Estavam a três semanas numa missão através das fronteiras, e a pouco mais de três dias, Maya e Shorin descobriram que sentiam mais do que amizade um pelo outro. Desde então, o demônio do fogo passava os dias lutando contra a legião de demônios que estavam tentando se rebelar contra as leis de Enki para invadir o mundo dos homens; e as noites eram insones por causa dos sussurros e gemidos que era obrigado a ouvir, recordando-o a cada instante, a falta que sentia de sua raposa.
Kurama... só em pensar no nome dele, sentia seu corpo todo doer... Três semanas longe do corpo que o enlouquecia de prazer, dos olhos que brilhavam cheios de amor cada vez que se encontravam, dos lábios doces e macios que alimentavam sua fome insaciável, das mãos que o acariciavam como se nunca houvesse amanhã, dos cabelos perfumados onde perdia-se em desvario nos momentos de paixão e repousava envolto em perfume de rosas depois do amor... Ele ansiava por sua raposa...
Mais uma vez, os gemidos vindo dos arbustos penetraram em seus ouvidos, mas não eram esses os sons que estavam em sua mente. Ouvia sim os suspiros e gemidos do seu amante... Bastava fechar os olhos para ver a imagem de sua raposa, entregue ao êxtase, com aquela expressão selvagem de prazer capaz de levá-lo ao clímax só em contemplá-lo, quando estava dentro dele, movimentando-se como se fossem um único ser, absolutos e completos...
Remexeu-se novamente no galho onde tentava repousar, em vão... Agora mais do que nunca, o corpo aceso de desejo, insatisfeito por não poder compartilhar a paixão com sua raposa... Inferno!... Precisava dormir. No dia seguinte estariam num território perigoso e precisaria de toda sua atenção para a batalha.
Tornou a fechar os olhos, e mais um tormento invadiu-lhe a mente: a imagem de Kurama deitado na cama, nu, em completo abandono... os cabelos vermelhos espalhados pelo travesseiro, de forma displicente como que pedindo seu toque... os olhos brilhando de desejo e malícia, num matiz dourado que não escondia de onde vinha a sensualidade das esmeraldas... Os lábios úmidos e entreabertos pedindo seu beijo... as mãos agarrando os lençóis, numa prova de prazer contido, pedindo mais... muito mais... chamando por ele, esperando...
O demônio do fogo sentiu a pressão em sua virilha tornar-se insuportável, e suspirou asperamente... Quanto tempo mais até estar com sua raposa novamente?
Ouviu um longo gemido de satisfação cortar a noite silenciosa e depois... mais nada... Sabia o que significava: era o momento do carinho, do amor satisfeito, do beijo molhado, do afago e do sono dos amantes... Permitiu-se um gemido torturado...
“Kurama...”
Kurama observava a noite, debruçado na janela de seu quarto. Um mês sem ver seu demônio do fogo... Isso estava acabando com ele! Hiei partira numa missão importante, sabia disso. O próprio Yusuke comentara que todos no Makai, estavam preocupados com essa legião de demônios, que estavam tentando rebelar-se contra as ordens de Enki, e invadir o mundo dos homens.
Mas tanto tempo sem seu pequeno youkai já começava a afetar seu dia-a-dia: Não dormia bem, pois tinha sonhos muito perturbadores com Hiei; não sentia fome, porque sua fome era outra; não prestava atenção nas aulas da faculdade de Medicina, e isso era ruim! Mas tudo perdia importância, uma vez que não podia ter seu demônio do fogo por perto.
Soltou um suspiro, contemplando a lua que brilhava no céu... Hiei... Seu corpo todo, bem como sua alma e coração, chamavam pelo koorime... Sentia a falta de seu calor, de seus braços, de seu cheiro, enquanto dormia... Acostumara a dormir enlaçando o corpo ardente, e agora, não sabia mais como descansar sem sua presença...
Olhou para a escrivaninha. Suas tarefas estavam todas atrasadas, bem como seus estudos. Em três dias teria uma prova de anatomia, uma prova muito complicada, e não tinha a mínima idéia de como faria a prova prática, que constava em aplicar a teoria durante a dissecação de um cadáver. Durante a aula daquela manhã, na sala de anatomia, olhara para o corpo deitado sobre a maca, e percebera que não tinha a mínima idéia do que o professor falava... Efeitos colaterais da ausência de seu youkai...
Deixando a janela, aproximou-se da escrivaninha e pegou uma de suas anotações... “O Estômago e suas funções”... Teria que estudar muito para não tirar uma nota baixa nessa aula. Talvez fosse melhor passar as tardes na sala de anatomia, estudando na prática aquela teoria, assim, saberia melhor o que fazer no dia da avaliação.
