Cia. Docas de Santos
 
Ferronorte quer terminal em Santos
Hélio Schiavon - Da Reportagem
11-06-2000

A Ferronorte vai definir em três semanas a localização de seu terminal em Santos. A informação é do diretor de Operações da ferrovia, Henry Chidgey. Segundo ele, a empresa quer usar o terminal em 1999.

  Já existem recursos para financiar a obra, antecipa a Codesp. A Ferronorte é uma empresa privada e atuará em Santos na condição de operadora portuária.

  Santos foi escolhido como porto preferencial para escoar a soja produzida na Região Centro-Oeste do Brasil, afirmou Chidgey, quando visitou o porto, na semana passada, para acompanhar a descarga do primeiro trem que chegou do Mato Grosso do Sul.
 
  O diretor da ferrovia destacou a importância da Ferronorte para o País, revelando que o potencial da área que abrange é de 15 milhões de toneladas de grãos por ano.
O primeiro trem - O fato histórico aconteceu no dia 3, quando o terminal portuário privado da Cargill, na margem esquerda do estuário (Guarujá), recebeu o primeiro trem com 20 vagões, transportado mil toneladas de soja, embarcadas em Inocência, no Mato Grosso do Sul.
 
  O custo do transporte de soja para Santos vai cair em 30%, declarou para A Tribuna, naquele dia, o empresário Olacyr de Moraes, um dos maiores produtores do País e idealizador da estrada.
 
  A ligação da Região Centro-Oeste com Santos só foi possível depois que o presidente Fernando Henrique Cardoso inaugurou a ponte rodoferroviária sobre o Rio Paraná, no dia 29 de maio.
 
  Na mesma data, a Ferronorte entregou aos exportadores o primeiro trecho da estrada, com 110 quilômetros de extensão, ligando o Terminal de Inocência ao de Aparecida do Taboado.
 
  Os vagões agora passam sobre o Rio Paraná e entram na linha da Fepasa. A primeira viagem demorou 40 horas, contra mais de uma semana que gastam os caminhões.
Integração - Chidgey observou que o tempo não deve ser considerado o fator mais importante, quando se tratar de transporte de grandes volumes. ''O mais importante é o custo do frete'', afirmou.
 
  Para ele, o Brasil finalmente se integra ao Primeiro Mundo, ''onde o transporte de granéis só é feito por ferrovias e hidrovias''.
 
  Observou que a ferrovia caminha para o Oeste e está ampliando as fronteiras agrícolas do País: ''O Brasil se redime do atraso de um século, em relação aos Estados Unidos, onde o desenvolvimento chegou aos mais distantes rincões através dos trilhos''.
Supertrens - O diretor de Operações da Ferronorte disse que, ''por um lado, o atraso foi bom'', porque a tecnologia de hoje permite o emprego do que existe de mais avançado em transportes.
 
  A empresa planejou todo o seu sistema, visando a operação de trens pesados. Dentro de um ano, as composições terão 118 vagões e serão divididas em duas, quando chegarem às linhas da Fepasa, que não foram construídas com a mesma tecnologia avançada.
 
  Para tais trens, segundo Chidgey, foram adquiridos 50 locomotivas de 4.400 cavalos e 180 vagões de alumínio, com capacidade de 95 toneladas (quase o dobro da capacidade dos vagões atuais). Esses hoppers (graneleiros) fazem parte de uma encomenda de 1.080 unidades e serão todos construídos no Brasil.