“Esses Animais Maravilhosos!!” (I)

 

~As Sereias~

 

*Esta série de textos pretende elucidar e discutir algumas questões bastante interessantes sobre certos animais e seres especialmente bizarros do nosso imaginário coletivo, sempre sob um ponto de vista acadêmico e científico, não-apelativo e ultra-realista.

 

         Falemos então das sereias. Sim, estes seres marinhos, mas não tão convincentemente marinhos assim (como veremos adiante), que são metade mulher e metade peixe. Primeiramente vamos discutir um aspecto bastante intrigante deste ser: POR QUÊ UM ANIMAL QUE POSSUI APENAS CAUDA DE PEIXE SERIA METADE PEIXE? Esta questão pode parecer idiota (e em alguns aspectos realmente o é), mas pensemos bem: o quê faz um peixe ser um peixe? Apenas a cauda? Escamas? Não. O SER-PEIXE é um ser que, enquanto ser, é composto de cauda (corpo) + cabeça de peixe, e, portanto, uma reles cauda não pode assim ser definida como meio peixe, mas no máximo como uma cauda escamosa bastante comum aos peixes. Isso, entretanto, só cabe a esta discussão pois a cauda de uma sereia nunca, em momento algum, foi um peixe. Pelo contrário, sempre fez parte de uma sereia. Certamente não seria errado, ao depararmos com uma cauda de peixe decepada, exclamarmos que se trata de um meio peixe, pois antes fazia parte de um peixe inteiro. Concluímos, então, que uma sereia não seria metade peixe, mas sim, que possuiria uma cauda bastante parecida com a de um peixe inteiro. Obviamente, o mesmo vale para a denominação metade mulher.

         Outro aspecto bastante discutível diz respeito ao famoso canto das sereias. Supondo quase infantilmente que um animal marinho sairia de seu habitat somente para cantar, rapidamente nos perguntamos: CANTAR PARA QUÊ? Pessoas dirão “para os navegantes, ora”, mas infelizmente isso não faz sentido algum, meus amigos. Segundo a lenda, os que escutam o canto destes seres são atraídos para sua presença e, desse modo, morrem afogados. Ora, por quê um animal marinho faria sons melodiosos apenas para afogar uns e outros? Para comê-los seria a única explicação, porém isso jamais foi uma afirmação firme contida nas lendas que cercam as sereias (enquanto sereias). Isso nos faz crer que este animal teria, então, um gosto sádico em ver seres de outra espécie morrendo (tal qual os homens). Porém, a habilidade de fazer sons melodiosos certamente teria que servir para algo mais necessário e menos idiota, o que me leva a crer que, de fato, os marinheiros eram devorados. Como, então, este canto poderia ser realizado plenamente debaixo d`água é um mistério, o que evidencia aí a possibilidade de habilidades telepáticas por parte destes seres.

         O fato de as sereias saírem do mar somente para conseguir um ou outro marinheiro suado é algo que, além de ser cômico, significa que estes animais apreciavam MUITO a degustação da carne humana. O que é REALMENTE ridículo, visto que há inúmeros seres mais agradáveis, menos cheios de roupas e com menos (ou sem) ossos, vagando pelo oceano aos milhões.

         Contudo, nada disso é tão importante quanto o questionamento darwiniano sobre a possível existência de um ser desta estirpe. Todos os animais marinhos possuem características que os fazem completamente adaptados ao meio aquático salino. Então, nos surge um animal marinho que possui CABELO, SEIOS E APENAS METADE DO CORPO COM ESCAMAS(??!!). Certamente uma piada de mau gosto, mas há uma observação a ser feita sobre os seios. Como dito anteriormente, as sereias supostamente sentiriam um prazer enorme em atrair marinheiros, mas NUNCA MARINHEIRAS. Daí, as sereias que desenvolvessem seios, mesmo que isso fosse contra toda e qualquer lógica racional, teriam mais chance neste ato de atração. Pela seleção natural, seriam estas que estariam mais aptas a sobreviverem.

         Existe ainda uma outra questão bastante interessante: onde estariam os SEREIOS? As sereias, neste caso, seriam “AS” por mera convenção, e assim existiriam sereias MACHO e FÊMEA, AMBAS COM SEIOS. Ou até hermafroditas, mas esta não é uma questão que valha a pena ser discutida (as outras eram).

         Assim, para finalizar esta análise profunda e científica sobre o universo das sereias, concluímos que, de acordo com as únicas possibilidades reais e plausíveis, uma sereia teria um aspecto pouco diferente de um atum telepata com seios.

 

                                                                                                                                                 Athaulfo Borba