Descobertas
 
Por Astásia
 
 

Prólogo - Tão Longe, Tão Perto


Procuro por toda parte, dentro deste velho armário, com alguma urgência, no meio de papeladas esquecidas e coisas que minha mãe guardou de recordação de quando eu era criança. Um inferno de poeira e documentos.

Oh, como está empoeirado!!

Penso em Hiei. Ele teria incendiado tudo isto só para economizar o tempo!!

E é justamente por ele que atravesso uma tonelada de tralha, mal equilibrado em cima de um banco, como quando fiz com que minha mãe se ferisse por acidente... Estou em busca de minhas fotografias de quando era criança. Cada vez mais quero que Hiei tome parte de minha vida, quero que ele conheça cada um de meus segredos, além dos que ele já desvendou; quero com loucura que ele saiba tudo de mim.

Ah, maldita vontade de espirrar!!!...

Já enxergo a lombada azul do álbum quando vejo uma caixa de papelão, do tamanho das de sapatos, escondida debaixo de meu velho bicho de pelúcia que me fêz companhia por bastante tempo - Por ironia, uma raposa, levemente acizentada, felpuda e sorridente - agora, já um tanto desbotado.

Seguro a caixa . Tanta energia... Algo se revira dentro de mim, um frio reconhecimento, uma dor incomum. Acredito que seja uma bobagem, mas a mesma coisa que me esfria os dedos me faz crer na verdade. Não é uma bobagem.

Escrito na tampa, há o nome de Minamino.

Me pergunto por que raios Hiei ainda não chegou. Não posso suportar tanta agonia sozinho!!! Será que ele esqueceu que finalmente vamos poder passar uma noite a vontade, sem ninguém para escutar a música da nossa paixão? Hiei, vou envenenar os seus sorvetes!!!...

Tentando não pensar no tamanho que meu medo atinge, olho mais uma vez para esta coisa. Escondida. Quase nunca mexo nas coisas de minha mãe, e achar esta caixa aqui, escondida, é uma descoberta que me atinge com uma pontada de decepção. E sem uma boa razão aparente. Escondida, sim.

De mim!

Intrigado, trago a caixa e meu álbum para a sala. Deixo-o de lado e chuto meus chinelos, até as meias me incomodam no brusco calor que invade a sala, agora.

De alguma forma, me irrita o medo que esta coisa me dá. Parece ser fogo o que está nas minhas mãos! Que medo é este, Kurama Youko? Mais de mil anos de chacina e querendo fugir por uma bobagem de ningens?!

Não.

Não é uma bobagem de ningen.

Não é um ningen qualquer.

É a minha mãe.
 
 
 

******
 
 
 
 

E isso faz meu medo aumentar, afinal, ela nunca escondeu nada de mim.

Não sei porque, sinto vontade de chorar.

Abro a caixa de uma vez, sobre meu colo. Ligo o abajur no meio da sala escura para iluminar o que há dentro. São fotos! De quem? Estão com as faces voltadas para baixo, no máximo, uma dúzia, e um volume debaixo delas. Meus dedos gelados abrem caminho e sinto uma forma familiar. Uma máquina de calcular. Estranho. No meio de toda a estranheza, meu coração dá saltos. Tanta energia, mas do que ao redor do simples papelão. Velhos instintos meio que despertam dentro de mim, com esta presença com que está impregnado o objeto.

E Hiei que não chega nunca!! Estou com medo. A última vez que experimentei algo desta espécie foi quando filhote, há mais de mil anos, no fundo de uma caverna do Makai. Medo do que o escuro das pedras escondia. E nunca mais depois disto, quando descobri que, fosse o que fosse, eu poderia matar facilmente. Mas isto...

Esta sensação eu não posso matar, pois é mais forte que o resto, e está dentro de mim, enroscada como linha na minha carne. Essa familiaridade faz parte deste corpo de Shuichi Minamino, mas me envolve, agora, também é minha.

