Cia. Docas de Santos
 
Estrada trouxe progresso à Baixada
A TRIBUNA de Santos - Da Sucursal
Litoral Paulista, Domingo, 17 de Setembro de 2000
A construção da Estrada de Ferro São Paulo Railway (que depois passou ao domínio da Rede Ferroviária Federal, como ramal de Santos até Jundiaí), em 1867, trouxe progresso à região, impulsionou o desenvolvimento de Cubatão e proporcionou um novo alento ao Porto de Santos. Pesquisa histórica feita por Edna Lemos Moura aponta que a exportação do café, principalmente, justificava nessa época a consrução de uma ferrovia.

  A proposta começou a ser levada a sério quando Frederico Fomm, um alemão residente em Santos, resolveu estudar na Serra de Cubatão qual o caminho que melhor se prestasse ao assentamento de trilhos para a construção de uma via férrea que ligasse a Baixada ao Planalto.

  O melhor traçado era a encosta da Serra de Paiçaguera, por onde passava uma antiga trilha indígena a partir de Paranapiacaba (que em tupi significa lugar de ver o mar). De posse de todo o material necessário, em 1838, Fomm requereu concessão imperial para executar a obra, o que lhe foi concedido através da Lei 27 de 29 de março de 1838. Mas, Fomm morreu enquanto lutava para obter os financiamentos.

  Mauá — O projeto foi cair nas mãos do Visconde de Mauá, o empreendedor Irineu Evangelista de Souza, que contratou um técnico inglês para traçar a rota de São Paulo à Baixada. A seguir, conseguiu um empréstimo da Casa Rothschild, em Londres, para executar as obras.

  A Baixada Santista deve ao Visconde de Mauá (que mais tarde seria injustiçado, apesar de homem de grande visão, perdendo quase toda a sua fortuna) a construção de uma ferrovia por onde passaria todo o progresso de São Paulo, além de levas de imigrantes italianos, espanhóis e japoneses que foram trabalhar nas lavouras de café, embarcando na Praça Marques de Monte Algre, próximo ao Porto de Santos.

  Em 26 de abril de 1856, o decreto imperial 1759 concedeu direitos e privilégios para a construção e exploração de uma linha férrea entre a Baixasa Santista e São paulo à empresa The Saint Paul Railway (SPR), com sede em Londres.

  A viagem inaugural do sistema funicular (as composições subiam presas a cabos de aço, desde Paranapiacaba, no trecho da serra), que marca também a inauguração da estação de Cubatão, se deu no dia 16 de fevereiro de 1867 e levou ‘‘apenas‘‘ 3 horas e 10 minutos.

  Romantismo — Entre 1896 e 1901 o traçado inicial na serra foi modificado, construindo-se uma nova linha com 10 quilômetros de extensão. Em 1946, a SPR foi encampada pelo Governo Federal, passando a chamar-se ‘‘Estrada de Ferro Santos-Jundiaí‘‘.

  Já em 1861 se cogitava mudar o sistema funicular para o de tração mista (engate de esteira em uma cremalheira e cabo de garantia) o que só ocorreu no dia 17 de agosto de 1974. O então presidente da República, Garrastazu Médici, inaugurou o novo sistema, circulando pela via onde, no passado, também andou em um trem especialmente feito pelos inglêses, o então imperador D. Pedro II, e tantas outras figuras históricas que deram à ferrovia, nos contos de Geraldo Ferraz e Afonso Schmidt, um ar de encantamento e romantismo.

  Ainda há muita gente na Baixada Santista que sente saudades do estilo inglês da velha SPR, com seus maquinistas e moços de bordo impecavelmente vestidos (de terno e gravata e educação britânica). A subida a Paranapiacaba com o fog no estilo londrino e, principalmente, o exato cumprimento dos horários na saída e chegada do trem

Pontilhão — A MR Logística se prontificou, também, a manter e sinalizar a passagem de nível entre a vila e a Avenida Bandeirantes.

Sônio Célio disse que agora está aberto o diálogo entre a empresa e a comunidade. Tanto que, além da assumir a responsabilidade de manter os trilhos para evitar acidentes (há menos de um mês houve um descarrilamento na Vila dos Pescadores) a MRS Logística está disposta a ajudar a implantar uma proposta antiga defendida por Sônio: o aproveitamento do pontilhão ferroviário sobre o Rio Cubatão para a passagem de veículos, em situações de emergência.

O vereador defende a abertura de uma rota alternativa à Rodovia Cônego Domênico Rangoni (antiga Cuatão-Guarujá) pela região de Areais, utilizando esse pontilhão até atingir o Jardim São Francisco.

Essa rota seria utilizado em casos de congestionamentos na estrada e de acidentes nas indústrias.‘‘A obra é de baixo custo e grande interesse. Salvará vidas’’.