a lado na calçada. Seus passos eram calmos, sem pressa. Como na volta  de um passeio agradável.

A pressa de antes tinha sido abandonada, visto que não era mais necessária. O motivo para ela já tinha sido saciado.
 

Agora ambos estavam satisfeitos, cheios. Repletos do alimento vital para eles... o sangue.

Um sangue doce, quente, agradável e tão sedutor, quase como um néctar dos deuses.

Para quem os visse caminhando na rua, assim tão disciplemente, nunca adivinharia o que eles são na realidade...

Vampiros...

 Predadores...

Alguns diriam que eram amigos voltando talvez de um cinema ou de um jantar. Outros, talvez com mais malícia diria que eram bem mais do que amigos.

Mal sabem que talvez depois daquela noite, houvesse entre eles um segredo...

Um segredo de prazer, sangue e sedução.
 

                                                  *              *               *
 

David conduziu um soturno Armand de volta ao seu apartamento. Um lugar aconchegante e discreto. Distante da igreja onde Lestat estivera durante tanto tempo.

Armand estava silencioso e triste, desde que deixará suas crianças na companhia de Pandora. Para ele, estava sendo difícil aceitar aquela nova situação.

E David sabia que Armand tentava atacá-lo para esquecer suas próprias feridas.

E parecia que a sua conclusão estava certa, quando Armand olhou zombateiramente para a cama, coberta com uma colcha clássica perto da parede.

''Então... é aqui o seu esconderijo?''

''Armand... eu não entendi o termo esconderijo.''

''Ora, por favor. Aqueles aposentos na igreja, eram apenas para você se manter perto de Lestat. Isso aqui parece ser bem mais íntimo.''

Armand fez um gesto de desdém indicando tudo ao seu redor. David limitou a confirmar com um aceno de cabeça, sem no entanto responder a provocação do rapaz.

Armand voltou a reprimir a vontade de chorar que parecia acompanhá-lo como uma sombra desde que acordara. Sua dor parecia aumentar e de nada adiantou a caçada. Não o fez se sentir melhor.

E o pior era que David parecia saber exatamente o quanto ele estava ferido e confuso. E isso parecia aumentar ainda mais a sua dor.

''Você deve estar se sentindo deixado de lado, não é?''

''Acho  que esta noite em particular, você resolveu falar de coisas que eu não entendo, Armand.''

O rapaz bufou parecendo uma criança contrariada. Ele estava certo. David sabia dos seus sentimentos e parecia sentir pena dele. Isso sim, o incomodava ainda mais.''

''David, Lestat agora está aos cuidados de Louis.Somente de ''Louis'' e não sob os seus.''

David se recostou disciplemente na parede, olhou para Armand com a mesma calma de antes e voltou a concordar com a cabeça.

A atitude do vampiro que  parecia  estar armado de paciência serviu para enervar ainda mais Armand, que andou até a cama.
 

''Lestat já esteve aqui, é claro. Posso sentir o cheiro dele aqui.''

''Lestat já esteve aqui, sim. Nós conversamos bastante. Lestat é muito agradável quando quer. E... ele sabe que pode contar comigo, se é isso que você quer saber'‘.

''Ah.. é claro. Ele pode contar com você... sempre. É só gritar feito um desesperado que você vai correndo ao encontro dele. Mas a questão é... será que você pode contar com ele sempre?''

''Lestat me deu todas as armas suficientes para eu me defender sozinho. Inclusive de certos vampiros que insistem em ''tentar'' ferir os outros, para fugir dos seus próprios problemas.''

A insinuação mais do que clara soou como uma bofetada com classe para Armand. Ele já devia saber disso. David era assim, antes de qualquer coisa um gentleman.

Não importava a situação. Ele não entraria numa discussão se pudesse evitar.

Mas... Armand precisava ocupar sua mente com qualquer outra coisa para tentar esquecer aquela maldita dor que o consumia por dentro.

''Quando você vai admitir que Lestat não te ama. Por que a verdade, nós bem sabemos qual é. '‘.

''Então, talvez você queira me dizer. Por que acho que ela parece estar fora do meu alcance, Armand.''

