Epílogo - Girassóis
Ao ultrapassar o portal que divide o mundo humano e o mundo dos demônios, um vento agradável com aroma familiar acariciou meu rosto soprando levemente meu rosto.
Nas minhas mãos havia um buquê. Um buquê de girassóis...
Já se fazia um mês desde aquela batalha....
Caminhando pela floresta que começava a saldar a primavera tão esperada senti a chegada da estação da restauração. Realmente as arvores estavam mais vivas, vibrantes com o vento acolhedor que soprava pelas arvores, espectadoras de todos os acontecimentos...
Comecei a caminhar rumo os penhascos, vagando entre meus pensamentos, até chegar perto da torre isolada. Caminhando mais um pouco entrei numa clareira onde uma voz conhecida me chamou.
"...Kurama..."
"Ah, Feilong."
Ao encontrar a figura familiar sorri ajeitando melhor as flores de cores alegres que estavam entre meus braços.
"Vai ir até o túmulo de Raizen?"
"Vou...Tenho de levar essas flores para Yusuke."
Sorri levemente abaixando meu olhar para as flores de cores tão alegres.
"...É a única flor que sei que Yusuke gosta."
"......"
"...O quê pretende fazer agora, Feilong?"
Perguntei a meu mestre e amigo pensativo, que observava o buquê.
"Ainda não me decidi sobre isso."
Respondeu ele com um sorriso amargo. Uma vez que ele elevou seu youki daquele modo, a probabilidade de ele ser descoberto era muito maior...
"Falando nisso, como está seu ferimento?"
Perguntou ele com um tom mais alegre, tentando espantar o ar escuro que tinha se formado.
"Graças a você está bem melhor."
Os ferimentos que sofri agora estavam quase que invisíveis, graças aos cuidados do sábio de Layara...
"...Obrigado por tudo, Feilong."
Abaixei minha cabeça à ele, concentrando toda a minha gratidão à ele.
"Não há nada a agradecer, Kurama."
Disse Feilong, batendo levemente suas asas expostas ao sol brando da tarde. Depois da batalha, Feilong se desfez da túnica e de sues óculos. Para mim, era uma alegria. Eu sabia muito bem qual era o significado de ambos os objetos...
"...Tenho de ir. Nos falaremos depois..."
"Até mais, Kurama."
Ao me despedir, dei as costas para Feilong que permaneceu naquela clareira, sentindo os raios de sol em suas longas asas. O símbolo de sua atual liberdade qual teve de abrir mão, se escondendo no subsolo daquela cidade assombrosa.
Continuei a caminhar rumo o penhasco onde Yusuke está junto a seu pai, pisando na grama verde clara, que brilhava como esmeraldas...
Minha mãe se assustou ao saber do meu ferimento e quase não se desgrudava de mim de tanta preocupação, não dando-me tempo para vir para o Makai. Me lembrando do modo que ela me tratou todos este dias, deixei fluir um sorriso discreto.
Pouco a pouco fui me aproximando do penhasco onde descansava o grande rei de reino, fazendo-me lembrar de meu desespero e de minhas lágrimas que escorreram mesmo na forma de youko.
Um vento mais forte soprou velando meus cabelos vermelhos que despentearam-se. Com meus dedos os arrumei até chegar ao penhasco. Meu objetivo.
Lá estava o túmulo de Raizen. O grande rei lendário, responsável por eu ter me encontrado com aquele meio demônio que acabou roubando o coração de um youko experiente.
O caçador de múmias se tornou numa delas...
Sorri sozinho até que avistei uma imagem sentada encima de uma pedra plana, em um lugar onde se avistava bem as pedras colocadas como homenagem ao rei falecido.
Esta imagem se virou, com seu corpo todo enfaixado, deixando-me desfrutar de um sorriso hilariante que aqueceu-me por dentro de um modo qual ninguém mais poderia.
"Kurama..."
Sua voz doce acariciou meus ouvidos, fazendo me sentir o ser mais feliz do mundo.
"Deveria de estar descansando, Yusuke."
Ao me aproximar do paciente desobediente, dei-lhe um beijo leve nos lábios macios, sendo retribuído pela língua hábil qual comecei a aprender o sabor. Quando nossos lábios se separaram erguendo um som gostoso, Yusuke franziu a testa e inflamou levemente suas bochechas alegando seu desconforto.
"Não agüento mais ficar parado dentro daquele quarto. Já dormi demais dentro da máquina de regeneração."
Ao escutar a reclamação semelhante com a de uma criança sorri depositando um beijo em sua testa.
"Não fale assim. Foi um milagre você ter sobrevivido. Se lembra?"
"...Claro que me lembro."
Bufou Yusuke.
"Cê ficar alguma marca no seu corpo, é capaz de eu ir até o Reikai pra atormentar mais ainda a alma daquele desgraçado."
Acabei rindo do comentário e me sentei ao lado dele. O cheiro dele fez-me acalmar, mas meu coração se apertou levemente com a presença dele...
"Falando nisso, porque dessas flores?"
Perguntou ele olhando para o buquê de girassóis que trouxe para ele.
"Essas flores? São para você...demorei até encontra-las. Ainda mais nesta estação que estamos..."
Disse a ele entregando o buquê com um laço amarelo limão.
"Ah, errrr...Obrigado..."
Yusuke agradeceu meio que sem jeito. Seu rosto estava levemente corado...
"Posso ficar aqui com você?"
Perguntei inclinando a minha cabeça.
Yusuke sorriu ainda um pouco ruborizado, e pegando minha mão, beijou a palma com carinho, fitando meus olhos com paixão, proporcionando-me um leve arrepio.
Pelo menos hoje eu e Yusuke ficaremos aqui mais um pouco, até que chegasse o crepúsculo quando o sol dará lugar à lua, anunciando uma nova noite de paixão e carícias, onde eu sempre serei abraçado pelos braços ternos e acolhedores daquele que conseguiu roubar aquilo que ninguém mais tinha conseguido...Mesmo ainda vagando neste labirinto onde eu nunca mais poderei me libertar, uma vez que eu encontrei a "esperança" esquecida dentro da Caixa de Pandora...