Olhou para a cama vazia, recordando um de seus muitos momentos ali, com seu demônio do fogo. Momentos de paixão arrebatadora... Soltou mais um suspiro... Definitivamente seria melhor passar as tardes estudando aquele cadáver... Talvez isso desviasse um pouco seus pensamentos de Hiei, e não sofresse tanto... Talvez o tempo passasse mais rápido... Talvez em breve ele voltasse... Talvez...
Olhou para a noite novamente, encarando a árvore que ficava bem a frente de sua janela. A árvore onde Hiei costumava ficar vigiando-o às vezes... Onde deitava num galho mais escondido entre as folhagens... Onde esperava, algumas vezes, que ele voltasse da faculdade...
Droga... Tudo o que fazia lembrava seu koorime... Claro, nunca conseguia deixar de pensar nele... Era sua vida, seu amor, seu desejo... E que desejo.... Sentia falta dos beijos famintos, do abraço possessivo, da ânsia quase feroz quando seu youkai o possuía.... Gemeu ao sentir mais uma vez, a pressão na virilha... O desejo queimava-o por dentro...
Mais uma noite que passaria sozinho, apenas sonhando... É, seria bom ocupar-se e muito com seus estudos, até a volta de seu youkai... Amanhã mesmo começaria a dedicar mais tempo às aulas de anatomia para a prova, afinal, seriam poucos dias de estudo.
Deitou-se na cama, procurando dormir... Anatomia... ultimamente uma parte de sua anatomia não deixava-o dormir tranqüilamente. Faltava algo muito importante para acalmá-lo dessa agitação toda... Entregou-se ao sono, murmurando o objeto de todo seu desejo e inquietação...
“Hiei...”
A viagem de volta à fortaleza de Mukuro parecia ser ainda mais longa, tão exaustos encontravam-se. Avistando uma clareira adiante, deu ordem para um descanso. Com sorte mais dois dias e a missão estaria oficialmente terminada.
Depois de verificar o local, todos acomodaram-se ou para comer, ou para dormir, dependia da necessidade eminente de cada um. Outros ainda, cuidavam de seu ferimentos, sendo auxiliados pelos companheiros em melhor situação.
Cansado, refugiou-se num dos galhos mais altos de uma árvore próxima à fogueira. Precisava descansar um pouco, dormir, para recuperar a energia desprendida pelo golpe das chamas. O tronco áspero não oferecia nenhum conforto, e mais uma vez, como sempre, pensou como seria bom estar nos braços de sua raposa, descansando em seu colo aconchegante, sentindo o perfume de seus cabelos, a carícia de suas mãos...
Pronto... a tortura começara novamente... Não bastava todo seu cansaço físico, ainda sofria com o desejo reprimido, não só o desejo pelo corpo, desejava Kurama por completo... Sentia tanto sua falta...
Um barulho vindo lá de baixo chamou sua atenção. Prestando atenção aos movimentos, logo visualizou Maya e Shorin. Observou quando ambos se acomodaram próximos da árvore onde estava. Por causa da fogueira, podia ver tudo o que acontecia ao seu redor. Percebeu o olhar preocupado de Shorin para a namorada; Maya fora atingida na última batalha, seu ferimento não era grave, mas preocupava, uma vez que perdera muito sangue.
O demônio do fogo viu quando o youkai inclinou-se sobre a namorada, sussurrando algo em seu ouvido, acariciando seus cabelos com todo carinho, como se temesse machucá-la ainda mais... Ela sorriu fracamente, balançando a cabeça, enquanto afagava a face preocupada dele, os dedos deslizando pelos lábios do youkai, que dando uma piscada maliciosa, mordiscou a ponta de um deles, lambendo-o em seguida...
Fechando os olhos, Hiei gemeu mentalmente, recordando os momentos em que ele e sua raposa partilhavam dessa mesma intimidade... As carícias gostosas e cúmplices que permeavam os encontros apaixonados... Eram instantes apenas de carinho, apreciando a companhia um do outro... O que não significava que antes, ou depois, não entregavam-se à fúria do desejo que dividiam um pelo outro...
Hn.... Estava enlouquecendo... Se não voltasse logo para os braços de Kurama, essa loucura iria acabar com ele... Que a raposa estivesse preparada quando chegasse, não sairiam da cama tão cedo...
“Quantas baixas?”, foi a pergunta de Mukuro, quando terminou seu relato sobre a última batalha.
“Dez.”, respondeu, ansioso por encerrar aquela reunião e ir para o Nigenkai.
“Bom, poderia ser pior. Perdemos dez combatentes, mas conseguimos evitar muitas mortes a mais se os planos daqueles demônios se concretizassem.”, ponderou a mulher e continuou, “E como os dois novos recrutas se comportaram?”
“Hn. Lutaram bem. Mas pelo visto, em breve Maya precisará de uma licença.”
“Como assim? O ferimento foi tão grave?”
“Não. É apenas um palpite. Logo mais um youkai nascerá no Makai.”, resmungou, virando-se para sair e dando a conversa por encerrada.
