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Hoje, em Brasília, dia 18 de junho de 2004, tenho a enorme satisfação em passar às mãos do grande cenecista, Dr. Valdemiro Severiano, o nosso Miro, e ao seu filho Felipe, documentos para o arquivo do MUSEU FELIPE TIAGO GOMES, a ser construído no município de Picuí, na Paraíba.

São histórias longas e sofridas, mas, em todas nunca deixei de destacar, como cenecista assídua da CNEC, as qualidades do fundador Felipe Tiago Gomes. Assim, como o seu exemplo, nunca hesitei, o quanto pude, a dar brilho em campanhas à frente de projetos inacabados ou por fazer.

Companheira cenecista do trabalho da CNEC, atuando quase exclusivamente no interior dos Estados, assumo clara posição firmada na educação formal e informal.


MERCADO DE TRABALHO PARA O DESENVOLVIMENTO DA TRANZAMAZÔNICA.

Todos estávamos interessados nos problemas ligados à economia, educação, desenvolvimento integrado, projetos específicos e, acima de tudo, o II Plano de desenvolvimento da Amazônia.

Era prioridade a preparação do homem amazônico para as tarefas do desenvolvimento, pois esta era, sem dúvida, a força criadora do trabalho e do progresso social.

Cursos direcionados a construção de casas das AGROVILAS foram, sob minha orientação, organizada e ajudada pela comunidade loca, bem como atividades de carpintaria, marcenaria, bombeiro encanador, eletricista e datilografia.

Incontáveis visitas à Prefeitura de Altamira, ao INCRA, Seminário dos Padres, além do Projeto Rondon do Ministério do Interior eram realizadas para pedir professores, sem remuneração, para os ditos cursos.

Em 1971, com o fluxo migratório para Altamira ­ PA, surgiu a necessidade da preparação dos jovens que passaram a se interessar pela chegada dos Bancos nessa área.

Em audiência com o Prefeito de Altamira propus medidas para a abertura de cursos de datilografia.


PRIMEIROS BANCÁRIOS DA TRANZAMAZÔNICA ­ ALTAMIRA ­ PA, 1971.

Fui para a rádio local que tocava músicas na pracinha de Altamira e anunciei o 1º Curso de Datilografia direcionado aos candidatos dos Bancos da Amazônia, Banco do Brasil e Banco do Pará.


O ÊXITO

Para mostrar o sucesso maior dos cursos e projetos instalados em Altamira, anexo xérox de cartas, mapas e jornais existentes no meu arquivo, provenientes de todos aqueles que participaram, direta e indiretamente, do meu trabalho inserido na filosofia cenecista, sem receberem remuneração e dando o melhor de si, sem interesses.

Nessa história, longa e sofrida, nunca deixei de destacar como cenecista assídua da CNEC, combativa e respeitada, as qualidades do fundador Felipe Tiago Gomes.

Fui encarregada de relacionar a CNEC com as embaixadas em Brasília. Um problema que muito me sensibilizou; a identidade nacional com as Embaixadas do Canadá, Austrália, Uruguai e Holanda. Todos foram convidados a visitarem o nordeste brasileiro.

Dificuldades, que não foram poucas para uma pioneira como eu, hoje, guardo inúmeros detalhes na memória como a elaboração de programas comunitários importantes.

Aqueles tempos, vistos de hoje, levam-me a pensar que até os problemas eram menos difíceis, menos complexos.

Boas lembranças! Tristes lembranças!

Esse otimismo e confiança foram o que sempre cultivei, apesar das dificuldades.

O Brasil é uma obra de arte! na miséria, nas caatingas, nos sertões, manifestando-se com seus hábitos e costumes.

Como bandeirante numa aventura cheia de idealismo fui desbravando, investigando, programando, voltada sempre para o Norte num árduo caminho de histórias ora originais, ora curiosas.

Sei que não se deve esquecer as honras e cooperação que me foram conferidas pela Jeinesse Canadá Monde, órgão canadense que abriga alguns dos projetos mais famosos em intercâmbio internacional.

Anos de pleno sucesso! Fizemos quatro acordos.


PARA UMA NOVA GERAÇÃO

Como pesquisadora quero acrescentar aqui, em anexo, dados do meu desempenho na área Amazônica, registrados em cópias de jornais da época, cartas e pedido de auxílio escrito à mão, em vermelho, como jogando para mim, o maior desafio a um ser humano.

Que pretensão! que exigência!

Não se deve esquecer o dinamismo e o valor de pessoas como o senador José Lins que muito me ajudou na proposição de inaugurar uma rádio no sertão da Paraíba, no município de Picuí.

Foi edificante saber que o sertanejo dessa área tão sofrida estava escutando no seu pequeno rádio, desde a madrugada, orientações sobre o plantio nas caatingas, ouvindo musicas e aqueles recadinhos entre os familiares. E era uma FM!

Tenho a satisfação de acrescentar aos trabalhos realizados em Picuí, o empenho do nosso fundador Dr. Felipe Tiago Gomes que, em sua terra natal, auxiliou os projetos da CNEC visando o desenvolvimento do município.

Sua pretensão era permitir um meio de vida a jovens lapidários e artesãos minerais. Não bastasse a reativação de jazidas que ofereciam material para a extração das gemas encontradas. Dando o nome de LAPIDAÇÃO MARLI SARNEY homenageou-se, assim, a dinâmica Presidente da CNEC, à época.

Senhor Presidente da Campanha Nacional das Escolas da Comunidade, Dr. Alexandre Santos, na oportunidade temos que agradecer ao distinto cenecista pelo seu maravilhoso empenho na determinação de ajudar os cenecistas, em todo o Brasil.

Meus amigos, admitamos não termos atingido 50% dos nossos propósitos, mas temos a certeza que ao menos 10% foram difundidos pelos jovens dessa imensa Amazônia.

Assim, sou profundamente grata a todos que compreenderam meu trabalho.
Agradeço ao meu marido, meus filhos, meus irmãos e amigos.


     Muito obrigada.
     Norma Romanguera.

Discurso proferido em solenidade realizada no Salão VIP do Hotel Nacional, no dia 18/06/2004, em Brasília - DF.