Levanto as fotos, finalmente, e me assusto com o que vejo.

Sou eu?

Vejo meu rosto nas fotos. Sou eu? São fotos minhas?

Vejo meu mesmo sorriso nestas fotos. O mesmo cabelo vermelho, a mesma expressão ausente em grandes olhos tão verdes quanto os meus o são. Mas estou diferente, pareço, aqui, ainda mais velho do que sou hoje. De repente imagino se não será esta a forma que terei em alguns anos...Deus, que estou dizendo?

Este não sou eu!

Estes cabelos são tão vermelhos quanto os meus, mas são curtos...! Esta pessoa está sentada à uma mesa, cercado de papéis, e parece estar assustado com a câmera fotográfica, sorrindo assim. E isto na sua frente... É a máquina de calcular que estava dentro da caixa, debaixo de tudo isto!!

Arrepios.

Antes que eu tente controlar meu choro, ele desliza por meu rosto, incontrolável, ardente. Por que me sinto assim, vazio? O que há comigo? Ah, mamãe, por que escondeu isso de mim?

São as fotos do meu pai, que você sempre disse que não mais existiam.

Quantos anos ele deve ter aqui, nestas? A minha idade? Não, mais velho. Oh, Deus! Nesta outra, ele está na festa de formatura! Bacharel em Matemática!! Gostava de estudar, como eu gosto agora, mas a quem pertence este gosto, a este corpo de Shuichi Minamino ou a Kurama Youko?!

Um nó cego se faz dentro da minha cabeça, choro feito se estivesse louco. Descubro que meu mundo está desabando, que eu fui um ingrato, e que nunca havia pensado nesse homem de quem tenho o mesmo nome. tenho nojo do que fiz a ele, ignorando-o e quase sinto mais um coração bater perto do meu, mas estou só na casa escura feito breu, e não há ninguém aqui para secar minhas lágrimas...Foi o seu sangue que me fez assim? Não foi só minha dissimulação que me empurrou a gostos tão humanos? Até onde você, sua essência, respiram em mim? Este sangue em mim também é seu!

É de você que vem minha paixão por cálculo? Da mesma forma que a cor dos seus olhos? Este verde já era seu antes de ser meu. E o acidente os fechou para sempre!!

Deus do céu!! Eu nunca pude chorar por você!
 
 

*****
 
 

Distraído demais com a dor que me invade, não escuto nem vejo mais nada a minha frente. Tudo é vermelho. Tudo é horrível. Acho que é uma piada.

Tento parar, mas só penso que nunca pude conhecê-lo, ele morreu sem nunca me ver! Ele já me amava, quando minha mãe me esperava? Ou ele só poderia amar Shuichi? Ele amaria o Youko como filho?

Quando penso em tudo isto, o fato de minha mãe ter ocultado isto de mim me parece pouca coisa. Como fui ingrato com ele! Nunca visitei seu túmulo, nunca pensei nele, nunca sequer pensei em seu nome! E agora, eu o conheço...
 
 
 

*****
 
 

Sinto uma mão deslizar por meu ombro, trêmula, e a voz de Hiei me atinge como uma faca quente, acho que sinto preocupação nela, mas a dor me faz ter alucinações, às vezes, e acho que isto também é piada:

"Kitsune, o que há...?"

Só consigo chorar. Sua mão enfaixada toca meu rosto. Ele está detrás de mim, olhando por cima de meu ombro. Enxuga minhas lágrimas.

" É você, Kitsune? Por que seu cabelo está tão diferente aí? Não me lembro de você deste jeito...!" Sua voz está rouca, falando perto de meu ouvido, deve ter se cansado de me esperar no quarto e vindo ver quem soluçava tanto. Tenho vergonha das minhas lágrimas. Não quero que ele me veja assim e é o que digo.