“Dispensado...”, ironizou a mulher reparando na atitude precipitada do youkai, que sequer respondeu, continuando seu caminho até a saída da fortaleza. Com certeza não o veria mais por algumas semanas. Hiei estava voltando para os braços daquela raposa dissimulada e nada o faria voltar tão cedo ao Makai, depois de uma missão tão longa.
“Maldito Youko...”, murmurou com despeito, ao mesmo tempo que caminhava até o alojamento feminino para saber como estava Maya. Se Hiei estivesse certo, teria que permitir que ela e Shorin dividisse um dos dormitórios de casais. Tudo bem. Não podia dar-se ao luxo de perder dois recrutas tão bons por problemas amorosos.
O Demônio do Fogo era um bom exemplo disso...
Resolvia qualquer missão com rapidez e eficiência, para poder
voltar para o Nigenkai...
Kurama suspirou mais uma vez, olhando para o livro, tentando encontrar a próxima seqüência que deveria seguir... O próximo corte teria que ser superior transversal... Olhou para o cadáver a sua frente... Decididamente, havia coisas bem melhores para fazer num início de tarde de primavera, tão lindo e gostoso como aquele...
Mas não podia pensar nisso agora. Conseguira recuperar seus estudos com muita dificuldade, por causa de sua falta de concentração. A prova prática de Anatomia seria no dia seguinte, não podia distrair-se daquele jeito. Aquela nota era muito importante. Se fosse mal no exame, perderia suas férias tendo que refazer o curso e isso estragaria todos os planos que fizera com Hiei.
Hiei... Onde estaria naquele momento? Estaria ainda lutando? Será que estava bem, ou estaria ferido?... Só esse pensamento fez o coração falhar uma batida... Não! Tudo estava bem! Seu koorime estava bem, lutando, e vencendo e em breve estaria em seus braços novamente, amando-se com loucura... sentia tanta sua falta...
Olhou pela janela, contemplando a tarde que começava quente e gostosa...
“Hiei...”
Suspirando novamente, voltou a atenção ao cadáver à sua frente. Preferia mil vezes a visão de seu pequeno youkai deitado em sua cama, mas... Que remédio... Mais um dia e estaria livre daquela coisa, e poderia esperar Hiei sossegadamente...
Uma sombra fugidia deslocava-se rapidamente entre as árvores, como se fugisse dos raios do sol que embrenhavam-se por entre os galhos... Seus movimentos eram tão rápidos que parecia estar fugindo de mil demônios... Ou correndo para alcançar o paraíso...
Quando alcançou a árvore que ficava de frente para o quarto de Kurama, o demônio do fogo parou, respirando fundo. Nunca pensou que, um dia, gostaria tanto de voltar ao Nigenkai; mas agora gostava, muito, porque voltar para aquele lugar era voltar para os braços de Kurama... E estar com sua raposa era tudo o que queria... Era a única coisa que queria na sua vida demoníaca... Para sempre.
Porém, algo chamou a atenção do pequeno youkai: a janela do quarto do amante estava fechada! Fechando os olhos, concentrou-se e... não sentiu o ki inconfundível de Kurama em nenhum lugar da casa, nem das redondezas... O que poderia estar acontecendo? Lembrava-se de toda rotina que dividia com sua raposa, alguns dias era obrigado a esperar horas porque o kitsune ficava o dia inteiro naquele prédio enorme, estudando. Outros dias, ficava apenas o período da manhã, e a tarde, então, era só para eles, para fazerem o que quisessem... E tinha certeza que esse, era um desses dias... Então... Onde estava Kurama?
Há mais de um mês estava longe de sua raposa e não ia ficar perdendo tempo com conjecturas... Precisava encontrá-lo com urgência... Queria vê-lo, tocá-lo, beijá-lo, acariciar seus cabelos e... amá-lo com loucura, toda a loucura que a saudade infringia... Sem hesitar mais um instante, retirou a faixa que cobria o Jagan, e o olho demoníaco abriu no mesmo instante. Fechando os olhos, concentrou-se em Kurama e deixou que o terceiro olho executasse a busca por sua raposa. Não demorou muito para que um prédio aparecesse em sua mente, um prédio que reconheceu imediatamente... Hn... Devia imaginar que aquela raposa estúpida estaria enfiada naquele prédio, no mínimo com o nariz grudado em algum daqueles livros enfadonhos!
Cobriu o Jagan novamente. Abriu os olhos, onde o desejo e a fúria brilhavam incandescentes, formando uma combinação perigosa e excitante ao mesmo tempo...
“Hn. Você que escolheu o lugar, raposa.”, murmurou entre dentes.
E sem mais demora, partiu com sua velocidade característica, em direção ao prédio onde sua raposa encontrava-se.