''Se você prefere que eu diga com todas as letras, tudo bem, vou fazer a sua vontade. Lestat nunca vai amar você. Ele armou aquele circo idiota como cantor de rock, apenas para que Louis soubesse que ele voltou. Porque na realidade, ele voltou para Louis.''

''Eu concordo com você. Realmente Lestat adora Louis. E é correspondido plenamente. Apesar de nosso caro amigo negar esse sentimento, de uma forma uma tanto patética.''

''E você aceita isso? Aceita ser o segundo na vida de Lestat?''

''Meu caro Armand... eu já vivi muito. Praticamente uma existência humana inteira, antes de ''adquirir'' esse corpo. Confesso que esses sentimentos não me afetam da maneira que você está pensando.’’

''Bom... é bem uma atitude de um típico cavalheiro inglês. Na certa, até poderia ceder a sua cama para Lestat se agarrar com Louis, não é mesmo?’’

''Eu tenho certeza que Lestat tem dinheiro suficiente para pagar um motel, Armand.''

''Pare com isso!! Agora!!! Eu não admito que você me trate como uma criança mimada.''

''Então, pare de agir como tal, e será tratado de uma maneira que conduza com seu comportamento.''

A raiva aumentou em Armand, seu olhar faiscava de fúria. Ele não iria ser tratado daquele jeito, apesar de ter sido ele que começara com aquele assunto.

‘’Quem você pensa que é? Acha-se alguma coisa só por que  o sangue de Lestat corre nas suas veias?! Se você pensa assim está muito enganado!!!’’

‘’Descarregar sua raiva em mim, não vai acabar com seus problemas, Armand.’’

‘’Não fale do que você não sabe. Você não sabe de nada...nada!!!’’

‘’Armand, você me contou toda a sua vida. Falou sobre sua infância, seus pais, seu rapto e todo o seu sofrimento até Marius encontrar você e...’’

‘’Chega! Seu maldito infeliz! Eu não te dou o direito de fazer isso!!!’’

‘’Escutar o nome dele dói, não é?’’

‘’Eu já disse que chega! Não me provoque!!’’

‘’Armand, essa fúria toda só indica o tamanho da sua dor. Eu não estou aqui para provoca-lo ou faze-lo sofrer. Eu quero apenas ajudar.’’

‘’Não me faça rir dessas palavras patéticas. ‘Eu só quero apenas ajudar’ Tudo mentira!!! A única coisa que você quer é mais material para escrever outro livro. Apenas isso. Você sente prazer remexendo as nossas vidas, não é? Mas não vou permitir que você faça isso com Sybelli e Benjamin!’’

‘’Armand, pare... por favor.’’

‘’O que você quer? O posto de escriba? Que os outros ofereçam suas vidas para você se satisfazer? Ou será que você quer ser o mais poderoso? Aquele que sabe de tudo?’’

‘’Armand, se controle!’’

‘’Afinal você tem que ter alguma compensação... Se você não pode ter Lestat, quem sabe o posto de sabe-tudo seja o suficiente!!’’

‘’Armand, é  melhor você se controlar!’’

‘’Mas eu não admito que você machuque as minhas crianças!! Você me ouviu?!!’’

‘’Tenho a impressão que você está me confundindo com Marius, Armand.’’

‘’Seu... filho da puta!!!!’’

Armand voou para cima da David, atacando-o, tentando feri-lo, como ele estava. Como ele ousava machuca-lo ainda mais, lembrando-o daquilo.

Mas David além do sangue de Lestat em suas veias, tinha a inteligência e o autocontrole ao seu lado.

David, então desviou do ataque de Armand, e conseguiu segura-lo com força, impedindo seus golpes.

‘’Me larga, seu miserável desgraçado!!!!’’

Armand usava a força do seu desespero para tentar se soltar dos braços de David, que pareciam algemas de ferro.

Ele chutava e arranhava David de uma maneira insana, enquanto blasfemava e xingava-o na sua língua natal.

David se mantinha calmo, ante o ataque histérico de Armand. Ele sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. Fora um período muito penoso e difícil para o vampiro, culminando com a atitude leviana de Marius. Destruindo o pouco controle que ainda restava nele.