Levanto, largando as fotos sobre a mesa de centro e tento, inarticuladamente dar-lhe uma justificativa para o que ele está vendo. Como Hiei vai entender? Ele cospe no que eu acredito!!! Ele nunca teve família, e eu também não, antes de encarnar neste corpo! Não posso esperar que ele entenda meu desespero!...

Não consigo falar coisa com coisa.

Ele dá a volta no sofá. Tão devagar que só sei que ele se movimenta pois vejo o tecido de sua capa esvoaçar, suave, quando se aproxima de mim. Ah, esse demônio com um único olhar me faz calar. Fico arquejando, e Hiei enxuga minhas outras lágrimas, e espalma as mãos nos lados de meu rosto. Sinto meu rosto ficar mais quente, corando.

Ele não diz nada. Penso em tudo o que já passei na vida, principalmente ao lado dele. E ainda o conheço tão pouco! Ele se coloca na ponta dos pés, mas ainda não fica da minha altura. Olho atentamente para cada linha desse rostinho de criança contrariada, como se fosse pela primeira vez. Ele tenta adivinhar o que estou pensando, conheço esta expressão. Ele não me pede para falar, e nem me beija , me força a encará-lo.

Seus olhos estão brilhando, Hiei. Vermelhos... como uma rosa.

"E-ele é... meu pai, Hiei..."

Hiei parece não se abalar com o que digo. Seu nariz arrebitado encosta no meu, seus olhos estão baixos, agora, percebo que ele se aproxima mais de mim, até que estejamos unidos em um estreito abraço, e me deixa chorar em seu ombro, e me embalando, quase acredito que ouço ele cantar, bem baixinho, para me consolar...
 
 
 

*****
 
 

Hiei me leva sem que eu perceba para o quarto, me puxando bem mais delicadamente do que está habituado a fazer. Tento ainda falar, mas ele só me beija, pulando para a beirada da cama, ficando maior que eu, finalmente. Enlaça os dedos nos meus, me mantendo perto de si, sem me deixar fugir, mordiscando meu lábio. Se eu não estivesse tão desesperado com toda essa dor que me sufoca, eu riria de ele estar tão diferente hoje, mas quero que ele me largue. Nem todo esse carinho me faz deixar de pensar.

Ele larga meus dedos e me segura pela nuca, levantando minha cabeça. Seu beijo se torna mais profundo. Ah, Hiei! Vai me enlouquecer! Me sufoca! Quanto mais se esses seus lábios não fossem pequenos e macios como os de uma criança!.. Tenho medo do arrepio que me parte ao meio, neste momento. Deixando a gentileza de lado, suas mãos sobem e agarram a gola da minha camisa, puxando-me para mais perto ainda, tanto que percebo o calor crescente de seu corpo junto ao meu. Começa a puxar o tecido para os lados, de leve, depois com o que julgo ser um breve ódio de eu ainda estar vestido, com força, mas lentamente, arrancando cada botão, um de cada vez. A cada vez que sinto que um botão vai pelos ares, um calafrio me sacode.

Hiei salta de cima da cama, agora enlaçado em meu pescoço, ainda me fazendo unido a ele por este beijo leve mas sedutor.

Não quer me deixar ficar sozinho. Acho que desconfia de que farei uma besteira, o que não era difícil de adivinhar que eu faria. Ainda não falou nada. Penso se ele compreende o que se passou comigo, naquela sala, o tamanho do que descobri...

Me solta e me faz sentar sobre a colcha, inclinando-se contra mim com uma desenvoltura que raras vezes ele teve e uma liberdade assustadora. Estranho como ele me pareceu tão mais seguro do que eu, apesar de estarmos juntos a tão pouco tempo, e de que sempre fosse eu a tomar a iniciativa. Esta criança aprendeu comigo, ora essa... Do que eu estou com medo? Quero esquecer, quem sabe, tudo aquilo foi um sonho, e eu desperto agora, no beijo de Hiei, que me aquece daquele grande vazio que descobri dentro de mim...
 