Kurama endireitou-se, relaxando os músculos tensos pelo tempo que ficara debruçado, analisando e estudando o interior do corpo humano. Não via a hora de chegar em casa e descansar. Amanhã tudo estaria encerrado e teria todo o tempo do mundo para pensar e esperar por seu demônio do fogo. Fechou os olhos, invocando na mente a imagem de seu koorime, enquanto passava a mão pelos longos cabelos, de modo distraído, sem sequer notar que, inconscientemente, repetia o gesto que o youkai adorava fazer.
Tão absorto estava, que não reparou na sombra que pairou sobre o parapeito de uma das enormes janelas da sala, e deu um pulo de surpresa quando ouviu a voz que soou às suas costas.
“Mudando de hábitos, kitsune?”
“Hiei...”, murmurou, enquanto os olhos abriam-se em alegre surpresa, ao mesmo tempo que virava-se de frente para o ser que dominava seus pensamentos, sentimentos, tudo...
“Hn.”, resmungou o demônio do fogo, enquanto saltava para dentro da sala, olhando os corpos cobertos ao redor, com total indiferença. “Pensei que estaria em casa a essa hora. Hoje não é seu dia de aula integral, é?”
O ruivo sorriu de forma carinhosa e radiante, ao mesmo tempo que balançava a cabeça em concordância.
“Tem razão, koibito. De fato hoje não é meu dia de período integral. Mas estava sozinho, com saudades, então resolvi ocupar o tempo enquanto não voltava...”
O pequeno youkai acercou-se mais da raposa, chegando tão perto, quase encostando seu corpo no dele, mas parou a poucos centímetros.
“Mas agora estou aqui, e há maneiras melhores de passar o tempo. Vamos.”, finalizou tomando a mão do amante.
Os deuses eram testemunhas do quanto Kurama ansiava por aquele momento, mas não podia. Agora não. Precisava arrumar todo o material que usara, devolver os livros emprestados para a biblioteca e pegar outros, e a noite, passaria estudando para a prova do dia seguinte e não poderia distrair-se, mas... Como dizer isso a Hiei? E como controlar o próprio desejo?
Bom, teria que tentar, afinal, saindo-se bem na prova, poderia desfrutar as férias que planejara junto de Hiei... E tudo seria perfeito... Mas antes... teria que explicar isso a ele, e intuía que não seria uma tarefa muito fácil. Deixou que o demônio do fogo o puxasse por alguns passos, e começou docemente, estacando no lugar:
“Itoshii..., preciso explicar uma coisa...”, o pequeno koorime encarou-o meio de lado, puxando-o para que continuasse andar. Mas manteve-se no mesmo lugar. “Eu não posso sair agora...”
“Por que não?”, rosnou entre dentes o amante.
“Porque preciso resolver umas coisas por aqui ainda, e ficar algumas horas a mais na sala de estudos...”, interrompeu-se quando viu o ar de espanto na face do youkai.
“Se está brincando, Kurama, já aviso que não estou com disposição para brincadeiras!”, devolveu com ar impaciente.
“Não é brincadeira, Hiei... É verdade... tenho uma prova muito difícil amanhã e preciso de toda concentração possível... Sinto muito, mas a culpa não é minha, não sou eu quem marco as provas...”, tentou amolecer o amante invocado.
Porém, Hiei bufou ante a explicação da raposa.
“Kurama, eu passo mais de um mês no Makai, num missão infernal, agüentando noites insones e dias cansativos, e quando chego aqui você vira e diz: sinto muito?!?! Não acha que vou aceitar, acha?”
“Itoshii...”, começou a raposa tentando encontrar palavras para explicar que sentia exatamente como ele, mas estava pensando no tempo que teriam para ficar sozinhos e distantes de tudo nas suas férias. “Tente entender, serão só mais algumas horas... Depois teremos todo o tempo para nós... É importante...”
“Hn. Importante para quem? Para mim, é que não é!”, rosnou agarrando o braço da raposa enquanto empurrava-o contra a parede de modo rude, o corpo pressionando o do amante com urgência. “Nada é mais importante, para mim, do que você!”, murmurou entre dentes, num tom de desejo, carência e amor, contidos pelo tempo e pela distância que foram obrigados a ficar separados.
Kurama não conseguia ficar indiferente a tudo que sentia o seu pequeno youkai, pois nada mais era do que reflexo de seu próprio sentir. Ao mergulhar no fogo que ardia dentro dos olhos de Hiei, sentiu-se queimar por dentro, envolvido pela mesma febre que devorava-os dias e noites... Passou a língua pelos lábios, num gesto inconsciente, porém extremamente sedutor aos olhos do youkai, que não perdiam um movimento sequer do amante, e cedendo à paixão, pressionou ainda mais o corpo no da raposa, enquanto agarrava seus cabelos, puxando-lhe a cabeça, de modo quase violento, e tomar-lhe os lábios doces e macios num beijo desesperado, que exprimia toda a necessidade de sentir, de ter sua raposa novamente junto dele... Fazia tanto tempo desde a última noite em que trocaram o beijo de despedida.. Tanto tempo...
