Cia. Docas de Santos
 

Fepasa transporta só 1,5% da carga do porto público

Da Reportagem
03-09-1998
A Fepasa, cuja privatização estava marcada para quarta-feira, transportou apenas 1,55% das cargas que chegaram ou sairam este ano do porto público, por intermédio de trem, caminhões e dutos. A informação é da Codesp. O departamento de Marketing da ferrovia que pertence ao Governo do Estado não forneceu informações, alegando que a empresa passa por um período de transição.

No ano passado, de um total de 24 milhões 257 mil toneladas, a Fepasa transportou 445 mil, sendo 260 mil (2%) em direção ao porto e 185 mil (1,62%) no sentido inverso. Este ano, de um total de 11 milhões 356 mil toneladas, no período de janeiro a julho, a ferrovia transportou 176 mil toneladas, sendo 101 mil de exportação e 75 mil de importação.

Técnicos da Codesp comentaram que, apesar das promessas de prestigiar as ferrovias, feitas por inúmeras administrações, tanto do Governo Estadual como do Governo Federal, a partir da década de 60, o trem sempre teve pouca participação no transporte de cargas para importação ou exportação. Eles estimam que o total da participação do trem, hoje, em todo o porto, se limita ao máximo de 6%, mesmo depois da privatização das linhas da Rede Ferroviária Federal, agora administrado pelo Consórcio MRS.

Metas não cumpridas - Na realidade, pelo menos quatro concessionárias das ferrovias privatizadas pelo Governo não conseguiram alcançar as metas estabelecidas nos contratos.

Além da MRS (Malha Sudeste), a Noroeste (Bauru-Coruimbá), a Ferrovia Centro-Atlântica (Centro-Leste) e a Ferrovia Sul-Atlantico (Sul) não cumpriram o que havia prometido ao Governo. As empresas apontaram como fatores negativos às operações ''a interdependência de fretes com a Fepasa'', que teria acarretado perdas de 33% em seus volumes durante o período 1993-1997.

Alegaram, ainda, a desregulamentação do mercado de transporte de petróleo, que teria dados prejuízo de 1 bilhão de tku (toneladas por quilômetro útil) e até as muitas quedas de barreiras por chuvas torrenciais, provocadas pelo fenômeno El Niño.

Recuperação - O ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, acredita entratanto na recuperação das ferrovias, ainda este ano.  Segundo ele, todas as concessionárias de estradas de ferro brasileiras poderão superar a defasagem do primeiro ano de operações, porque têm grandes investimentos a fazer em 98, como a melhoria das linhas e a compra de novos vagões.