 
 

*****
 
 

Desperto algo mais tarde, não sei que horas são, mas sei que não é cedo. A noite está muito escura e ainda quente. Há uma tranqüilidade de morte ao redor. Sei que minha mãe só vai voltar de manhã, que vai passar a noite na casa de minha tia. Apesar de minha cabeça estar explodindo da dor de haver chorado tanto, tenho a crua certeza de que foi tudo um mal entendido, que foi um sonho, que realmente não haviam fotos de meu pai em parte alguma da casa. Quase me alegro, esquecido do mundo, estreitando mais meu abraço a um Hiei adormecido, unidos um ao outro por um fino suor. Acredito que nada aconteceu. Hiei se mexe no meio de seus sonhos e escuto meu nome no meio deles.

Estou com sede, e me afasto dele, deixando um travesseiro em meu lugar, para que não estranhe minha falta. Me enrolo num dos lençóis e desço para a cozinha pisando o mais leve que consigo, para a escada não ranger.

Chego na sala e lembro de que não foi um sonho, que minha dor é muito real e é irremediável. Vejo que Hiei também se levantou, antes de mim, e veio desligar o abajur e arrumar de novo as coisas na caixa. Sem querer e sem pensar, esta conclusão me arranca um sorriso. Não me permito ficar distraído com isso de novo, e corro de volta para o quarto, com sede mesmo, para acordar Hiei com um abraço cheio de medo.

Estou apavorado e não quero ficar sozinho. Não o deixo em paz até perto do dia amanhecer, aproveitando que Hiei está tão paciente comigo, esta noite, me cercando de carinhos que raramente tenho dele. E deixo que ele vá, tão silencioso quanto veio, só na hora que escutamos minha mãe virar a chave na porta da frente.
 
 
 

*****
 
 

Minha calma vai por terra quando noto o significado do olhar de Hiei, faiscando, enorme, quando me dá um último beijo, antes de sumir num redemoinho de vento que sacudiu as folhas secas espalhadas no chão do jardim. No meio daqueles grandes lagos escarlates, ele me dizia que tudo ia dar certo, mas eu não consegui acreditar.
 
 
 

*****
 
 

Visto uma roupa mais do que rápido, para ir falar com minha mãe, depois disso e depois de um banho para esfriar minha cabeça.

Desço as escadas cheio de ansiedade, com o coração aos saltos, e o que vejo seria realmente o suficiente para me enlouquecer, se eu não ficasse tão surpreso.

Minha mãe está sentada no sofá, ainda com sua bolsa no colo, com a caixa das fotos nas mãos. Parece perplexa, assustada, não sei, mas sei que nunca a vi desse jeito. Volta os olhos para mim quando me vê. Um rubor sobe por seu belo rosto e torna a olhar para a caixa.

"Você se parece muito com ele..." - Diz, sem olhar para mim - "...às vezes, tenho medo de olhar para você e achar que na verdade aquele carro nunca perdeu o freio e que o seu pai ainda vai voltar do trabalho."

"Mamãe..."

"Eu escondi de você para que não sentisse esse vazio que sei que está sentindo."

"Isso não alivia nada, mamãe. Por que não me mostrou?...Era um direito meu saber...!"

"Eu não queria fazer você chorar...!" - Sua voz está tão calma...

"Foi o fato de esconder isso de mim que me fêz chorar mais ainda!! Não confia em mim? Queria guardar isso só para você ? Ele é meu pai, mas nunca me deixou chorar por ele!! Eu só sei o nome dele por que também é o meu, mas nunca me deixou saber onde é o túmulo dele!!"

"Shuichi, eu não queria que você se sentisse ainda mais só!"

"Agora , sim, eu estou só, se nem em você eu posso confiar e ..."