Sentiu o corpo de Kurama estremecer em seus braços, enquanto um suspiro escapava-lhe quase num gemido... Sim... sua raposa sentira a sua falta com a mesma intensidade... O problema é que Kurama prendia-se demais à sua vida nigen, estava na hora de lembrá-lo que ele, Hiei, não seguia as mesmas regras... Sua vida resumia-se em Kurama, apenas nele, não importava onde, quando ou por quê... E, com mil demônios, ele queria amar sua raposa AGORA, e nada, nem aquelas ridículas convenções humanas, que o amante tanto seguia, iriam impedí-lo de saciar aquele desejo.
Quando sentiu as mãos de seu youkai deslizar por sob suas roupas, Kurama percebeu que se não fizesse alguma coisa, logo estariam no chão, nos braços um do outro, e isso não podia acontecer agora! Estavam na sua faculdade, na sala de Anatomia! Qualquer aluno ou professor poderia entrar de repente! Lamentando profundamente, e indo contra tudo o que sentia naquele momento, empurrou seu demônio do fogo tentando explicar mais uma vez:
“Hiei... por favor, itoshii, também te quero demais e é por ser tão importante para mim que estou pedindo isso! Se não for bem na prova de amanhã, nossos planos para aquela viagem maravilhosa, só nós dois por duas semanas, será cancelada porque terei que refazer o curso...”, sua voz doce, ao mesmo tempo que dolorida por não poder ceder ao desejo, implorava compreensão.
Os olhos do demônio do fogo ardiam de amor, paixão e desejo, entendia e assimilava o que a raposa dizia; ambos estavam esperando esse período de férias com muita ansiedade; porém, naquele momento, nem isso servia para aplacar todo o desejo e necessidade que sentia pelo belo ruivo... Suas mãos afrouxaram o abraço e a raposa afastou-se um pouco mais, suspirando resignado... O youkai sentiu todo o corpo estremecer, reagindo à separação, e quando uma suave brisa agitou os longos cabelos vermelhos, trazendo o perfume embriagador que tanto adorava, bem como uma leve mecha a roçar de leve sua face, numa carícia sutilmente sensual, algo emergiu dentro dele, um fogo líquido a queimar incandescente e eterno... Sem pensar, agarrou a raposa por trás, fazendo-o dar um pulo de espanto.
“Hiei!”, o ruivo percebeu que o koorime perdera o controle, se também perdesse... “Hiei, não... espera...”, em tentativa desesperada de soltar-se, deu uma leve mordida na mão do youkai, para afrouxar a aperto.
Porém, o demônio do fogo entendeu erroneamente o gesto.
“Você gosta de morder, raposa?”, deixou um riso baixo ecoar pela sala, uma das mãos mantendo o amante preso bem firme contra seu corpo, enquanto a outra mão deslizava pela nuca, afastando os longos cabelos perfumados, “Eu também gosto.... Muito....”, sussurrou-lhe contra o ouvido, como numa carícia, percorrendo o pescoço esguio, para em seguida mordiscar-lhe a curva do ombro, num delicioso castigo.
Kurama sentiu-se derreter, mas não podia deixar-se levar por este doce enleio... Mas o corpo não seguia a mente... Involuntariamente, soltou um leve gemido de prazer, mas foi o suficiente para que o demônio do fogo, contando com sua aceitação, afrouxou um pouco ao abraço... O exato tempo para que pudesse escapar daquela deliciosa prisão... Rápido, colocou-se atrás de uma das macas, formando uma frágil barreira entre ele e seu amado youkai.
“Raposa...”, começou o demônio entre dentes, “... já disse que não estou com humor para brincadeiras, nem para joguinhos sexuais! Venha cá!!!”, rosnou enquanto saltava por sobre a maca em cima do amante.
Num salto ágil, o ruivo conseguiu escapar do “ataque”, enquanto continuava a tentar explicar a impossibilidade do lugar onde encontravam-se.
“Espera, Hiei...”
“Hn. Não espero nem mais um minuto, raposa!”, resmungou ao mesmo tempo que, com sua extrema velocidade, conseguia alcançar o ruivo, agarrando o avental branco que usava sobre a roupa.
Rapidamente, Kurama conseguiu libertar-se da captura, livrando-se do avental, numa velocidade que daria inveja a qualquer mágico durante um número de fuga!
Hiei ficou olhando para o avental, agora vazio, em suas mãos; apenas por um segundo, o suficiente para que Kurama pudesse atravessar a sala tentando chegar até a porta.