‘’Seu filho da puta miserável!!!!!!!!!!!LARGA-ME!!!!!!! Eu vou... vou acabar com você!!! Matar você!!!’’

David arrastou Armand até a cama e o jogou lá, deitando por cima dele, para impedir sua fuga.

Armand conseguiu soltar um dos braços e acertar alguns socos e arranhões em David. Tentando feri-lo, marca-lo... Qualquer coisa.

‘’Larga-me!!!Desgraçado!!! Miserável!!!INFELIZ!!!!!!’’

David parecia imune aos machucados em seu rosto. O sangue escorria lentamente dos arranhões que sofrera. Parecia que sua única preocupação era Armand. O desespero que o consumia completamente.

‘’EU TE ODEIO!!! Você me ouviu!?! Odeio você!!!ODEIO!!!!!!’’

Uma sombra de tristeza cobriu o rosto de David. Os gritos de  Armand começaram a se misturar com os soluços histéricos, parecendo que a dor que ele sentia só aumentava, parecendo sufoca-lo.

‘’Ele não tinha esse direito!!! Não tinha!! Eram crianças!!!Crianças! Eu... eu nunca faria isso com eles! Miserável!!!! MONSTRO!!!!!!!!!!!’’

‘’Shiii... Calma! Armand... calma!’’

‘’Monstro! Ele é um monstro! Eu... eu.. ele destruiu tudo!! Tudo!!!’’

Os soluços aumentaram de intensidade, enquanto fartas lágrimas de sangue escorriam pelo rosto de Armand, manchando aquela face tão meiga.

Os socos foram diminuindo até cessaram em meio aquele pranto desesperado.

David rolou na cama, trazendo Armand para junto de si. Consolando da única maneira possível. Com seu carinho e apoio. Oferecendo-o para as lágrimas do vampiro.

Tentando de alguma maneira diminuir aquela agonia tão grande.

Armand, a princípio tentou se afastar daquele peito tão acolhedor. Lutando contra si mesmo... Mas a batalha durou pouco.

A aura de aconchego e afeto que emanava de David envolveu-o completamente, e logo Armand estava chorando em seus braços incontrolavelmente.

David se limitou a acariciar os cabelos do jovem com suavidade, sem dizer nada. Compreendendo seu sofrimento, sem no entanto aumenta-lo. Ele sabia que no momento que Armand precisava desabafar toda a sua dor.

Os minutos foram passando, calmamente em contraste do choro desesperado de Armand. Mas depois de um longo tempo, os soluços foram diminuindo até cessar. E ficou apenas a respiração doída de Armand.

O vampiro se soltou dos braços de David, rolando na cama, se afastando do corpo sedutor do amigo.

David, sem dizer, se levantou da cama e se dirigiu ao banheiro e na volta, trouxe uma toalha úmida e com carinho enxugou o rosto de Armand, limpando os vestígios das lágrimas de sangue.

‘’Por que você está fazendo isso?’’

‘’O que?’’
‘’Fazendo isso, David... sendo gentil e carinhoso comigo.’’

‘’Porque eu quero, Armand. Apesar de você me odiar, eu quero te ajudar.’’

‘’Eu... não te odeio... Eu falei aquilo porque... na verdade, não sei porque disse aquilo... Eu não quero pensar.’’

‘’Quer caçar de novo?’’

‘’Não. Quero ficar aqui. Quieto... sumir.’’

David se levantou e tirou a camisa suja das lágrimas de Armand. E quando começou a passar a toalha em seu peito, viu que o rapaz o olhava fixamente.

‘’Algum problema, Armand?’’

‘’Sim... e isso não podia estar acontecendo.’’

‘’O que?’’

‘’Você está sujo e está tão lindo. E eu não sei porque estou dizendo essas coisas...’’

‘’Armand, você passou por muitas provações. Tantas quantas Lestat e...’’

‘’Lestat... Sempre Lestat. Todos falam nele, sobre suas maluquices. Estou farto disso. FARTO!!!’’

