Como Morrer Bem

 



Por Umi no Kitsune



Capítulo 3


Leonardo gritou para si mesmo, batendo os punhos fechados no volante. Dirigia em alta velocidade, muito nervoso para prestar atenção em qualquer radar chato durante o caminho. Em um movimento brusco, a pick-up saiu da estrada asfaltada para entrar em uma de terra batida. Uma nova entrada e o grande carro começa uma subida difícil, com grandes pedras e buracos no caminho. De repente, Leonardo foi tomado de uma tristeza muito grande. Quando alcançou o topo, Leonardo reconheceu um grupo de pessoas trabalhando quase na beirada de um precipício. Ele brecou em seco a pick-up, chamando a atenção de todos e desceu do carro. Um senhor alto, já calvo veio sorrindo em sua direção.
*****

 
 
Saulo olhou de soslaio para o filho no banco de trás. Preocupado com o silêncio do filho, ele perguntou: O menino balançou a cabeça negativamente.

Estavam viajando há mais ou menos umas duas horas. Desde que entraram no carro Guilherme não pronunciara uma palavra.

Como aquela mulher conseguiu machucar seu filho assim? Como pôde permitir que isso acontecesse? Ela é o azar de uma vida inteira! Foi ela reaparecer que tudo já estava revirado de novo!

Ainda bem que tinha Belle lhe dando assistência. A velha senhora cuidou do caso de Robert e ainda teve a brilhante idéia de adiantar a viagem de fim-de-semana. Uns dias a mais na casa de campo iria fazer muito bem para Saulo e Guilherme. Poderiam conversar sobre o que aconteceu. Saulo iria então contar toda a verdade sobre seu casamento fracassado e sobre a verdadeira esposa que teve.

Por achar que o filho ainda era muito pequeno, Saulo tinha inventado uma pequena mentira sobre a mãe. Ou a falta dela. Agora que Guilherme tem sete anos, já está mais do que na hora de saber toda a verdade. Sim... uns dias no campo irão fazer muito bem.

Guilherme gritou o pior xingamento que conhecia, com uma voz chorosa e muito magoada ao pai. Se soltando do cinto-de-segurança, o menino avançou nas costas de Saulo e começou a bater em sua cabeça com toda a força que uma criança de sete anos podia ter. Saulo bem que tentou manter o Sedan na pista, mas na raiva, virou o corpo e, com uma única mão no volante, segurou um braço do filho bem forte. O carro saiu da pista e correu por um descampado, Saulo tentando manter o controle da direção. Saulo não entendeu a razão do filho se desesperar de repente e se agarrar ao seu braço com medo evidente nos olhos. Mas foi só olhar para frente e conseguir ver o momento exato da colisão de um homem com o pára-brisa do Sedan.

O baque foi surdo, e em questão de segundos o corpo foi atirado para trás, caindo inerte no chão.

Sem saber direito como um homem aparecera do nada, Saulo brecou o carro e saltou para fora correndo até o estranho. Em seus pensamentos confusos, no meio de várias perguntas, uma questão lhe chamou a atenção: ele não prestava muita atenção, mas era um campo aberto e Saulo viu que não havia ninguém enquanto dirigia sem controle. Como esse homem aparecera, assim... caindo do céu?



*****


 
 

Leonardo abriu os olhos, soltando um gemido baixo de dor. A imagem disforme e embaçada deu lugar ao rosto de uma criança. Um menino de cabelos escuros e olhos cheios de lágrimas. "Finalmente eu morri. E agora, esse anjo veio me dizer que não posso entrar no céu. Por qual outra razão ele estaria chorando?" Leonardo voltou a fechar os olhos, sentindo uma dor de cabeça chegar.

Mas um choramingo baixinho o fez abrir os olhos de novo. Uma lágrima descia lentamente pela bochecha do anjo e caiu desprendendo-se do queixo que tremia. O menino olhou para Leonardo e os dois falaram juntos:

Leonardo não respondeu, mas o menino negou com a cabeça. "Ah... agora eu entendi tudo!", pensou Leonardo ironizando em pensamento da mesma forma que fazia algumas vezes com Silvia. Foi então que o loiro se deu conta de onde estava. Um quarto muito bem mobiliado em estilo campestre, com uma grande janela com cortinas brancas, de onde Leonardo podia só ver o céu azul e o topo de algumas árvores. Se levantando muito bruscamente para o seu estado físico, Leonardo fica de pé e tenta andar, mas depois de alguns passos ele cai. O menino se desespera e tenta segurar os ombros do homem três vezes maior que ele. Passos pesados fazem o chão do quarto tremer e em poucos segundos uma figura alta e robusta aparece na porta. Leonardo percebeu o olhar sério de Saulo e sorriu, esperando ele fechar a porta do quarto onde estava.

*****


Saulo alcançou o menino e o segurou nos ombros, falando com raiva.

Pai e filho foram pegos de surpresa com a chegada de Leonardo na sala. Guilherme saiu correndo e se trancou no quarto, deixando os dois adultos em um silêncio constrangedor.

Ofendido, Leonardo se joga na direção de Saulo o prensando contra a parede. As notas que estavam na mão dele caíram pelo chão. O loiro prende o pescoço de Saulo com um braço e com a outra mão aponta um dedo acusador na cara dele. A falta de ar tomou Leonardo de surpresa, que dobrou o corpo com os braços no estômago. Saulo ajeitou os cabelos e a blusa dentro da calça dizendo:



Continua...