O youkai percebeu a manobra e usando sua velocidade, postou-se perante a porta, bloqueando a fuga da raposa, que parou bruscamente a alguns passos dele. Os olhares de ambos encontraram-se famintos, porém um ardia em chamas, o outro receava o perigo de serem descobertos.
Kurama percebeu que o koorime preparava-se para saltar novamente sobre ele, calculando o momento certo, jogou-se para o lado, enquanto Hiei caía para o outro, mas o youkai percebera o movimento esquivo do ruivo, conseguindo prender-lhe a manga da camisa, que acabou rasgando-se durante a queda de ambos.
Levantaram-se num salto e o ruivo agarrou uma das macas deixando-a entre eles novamente. O corpo coberto pelo lençol balançava de um lado para outro, com os zig e zags que agitavam a maca, mantendo a distância não muito segura, entre os dois amantes.
Pararam ofegantes, encarando-se novamente, e o ruivo não pode deixar de pensar no absurdo da situação: Hiei desesperado por tocá-lo, ele fugindo de seu amado, quando na verdade queria jogar-se em seus braços; e tudo isso na sala de Anatomia de sua faculdade, que nada mais era do que um necrotério! Mais uma vez, tentou falar com o youkai.
“Hiei... olhe ao redor... isso é um necrotério... são cadáveres... tenha um pouco mais de..”
“Hn, você disse bem!”, cortou o demônio do fogo, “São defuntos, não vão se importar com nada!”, finalizou ao mesmo tempo que sumia perante os olhos do ruivo.
Kurama olhou ao redor, procurando pelo amante, mas nada viu, nem sinal dele, nem do ki inconfundível... O que estaria seu demônio do fogo aprontando agora?
Mal teve tempo de cogitar uma resposta, quando sentiu suas pernas serem agarradas, por sob a maca, e num golpe ser puxado para debaixo dela.
“HIEI!”, conseguiu exclamar um segundo antes de se ver deitado sob a maca, e seus olhos encontrarem com olhos de rubis, flamejantes.
“Isso não teve graça, Hiei!”, tentou sentar, mas seus pulsos foram agarrados, e seu corpo foi jogado para trás, forçado a deitar-se novamente. O demônio do fogo sentou-se em seus quadris enquanto mantinha os pulsos presos sobre sua cabeça, deixando-o à mercê de sua vontade.
“Quem disse que era uma piada?”, o youkai sussurrou sensualmente, aproximando o rosto para arrebatar os lábios da raposa, num beijo violento e apaixonado.
Kurama pensava que poderia reaver o controle da situação, mas percebia que não estava preparado para a reação de seu próprio corpo, de sua mente... de todo seu ser... Prisioneiro dos braços ardentes, não conseguia sequer esboçar o menor protesto. Mesmo que quisesse resistir, mesmo que já não estivesse tão entregue, qualquer esforço lhe parecia inútil. Hiei devorava-o com beijos sucessivos, cada vez mais exigentes e profundos, exigindo uma resposta que o ruivo jamais poderia negar... Foi quando percebeu, que era não só prisioneiro dos braços do amante, como também de seu próprio desejo, pois as mãos de Hiei não mais prendiam seus pulsos, mas sim percorriam seus cabelos numa carícia de paixão desvairada e provocadora, enquanto os lábios ardentes procuravam redescobrir o corpo esguio e perfumado.
“Kitsune.... Meu kitsune... Você é tão lindo...”, gemeu o youkai, angustiado pela saudade e pelo desejo.
Em seguida, começou a abrir a camisa da raposa, percorrendo com os lábios famintos, cada parte que ia sendo desnudada.
Kurama ainda tentou esboçar um protesto, agarrando-se a um fio de sanidade pela situação que encontravam-se, contudo antes que pudesse fazer isso, o youkai beijou-o de novo, empurrando o protesto para um lugar perdido em seu pensamento. O demônio do fogo foi descendo os lábios, numa carícia sensual, ao mesmo tempo que terminava de abrir toda a camisa, arrancando-a do corpo da raposa, expondo-lhe o tórax alvo e bem definido.
“Hiei...”, gemeu a raposa num arfar, a respiração já fora de controle, “...isso...isso não está certo...alguém pode...”, arquejou mais uma vez, ao sentir a língua do youkai circundar os mamilos duros de prazer, antecipado.
“Você gosta, raposa?”, ele perguntou baixinho, encostando os lábios no ouvido do ruivo, provocando-o com uma leve mordida na orelha.
Como negar? Ele adorava e ansiava por cada carícia de seu amado youkai.
“Eu adoro cada um de seus toques, itoshii... Mas não acho que esse seja o momento adequado...”
“Hn. Hoje, o que eu quiser será o adequado.”, o demônio do fogo olhou-o e começou a tirar sua própria roupa, com movimentos impacientes, ainda sentado sobre o corpo do ruivo. “E, hoje, agora, eu quero você! Completamente!”