Armand se levantou num rompante, disposto a sair dali. Mas David se
adiantou a ele, se postando na sua frente.

‘’David, sai da minha frente. Não comece com isso de novo.’’

‘’Armand, por favor, descanse um pouco mais. Você precisa e..’’

‘’Você não sabe do que eu preciso. Além do mais, Sybelli e Benjamin... estou preocupado com eles.’’

‘’Eles estão seguros com Pandora, e você sabe disso.’’

‘’Mas eu não.’’

‘’Como assim?’’

‘’Não estou seguro aqui. Tenho que ir embora.’’

‘’Armand, nenhum vampiro seria louco de invadir esse lugar. Nem mesmo M...’’

Armand colocou os dedos sobre os lábios de David, impedindo-o de pronunciar aquele nome. Ele não queria ouvir mais nada sobre ‘ele’.

David beijou os dedos que tampavam sua boca. Passando a língua levemente pela palma da mão do vampiro, que fugiu do toque perturbador.

‘’Pare com isso. Não faça isso comigo.’’

‘’Fazer o que?’’

David tinha se aproximado mais de Armand e agora o segurava pela cintura. Colando seu corpo no dele.

Armand abafou uma exclamação ao sentir a dureza de David encostada em seu ventre. De repente, parecia que o corpo de David estava quente e em especial aquela parte que parecia queima-lo. Fazendo algo dentro de si revirar.

Algo que Armand pensava estar morto. Desde a partida de Daniel.

‘’Ainda não me respondeu, Armand. Será que esse ódio que você senti, é tão grande assim?’’

‘’Eu já disse que não te odeio. Mas será que eu vou ter... David!! Não faça isso!!!’’

O vampiro estava acariciando seu rosto delicadamente, levando os dedos aos seus lábios com um erotismo enlouquecedor.

Armand mordeu-lhe os dedos, lambendo o sangue. Provando aquele gosto tão exótico.

‘’Eu não vou te forçar a nada, Armand. É só falar, que eu me afasto de você.’’

‘’Não! Eu quero você.’’

Depois daquela afirmação, David beijou Armand, invadindo sua boca, Descobrindo cada recanto. Sorvendo cada gota de saliva.

Armand se entregou a David naquele beijo. Sempre existiu entre eles uma certa tensão sexual. Um desejo reprimido.

Mas agora, Armand o queria e mandava qualquer outro pensamento para o inferno.

Os dois caíram na cama, envolvidos num abraço sensual e prazeroso. Armand enlaçava a cintura de David com as pernas num aperto erótico e exigente.

Os gemidos e murmúrios eram sentidos na pele um do outro. Armand corria as mãos pelas costas de David, se excitando ainda mais com a textura e força contidas naquele vampiro.

David então segurou as mãos de Armand afastando-as do seu corpo. E com rapidez, começou a desabotoar a camisa dele. Expondo aquela pele macia aos seus olhos.

‘’Você ainda tem uma chance para desistir, Armand.’’

‘’Não.’’

‘’Não? Tem certeza?’’

‘’David, eu não sou muito bom nisso. Eu não quero pensar em nada, nem no amanhã. Eu só quero o agora e... com você.’’

Um sorriso sedutor se formou nos lábios de David, fazendo algo dentro dele se remexer mais uma vez.

Será que esse vampiro tinha consciência do poder que exercia sobre os outros? E não era graças ao sangue de Lestat. Esse poder de sedução era somente dele.

‘’Vamos deixar Lestat fora disso.’’
‘’Ele vai querer acabar comigo quando souber o que aconteceu aqui.’’

‘’Vou te proteger, não se preocupe.’’

‘’Não precisa me proteger, David... Apenas me amar.’’

Armand beijou David mais uma vez. As bocas se encontraram em meio aquela paixão arrebatadora. Uma paixão que desafiava limites e imperfeições.

As roupas que eram frágeis obstáculos àquela paixão, logo foram esquecidas no chão. Os  vampiros estavam completamente envolvidos naquele clima de sedução. O único pensamento em suas mentes era o desejo que os unia.

David percorria o corpo de Armand, com a língua e as mãos, descobrindo cada recanto, cada ponto de prazer.

