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JORGE SANTOS • BRAGA • PORTUGAL |
TIPOS DE FRASE
1) A vida de Mariano Paulo não pedia grandes festas. Trata-se, obviamente, de uma frase de tipo declarativo, visto que é utilizada pelo narrador para fornecer informação sobre a personagem. 2) – A blusa é de seda? Pode-se apalpar? Olhando à estrutura das frases, teremos que as classificar como sendo do tipo interrogativo. No entanto, o contexto mostra-nos que estas duas frases têm um conteúdo expressivo. O emissor pertence à burguesia rural e depara-se com uma rapariga do povo, jovem e atraente. O desejo que sente por ela manifesta-se sob a forma dessa dupla interrogação. Portanto, a linguagem reveste aqui uma função claramente expressiva. Por outro lado, é evidente igualmente a intenção de obter da jovem, se não a aquiescência, pelo menos a submissão às intimidades do senhor. Por esse motivo, é possível atribuir-lhe uma função apelativa. O fragmento é interessante, entre outras coisas, porque permite perceber que é demasiado simplista estabelecer uma relação unívoca entre determinado tipo de frase e uma certa função da linguagem. No caso concreto da frase interrogativa, tanto pode relacionar-se com a função informativa da linguagem (obtenção de dados em falta), como com a expressiva, ou mesmo a apelativa. É isso, aliás, que fundamenta a noção de "interrogativa retórica", tão frequente nos textos literários, em geral, e nos discursos argumentativos, em particular. 3) – Apalpe a que o pariu. A forma verbal no imperativo, não permite dúvidas. Trata-se de uma frase do tipo imperativo. Mas. também aqui, a função da linguagem é dupla: exprimir a indignação da emissora (função expressiva), por um lado, e controlar o comportamento do receptor, impedindo a intimidade (função apelativa), por outro. 4) – Irra, que estopada. Trata-se de uma frase de tipo exclamativo. Note-se a interjeição inicial ("Irra") e a entoação típica que o contexto sugere, se bem que o autor não a tenha expresso pelo recurso ao ponto de exclamação. 5) – Suba, tente serená-lo. Também aqui estamos perante uma frase do tipo imperativo, com uma função claramente apelativa, embora seja também possível vislumbrar um toque da função expressiva da linguagem, na medida em que a personagem, com esta frase, manifesta uma certa preocupação. |
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