Kurama não conseguia desviar os olhos do youkai, ao perceber que tirara toda a roupa. O corpo firme e másculo fazia com que tremesse inteiro. Os músculos bem definidos podiam ser vistos sob a pele clara, o membro ereto era a prova de todo o desejo que encontrava eco em seu próprio corpo, no latejar em seu baixo ventre e na pressão que já sentia sob a calça. As mãos do amante percorriam todo seu corpo, num incansável vai e vem. Um burburinho de vozes podiam ser ouvidas à distância, pelo pátio e pelas outras classes e o ruivo quase não acreditou ao pensar que abaixo deles, centenas de alunos e professores estavam concentrados em suas aulas, enquanto os dois perdiam-se nos delírios da paixão que os arrebatava cada vez mais e mais.
Kurama tinha total consciência do corpo do youkai sobre o seu, quando ele o tomou nos braços de novo, murmurando palavras de desejo e saudade em seu ouvido. A respiração de Hiei começou a se alterar e suas mãos deixavam um rastro de fogo por cada parte que passavam, terminando de tirar sua roupa. Respirou fundo quando o youkai tomou-lhe os lábios novamente, em mais um beijo profundo e exigente.
Apesar de tentar controlar suas reações, a raposa arquejou de prazer quando Hiei mordiscou-lhe os mamilos, tentando-o, enlouquecendo-o pouco a pouco. Não importava o quanto tentasse, não conseguia evitar de perder-se naquele mar de sensações que a tanto tempo não sentia... Um mês de ausência, de carência... E quando o youkai deitou-se sobre ele, Kurama já estava mais do que pronto para fazer amor com seu amado demônio do fogo.
Porém, Hiei queria mais. Ele queria uma comunhão total, de corpo, mente a alma. Queria ter consciência do poder que exercia sobre sua raposa, não importasse onde estivessem.
“Você me deseja?”, o demônio do fogo indagou.
“Senti sua falta...”, a raposa virou a cabeça para o lado, como se quisesse esquivar de responder, vulnerável pelo local onde se encontravam. “Ambos estamos carentes um do outro...”
Mera racionalidade e consentimento não era o que Hiei queria de sua raposa. Por isso, repetiu a pergunta:
“Você me deseja?”, lentamente começou a se levantar. “Se não me desejar da mesma forma completa com que te desejo agora, eu paro por aqui...”
“Não!”, gritou, segurando-o pelos braços. “Não me deixe agora! Eu não suportaria isso, itoshii... Eu te desejo apaixonadamente, com meu corpo, minha mente e minha alma!”
Aquilo era tudo o que o youkai queria ouvir. Kurama entregara-se à mesma loucura que o consumia durante todo aquele tempo, companheiros naquela plena paixão. Gemeu de prazer ao sentir a carícia que a raposa fazia em suas costas, apertando sua cintura, percorrendo suas nádegas, mordiscando seu ombro... Era inebriante, contemplar a expressão de prazer de sua raposa... Selvagem e sedutor, carinhoso e entregue... Kurama era um mistério de prazeres que ele nunca cansaria de desvendar...
Entregaram-se ao redemoinho de emoções que represaram por tanto tempo. Olhares encontravam-se em mudas declarações, os lábios saciavam a fome que sentiam um pelo outro, as mãos entrelaçavam-se em carinho e calor um pelo outro... E quando os corpos uniram-se num só sentir, num universo de desejo, amor e êxtase, ambos reencontraram o caminho de suas almas, de seu lar... Eles se pertenciam e seu lugar era um nos braços do outro... E o clímax veio arrebatá-los num beijo que selava não apenas aquele reencontro apaixonado, mas também reafirmava todo o sentimento que os unia...
Depois de recuperarem o fôlego, ficaram um tempo deitados, nos braços um do outro, apreciando o toque de seus corpos, as carícias suaves, quando o koorime ouviu a risada suave.
“O que foi, raposa?”, perguntou enquanto acariciava uma mecha dos cabelos que tanto adorava.
“Fazia tempo que eu não era caçado assim, itoshii.... E nunca dentro de um necrotério...”, o ruivo riu mais um pouco, acariciando o rosto do koorime, “Você é louco...”
O demônio do fogo levantou a cabeça, que repousava no peito de Kurama, para contemplar aquele ser que era sua razão de existir e que lhe pertencia completamente... Deixou-se perder no verde das esmeraldas antes de responder.
“Louco? Hn. Só se for por você, raposa.”, inclinou-se para mais um beijo.
Porém, antes que completasse o gesto, passos
foram ouvidos no corredor. Kurama sentiu-se gelar. Fez um gesto para que
Hiei ficasse quieto, ao mesmo tempo que torcia para que passassem reto
pela sala.
