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JORGE SANTOS • BRAGA • PORTUGAL ![]() |
Narrativa |
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ÍNDICE DOWNLOAD HISTÓRICO |
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COMUNICAÇÃO LITERÁRIA
O que faz do homem aquilo que ele é, um ser distinto de todos os demais seres vivos, é a linguagem, a capacidade de comunicar com os outros homens, partilhando com eles todo o tipo de informação. Pela linguagem o homem é capaz não apenas de comunicar (transmitir e receber informações), mas também, e principalmente, de recolher e tratar dados, elaborando a informação que transmite. Em suma, graças à linguagem, o homem é capaz de pensar e de comunicar. Pensamento e linguagem estão, portanto, indissoluvelmente ligados. Podemos dizer que não há pensamento sem linguagem, nem linguagem sem pensamento, A Literatura é uma forma particular de comunicação, provavelmente tão antiga como o homem. Também aqui encontramos um emissor (autor), um receptor (leitor) e uma mensagem (a obra literária) que circula de um para o outro.
Ao distinguirmos uma variedade específica de comunicação – comunicação literária – caracterizada por uma mensagem diferenciada, estamos implicitamente a estabelecer uma oposição entre o texto não literário e o texto literário. Vejamos então de forma sintética quais são esses traços distintivos.
GÉNEROS LITERÁRIOS
Dissemos atrás que a literatura, entendida como a busca do prazer estético através da linguagem, é tão antiga como o homem. É uma afirmação arriscada, porque não existem documentos que a comprovem. Dado que a invenção da escrita é relativamente recente na história da humanidade, os registos literários mais antigos têm escassos milhares de anos. Mas sabemos todos que a linguagem oral precede a escrita e, por isso, não corremos o risco de errar ao afirmarmos que antes de as primeiras narrativas serem registadas pela escrita já existiam contos que os mais velhos transmitiam aos mais novos; antes de a poesia circular em cancioneiros já existiam canções; antes de Ésquilo e Aristófanes escreverem as suas tragédias e comédias já havia certamente representações por ocasião das festividades. Tradicionalmente distinguem-se três géneros literários: o lírico, o narrativo e o dramático. Os seus traços distintivos podem ser apresentados da seguinte forma:
As formas narrativas mais frequentes são o romance, a novela e o conto. De forma algo simplista podemos dizer que do romance para o conto há uma progressiva redução na complexidade da acção, no número de personagens, na diversidade de espaços e na duração temporal. Menos frequente, a epopeia é uma narração, geralmente em verso, de acontecimentos grandiosos com interesse universal ou nacional (p. ex. Os Lusíadas).
CATEGORIAS DA NARRATIVA
A narrativa, como qualquer outro texto literário, obedece ao esquema apresentado atrás: pressupõe sempre a existência de um emissor (autor) e de receptores (leitores), enquanto o texto narrativo é a mensagem. Mas a narração é também ela um acto comunicativo. Encontramos aí um emissor (designado narrador), receptores (os narratários), uma mensagem (o discurso narrativo que recria a história). Essa história recriada pelo discurso do narrador contempla uma acção, envolvendo personagens e decorrendo em certos espaços e ao longo de um certo período de tempo. Narrador, narratário, acção, personagens, espaço e tempo são as chamadas categorias da narrativa. Portanto, no género narrativo encontramos de facto dois actos comunicativos, estando um encaixado no outro. É o que se pretende mostrar com o seguinte esquema:
Analisemos mais pormenorizadamente cada uma dessas categorias.
NarradorÉ a entidade responsável pelo discurso narrativo, através do qual uma "história" é contada. O narrador nunca se identifica com o autor: este é um ser real, enquanto aquele é um ser de ficção, uma "personagem de papel" que só existe na narrativa. Pode ser exterior à "história" que narra ou identificar-se com uma das personagens (presença) e só pode contar aquilo de que teve conhecimento (ciência).
Presença
Ciência (ponto de vista)
NarratárioEnquanto a existência do narrador é evidente, a do narratário é menos visível. É que o narrador revela sempre a sua presença, através do discurso que elabora (se existe uma narração, ela é da responsabilidade de alguém), enquanto o narratário pode ser explicitamente identificado pelo narrador, ou, o que é mais frequente, ter apenas uma existência implícita. Normalmente, não encontramos ao longo do discurso do narrador nenhuma referência ao destinatário do discurso (narratário), o que leva a que a sua existência seja frequentemente ignorada. Mas na realidade existe sempre um narratário, cuja existência é exigida pela própria existència do narrador, já que quem narra narra para alguém. O narratário nunca se confunde com o leitor/ouvinte. AcçãoPor acção, entendemos o conjunto de acontecimentos que se desenrolam em determinados espaços e ao longo de um período de tempo mais ou menos extenso. Acção principal – É constituída pelo conjunto das sequências narrativas que assumem maior relevo. Acção secundária – É constituída por sequências narrativas consideradas marginais, relativamente à acção principal, embora geralmente se articulem com ela. Permitem caracterizar melhor os contextos sociais, culturais, ideológicos em que a acção se insere. Sendo a acção um conjunto de sequências narrativas, existem vários possibilidades de articulação dessas sequências. Encadeamento – As sequências sucedem-se segundo a ordem cronológica dos acontecimentos:
Encaixe – Uma acção é introduzida no meio de outra, cuja narração é interrompida, para ser retomada mais tarde:
Alternância – Duas ou mais acções vão sendo narradas alternadamente:
PersonagensAs personagens suportam a acção, visto que é através delas que a acção se concretiza. Elas vão adquirindo "forma" à medida que a narração evolui, num processo designado por caracterização. Caracterização directa – Os traços físicos e/ou psicológicos da personagem são fornecidos explicitamente, quer pela própria personagem (autocaracterização), quer pelo narrador ou por outras personagens (heterocaracterização). Caracterização indirecta – Os traços característicos da personagem são deduzidos a partir das suas atitudes e comportamentos. É observando as personagens em acção que o leitor constrói o seu retrato físico e psicológico.
Relevo
Composição
Funções (estrutura actancial)
Espaço
Tempo
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