Não termino de falar. Meu choro desaba novamente, mais dolorido que na noite anterior. Graças a Deus por isso, pois o que eu ia falar certamente não ia deixar nenhum de nós satisfeitos, e pelo contrário, nos machucaria demais, irremediavelmente, mas só fico parado, soluçando, em silêncio.

Ela vem e tenta me abraçar, tento fugir, mas me obriga a ficar, com um gesto cheio de força, segurando-me pelo braço, com uma determinação que nunca vi minha mãe ter. E seu abraço faz sumir toda aquela agonia que me inquietava, e eu entendo que talvez por todo aquele tempo ela tenha feito o melhor, escondendo as fotos e a caixa de mim. Sua voz chega até mim como um profundo alívio, minha certeza de que, com eu notara no olhar de Hiei, ele me dizendo que tudo ia terminar bem...

"Me perdoe, Shuichi."

"Esqueça, mamãe. Tudo o que eu queria era conhecê-lo...!"

"Agora, você o conhece..."

"Sim."
 
 
 

*****
 
 

Volto para meu quarto com um alívio de peso de, pelo menos, uma tonelada em minha consciência.

Agora, estou verdadeiramente cansado, exausto, e me atiro na cama de qualquer jeito, tranqüilo pelas cortinas estarem cerradas e uma agradável penumbra amarela invadir tudo e até o que julgo ser um sonho.

No meio da poeira que flutuava e que o sol fazia ficar dourada, tenho a séria impressão de ver a mim mesmo de pé ao lado da escrivaninha, olhando para meus cadernos abertos e as lições de casa todas prontas. De costas para a cama. Hiei tem razão de me chamar de raposa estúpida, até em sonhos eu só penso em estudar, reflito só comigo. Mas por um motivo qualquer, talvez eu esteja dizendo isso em alto, vejo que eu me viro, e finalmente noto que não é pouco nítido como são os sonhos, mas perfeitamente real, com cores vivas, tão perto...!

Noto que não sou eu. Mais uma vez a semelhança me engana. Esses cabelos curtos ainda assim são vermelhos, mas não são os meus. É o meu pai? Ele olha para mim e a sensação de sonho desaparece, e ele realmente parece estar tão perto, que como na noite anterior, sinto que há mais de um coração batendo no meu quarto. Este sonho me assusta. Tenho medo de vê-lo como se fosse ainda vivo. Que idiota eu sou! Ele é pai de Shuichi, não da raposa Youko! Quem sentiria-se orgulhoso de ter alguém como eu como filho, mesmo com todos os arrependimentos que tenho? Quem gostaria de ter uma coisa como eu dividindo seu sangue?

A mãe deste corpo em que encarnei somente me ama por não saber ainda quem sou eu de fato, senão, mesmo me conhecendo, quem me amaria como filho?

Ele parece sorrir, meio flutuando junto com a poeira no ar do quarto, um vento entra pela janela, no meu sonho e agita seu cabelo, e escuto uma voz suave dizer-me num suspiro:

"Eu."

 Sinto que é tudo bom demais para ser verdade, como geralmente sei que os sonhos são, enganadores. Ele está tão perto. Estico minha mão, para tentar tocar na dele, esticada também na minha direção, mas parece tão longe!...

"Eu sempre vou estar aqui...!" - Ele diz, ainda com aquele sorriso de quem tenho igual.

Quando termina de dizer isso, nossas mãos finalmente se tocam, e sinto que seus dedos são mornos e reais demais para um sonho comum, e salto da cama em sua direção, tentando entender o que está acontecendo. Ele está tão perto, penso!

Quando me sento na cama, noto que estive o tempo todo com os olhos bem abertos, que não foi um sonho, que ainda sinto o calor dos dedos dele na minha mão, que a poeira brilha no sol, e que abraço alguma coisa macia junto ao meu peito.

É a minha velha raposa de pelúcia, e ela me conforta, quando penso que ele me conhece, e mesmo assim me aceita, que está tão longe de mim...

E tão perto.
 
 
 
CONTINUA.....