Mas foi em vão. Logo a porta se abriu
e um grupo de estudantes, acompanhados de um professor, entraram conversando
animadamente. O ruivo agachou-se debaixo da maca, puxando mais o lençol
para que cobrisse os vãos. O youkai continuava deitado, apoiado
num braço, mais preocupado em contemplar a cascata de cabelos que
descia pela pele clara.
O professor explicava tudo o que seria estudado naquela aula prática, e o silêncio da sala era enorme. Em seguida, o professor designou cada grupo para uma maca. Kurama inclinou-se um pouco mais, apoiando-se nas barras de sustentação da frente da maca onde encontravam-se refugiados. Tal gesto deixou uma determinada parte de seu corpo bem visível para a apreciação de Hiei, que não resistiu acariciar as nádegas perfeitas.
Distraído, o ruivo não estava preparado para o gesto do koorime, e ao sentir o afago, assustou-se, dando um salto e batendo com as costas na parte inferior da maca, que virou, ficando na posição vertical, mantendo-os escondidos, mas fazendo o cadáver que ali repousava, ficar de pé com o impulso do baque, antes de cair no chão.
O que se seguiu foi um caos histérico. Gritos foram ouvidos incessantemente, a correria para a porta foi geral e onde passavam dois passaram dez, não se sabe como. A história do cadáver que ressuscitou na sala de Anatomia, espalhou-se como fogo no palheiro, e em minutos, toda faculdade estava em polvorosa, com os alunos correndo para fora do prédio em fuga alucinada.
Enquanto o pandemônio corria solto pelo prédio, os dois youkais sequer se mexeram, olhando uma para o outro, nus, escondidos atrás da maca.
“Hn. Nigens estúpidos. Tanta histeria por causa de um cadáver que estão cansados de ver aqui.”
Kurama arregalou os olhos, como se despertasse de um transe, respondendo ao youkai:
“Estão acostumados a ver todo dia, mas não ficando de pé, assim, do nada. Hiei, você enlouqueceu? E se nos descobrissem?”
“Hn. Muitas nigens ficariam encantadas em te ver nesse estado, e eu teria que resolver o inconveniente, queimando as testemunhas...”, abriu a mão, fazendo surgir uma pequena chama negra, enquanto emendava com olhar cruel, “... ou seja, todas elas, e quem mais olhasse...”
A raposa encarou o koorime e depois deu uma risada.
“Ah, itoshii... Você não tem jeito...”
“Hn. Será que podemos ir embora agora? Ainda não matei minha saudade de você, raposa.”
“Nem eu, meu amor, nem eu... Vamos colocar as roupas e vamos para casa.”
Vestiram-se e saíram pela janela, para não correrem o risco de encontrar com alguém no prédio que parecia abandonado.
Estavam caminhando pelo bosque, indo para casa de Kurama, quando este puxou o youkai pela mão, fazendo-o voltar-se e encará-lo. Suspirando, a raposa puxou o koorime e abraçou-o com força, enquanto sussurrava:
“Senti tanto a sua falta, itoshii...”
“Também sinto a sua falta, raposa... Sempre que não está a meu lado. Mas agora me sinto completo.”
“Sim, estamos juntos de novo... Vamos rápido... Quero te amar novamente... a noite inteira... Amanhã, me viro na prova... Mas esta noite, é nossa!”, a raposa sussurrou sensualmente no ouvido do youkai, enquanto este sorria em antecipação à noite prometida.
Hiei descansava, ao sol do início da manhã,
no galho da árvore que ficava de frente para a janela de Kurama.
Fazia pouco mais de uma hora que a raposa saíra para fazer a prova
da tal Anatomia e não voltaria até a hora do almoço,
até lá, não tinha o que fazer.
Estava recordando a noite de amor que passaram, maravilhosa; cada carícia, cada beijo, cada toque; quando a janela do quarto de Kurama foi aberta e ele viu a raposa inclinando-se sobre o parapeito, procurando por ele. Mais do que depressa, pulou para um galho mais visível, olhando interrogativamente para o amante.
“O que aconteceu?”
“Não tive aula.”, a raposa estava com um brilho maroto nos olhos cor de esmeralda, e Hiei podia jurar que estavam com matizes de dourado. Youko maluco.
“Por que não? Não tinha a tal prova importante?”
“A prova foi transferida para o próximo semestre, depois das férias. Até lá a faculdade estará fechada. Parece que por causa de um acontecimento sobrenatural, uns sacerdotes irão limpar o prédio dos maus espíritos.”, a raposa falou com ar de fingia inocência, “Então, já estou liberado da faculdade e podemos começar a planejar nossa viagem de férias...”, abraçou o demônio do fogo, que pulara para dentro do quarto, “... Que acha, itoshii? Podemos discutir agora nossos planos...”
Não conseguiu terminar a frase porque o youkai já beijava-o com intensidade, ao mesmo tempo que derrubava-o na cama.
“Depois, kitsune.... Mais tarde....”