Ele se acomodou entre as pernas de Armand, beijando seus mamilos, alternando lambidas e mordidas. Ora fortes, ora suaves.

Armand retribua arranhando as costas de David, deslizando suas mãos pelas nádegas firmes do parceiro.

David atacou com carinho o pescoço de Armand, deslizando a língua suavemente por ele, trazendo arrepios à pele do vampiro, que gemia baixinho o seu nome.

Tudo o mais fora esquecido. Era apenas o desejo antes reprimido que comandava aqueles dois seres.

David começou a distribuir beijos pelo tórax de Armand, descendo pelo umbigo, brincado com aquela suave depressão, arrancando pequeninos gritos do vampiro.

Enroscando os dedos nos pêlos do baixo-ventre, puxando-os levemente. Não tocando de propósito no sexo que se achava desperto, implorando por carícias.

Mas ele continuou com a doce tortura, mordiscando a virilha do vampiro que se contorcia de prazer.

Armand estava completamente entregue, saboreando cada caricia como se fosse a última da sua vida. Permitindo-se sentir aquele prazer.Prazer que mesmo com Daniel não conseguia se entregar completamente

David voltou a beija-lo com paixão, sorvendo os gemidos dele de encontro aos próprios lábios, com evidente prazer.

Mas David não deteve ali. Interrompendo o beijo sem ligar para o protesto de Armand e sem qualquer aviso, abocanhou o sexo do vampiro, sugando-o com volúpia.

Um grito escapou dos lábios de Armand, que não estava preparado para aquele gesto.

David afastou as pernas de Armand, mantendo-as abertas, impedindo a súbita tentativa de fuga do parceiro.

Ele continuou sugando-o alternando o ritmo. Terminando de enlouquecer Armand, que movia o corpo no mesmo movimento, tentando obter mais prazer.

Armand não tinha mais controle sobre o seu próprio corpo. David tinha conseguido transformar suas emoções. Sua raiva, sua tristeza em desejo... um desejo louco e intenso.

Armand gemia alto, demonstrando seu prazer, sem conseguir se conter. O clímax se aproximava forte e voraz.

David aumentou o ritmo, sabendo que o vampiro estava no seu limite. Sugando com avidez, acariciando os testículos, apertando-os levemente. Arrancando gritos de Armand, que rasgava o lençol numa tentativa inútil de se controlar, de tentar deter o êxtase que se aproximava numa onda arrebatadora.

Armand se viu perdido em meio ao orgasmo que atingiu seu corpo. Todos os seus músculos e veias gritavam de prazer, praticamente deixando-o sem forças. Largado na cama, tentando encontrar o caminho para voltar a realidade.

David começou a beija-lo suavemente. Eram beijos tão gentis que pareciam uma brisa suave que tocava seu corpo. Ele trilhou o caminho inverso ao que fizera antes, até chegar a sua boca e lhe roubar outro beijo.

Um beijo quente, ardente e apaixonado.

As línguas se tocavam lentamente, como numa lenta dança erótica. Sem pressa, sem tempo. Apenas se tocavam, se enroscavam com carinho. Para logo depois o beijo se tornar ainda mais profundo, mais verdadeiro.

Os amantes se entreolharam, sem mencionar palavras. Como se fosse um ritual sempre executado entre eles.

David se acomodou entre as pernas de Armand, procurando a posição melhor para possui-lo.

Armand ergueu as pernas, dobrando os joelhos, se expondo completamente aos olhos cheios de desejo do parceiro.

Um gemido rouco e baixo saiu dos lábios de David, quando num forte impulso, penetrou Armand, fazendo seu membro passar por aquele anel tão apertado.

Armand ofegou, ao sentir aquela penetração dolorida, mas ao mesmo tempo prazerosa.

Com estocadas lentas e ritmadas, David se introduziu por completo no amante, que respondia com gemidos cada movimento seu. Iniciando uma dança lenta em busca do alivio.

A mistura de dor e prazer no corpo de Armand, logo produziu seus efeitos. O vampiro estava outra vez ereto; como se não tivesse passado apenas alguns minutos, desde aquele orgasmo tão intenso. Ele começou a se masturbar para alcançar o clímax junto com David.

