O Teorema de Totarovski

            Durante muito tempo o nome de Sergei Totarovski permaneceu na obscuridade, e só agora, 63 anos após sua trágica morte, percebemos a genialidade profética de suas obras. Este russo esguio, de cabelos desarrumados e olhar penetrante, nascido na pequena Vorkuta em 1892, escreveu ao todo 27 obras sobre economia e política, embora fontes afirmam que na verdade tenham sido 27 e 9/14 obras. Mesmo muito valorizados e discutidos nos dias atuais, todos os seus livros foram rejeitados na época, já que apresentavam uma visão altamente revolucionária e inovadora do futuro da economia. Segundo Serguei, “toda a economia, futuramente, se baseará na produção e comercialização de empadinhas, que passarão, num curto período de tempo, de simples produto subversivo e mundano da culinária para a base do mercado mundial.”.

            Essa visão do futuro é melhor explicada no célebre “Se meus cachinhos falassem...”, uma obra erótico-econômica de forte teor apelativo. Basicamente, a produção de veículos automotivos no futuro será tal, que o mundo ficará empesteado de engarrafamentos que nunca terminarão. Desse mundo caótico e estressante surge a figura do vendedor ambulante profissional e absolutamente necessário, pois os motoristas precisarão cada vez mais de suprimentos durante os imensos engarrafamentos. Porém, a seleção natural agirá lentamente sobre essa horda de vendedores, e restará aquele que melhor suprir a demanda alimentícia da luta pela sobrevivência dos motoristas. Sim, este vencedor inestimável e provedor de recursos nutritivos para grande parte da humanidade, o vendedor de empadinhas. Assim, os vendedores que antes eram fracos criarão empresas, que logo virarão mega-corporações repletas de funcionários capazes e bem-humorados, que trabalharão nas múltiplas áreas de produção. Desde a colheita das empadas (em plantas geneticamente alteradas) até a venda no trânsito em esteiras rolantes (presentes em todas as vias), tudo com a mais alta tecnologia.

            Infelizmente, o incompreendido Totarovski suicidou-se comendo geléia de uva até ficar em coma e falecer aos 49 anos, após receber a notícia de que seu livro mais vendido fora “As férias do Pequeno Polegar”, que fizera para seu sobrinho de três anos e que continha apenas seis páginas. Com uma frase em cada, é claro!

Athaulfo Borba