David. Seu amante... Essa constatação aumentou ainda mais o desejo em seu corpo. Ele era seu amante. O parceiro que agora possuía seu corpo e o lançava em meio aquelas emoções que ele julgava esquecidas... e mortas.

Armand olhou para o vampiro, que correspondeu ao seu olhar. Um olhar quente e cúmplice.

Eles continuaram se fitando, completamente centrado um no outro. Seus movimentos aumentaram de força e intensidade. Arrancando gemidos e pequenos gritos de seus lábios.

O orgasmo chegou como uma tormenta violenta e incontrolável. Como uma força da natureza a varrer tudo do seu caminho. Fazendo-os perder a noção da realidade.

Armand envolveu a cintura de David com as pernas, ao sentir o sêmen do parceiro dentro de si. Abraçando com força, enquanto ele mesmo gozava, molhando a barriga de ambos com o seu prazer.

Eles ficaram abraçados, quietos. Esgotados. Completamente saciados.

David rolou na cama, invertendo as posições. Trazendo Armand mais para junto de si.

Armand olhou para David e roçou o rosto no dele, fazendo um carinho suave. Os cabelos do vampiro, fizeram cócegas em David, que sorriu e segurou o rosto de Armand nas mãos e o beijou.

Novamente o beijo os uniu. Mantendo-os ainda inebriados de prazer.

Armand olhou para David e franziu as sobrancelhas, como se de repente se lembrasse de algo importante.

‘’Arrependido?’’

‘’Não... não é isso?’’

‘’Então o que é, Armand? Seria agradável saber o que passa na sua mente.’’

‘’Você poderia lê-la, se quisesse.’’

‘’Poderia, mas eu prefiro que você me conte.’’

‘’Todos vão contra nós. E... Lestat será o primeiro. Ele é muito ciumento em relação a você.’’

‘’Os outros eu até concordo, quanto a Lestat eu acho que não. Se Louis seguir o meu conselho, Lestat vai ficar ocupado durante um longo tempo.’’

 ‘’Conselho?’’

‘’Nada demais não se preocupe. Mas você tem receio de alguma reação de Daniel?’’

‘’Daniel? Não... nós nos separamos antes dele ir. Ele realmente ocupa muito pouco dos meus pensamentos.’’

‘’Então de Pandora e os outros?’’

‘’Obrigado por não mencionar o nome dele, mas também estou preocupado com minhas crianças.’’

‘’Eles ficaram felizes se você estiver, Armand. Você já devia saber disso. O problema é se você está feliz. Se eu consigo te fazer feliz.’’

Armand se perguntava o por que daquele medo. Com certeza, David não era como Marius e talvez nunca o seria. Por que não aproveitar essa felicidade que os deuses pareciam estar lhe oferecendo numa bandeja de ouro. Por que não?

‘’O que se passa nessa cabeça? Você ainda não me respondeu?’’

Armand se acomodou melhor sobre Armand, ficando cara a cara com ele.

‘’Estou livre... Livre como há muito tempo não me sinto. Mas eu não quero compartilhar isso com ninguém. Não quero ter que dividir você com alguém, nem mesmo com as minhas crianças.’’

‘’Seu pequeno egoísta! Você é um pequeno egoísta, Armand.’’

‘’Eu sei. Mas eu não quero ninguém aqui. Só eu e você.’’

‘’Que então seja feita a sua vontade, meu doce vampiro.’’

Os dois vampiros, agora amantes e cúmplices, voltaram a se beijar.

E entre beijos começaram a se amar novamente.

Agora eles eram cúmplices de  um raro segredo...

Um segredo de amor, entrega e confiança.
 

FIM


 Nota - O Vampiro Armand dessa fic é baaseado no personagem dos livros, conforme descriçao de Anne Rice e não no que foi mostrado no filme *Entrevista com o Vampiro*, interpretado por Antonio Banderas.

Os personagens dessa fic são propriedade de Anne Rice.



Por Belchan belchan@usa.net
Maio de 2001