Para ficar em Amsterdam de graça, seja atropelado pelo tramway, você será bem tratado no hospital e poderá ficar alguns dias comendo bem. Isso se não estiver ilegal no país.

Para ficar em Amsterdam baratinho, você tem duas opções das mais razoáveis: se você quiser gastar 20 dólares por dia, fique no
Flying Pig Hostel, onde concentram-se muitos dos norte-americanos que vêm à cidade somente para encher a cara de Heineken (descobrindo ao longo de cinco dias que dá dor de cabeça e na verdade é uma péssima cerveja) ou para fumar muito baseado, tomar cogumelo, etc. Fica perto de Rembrandts Plein. Há a opção de trabalhar no albergue e dormir de graça, isso funciona somente alguns dias, você serve o café da manhã, ajuda a lavar louça e dorme e come de graça. Para isso você deve ficar disponível algumas horas por dia e falar Inglês compreensível.
O café da manhã é regulado, você não tem o direito a ter tudo que tem vontade. Deve fazer a escolha entre pão, ou ovo, ou cereais... Diferentemente do albergue de Rotterdam (onde pode-se fazer enormes sanduiches que duram todo o dia na sacola a tira-colo), em Amterdam a larica impossibilita o padrão cidade média européia, e a sensação de que todos querem sempre passar a perna nos outros porque gastaram todo seu dinheiro em haxixe te deixam meio deprê. Se você não tem problemas com Deus ou se é ateu como eu e procura um ambiente mais familiar, com Maria, José e muitos missionários, hospede-se no
Christian Youth Hostel, bem ao lado do bairro da luz vermelha, atravesse a rua das putas nas vitrines e voilà, o pecado mora ao lado, no albergue mais deprimente que alguém pode conhecer. Mas nada de tão terrível pelo preço que cobram. 25 NLG, 25 reais por dia, uns 10 dólares, com café da manhã incluído, Jesus is Lord em todas as paredes, uma americana gorda que toca músicas gospel no piano as 8 da manhã, cristãos afoitos que num silêncio monástico lêem a Bíblia as 19 horas na sala de reunião. Sala que te dá acesso gratuito à internet porém sem acesso a sites abertos, somente e-mails, pois o capeta pode ser um hacker. Você também pode trabalhar algumas horas por dia no albergue em troca de hospedagem, porém no máximo durante uma semana. Poloneses, russo, húngaros, todos ilegais na Europa ocidental e procurando trabalho ilegal se concentram nesse albergue, enquanto missionários norte-americanos organizam burocraticamente o albergue fazendo a peregrinação pela Europa levando a palavra e a mochila de Jesus. Os quartos são impecavelmente limpos, assemelham-se muito a um hospital psiquiátrico. Quebra-cabeças e jogos, além de Bíblias em todos os idiomas estão disponíveis para os estrangeiros que sem dinheiro não podem sair na rua. Porque em Amsterdam estar na rua significa gastar dinheiro, seja comendo, pegando transporte público, indo ao Cyber café do capeta que tem acesso ao mundo internauta (Easy Everything), tomando chá de cogumelo de Jesus, visitando inúmeros museus, etc.

Não se assuste com a oferta incrível de cocaína e haxixe nas ruas, homens simpáticos de origem desconhecida oferecem em todas as esquinas dos bairros turísticos qualquer tipo de droga, e se você estiver interessado, compre inclusive bicicletas roubadas incrivelmente baratas. Por 25 reais você compra uma. Por isso a democracia das bicicletas faz com que nenhuma tenha marcha (a Holanda é toda plana) e todas têm cara de bicicleta de avó. Os roubos são muito comuns e duas travas são o mínimo de garantia que a sua estará no mesmo lugar em que deixou. Se colocá-la na frente de uma porta que atrapalhe o trânsito do morador, corres o risco de ter seus pneus murchos, e verás que não há nenhum lugar onde enchê-lo, pois as bombas dos escassos postos de gasolina não servem nas bicicletas. Desespere-se e ande quilômetros com o pneu murcho até encontrar um cristão que te empreste a bomba (que ninguém carrega consigo para evitar roubos de acessórios). Não se esqueça de sempre esticar o braço para indicar quando vai virar à esquerda ou direita numa rua. Bicicleta é coisa séria e é encarada como veículo na Holanda, não atravesse sinal vermelho. O mesmo serve como pedestre. Nunca abstraia a bicicleta que se aproxima quando estiveres a pé, pois eles xingam quando turistas andam deslumbrados com a cidade e não respeitam os direitos das duas rodas. Inclusive a senhora que está indo em vestido de gala na Ópera sobre sua bike.

Para fazer ligações internacionais, compre um cartão para chamadas a longa distância, numa das lojinhas identificadas com bandeiras coladas na porta: Suriname 100 minutos, Mexico, 60 minutos, etc... Isso quer dizer que cada cartão que custa 25 NLG (25 reais mais ou menos) dura esse tempo. Dá pra fazer múltiplas ligações e alguns cartões somente fazem o atendimento em holandês, super útil para o turista desavisado. A sensação de estar sendo enganado é inevitável. Sempre parece que dura menos do que você imagina.

Para ver arquitetura contemporânea, visite a ilha de Java. Lá encontram-se espécimes de vários escritórios conhecidos holandeses, a maioria são edifícios residenciais de tipologias diversas, próximos ao centro,  mas que por não contar com serviços de comércio, reduz-se a terra de ninguém especialmente no frio do inverno. Ali se percebe a diferença entre a arquitetura contemporânea sendo feita em Rotterdam e Amsterdam. Na ilha de Java, muita coisa deu errado...
O conjunto habitacional do MVRDV, onde as células ficam penduradas da fachada, encontra-se em Ookmeerweg, Osdorp

Arquitetura moderna está espalhada pela cidade, e geralmente deve-se tomar um tramway para chegar até ela. Felizmente há um guia de arquitetura holandesa disponível em várias livrarias. Por ser caro, podes “folhear” o livro em algum lugar anotando todos os endereços das obras, e depois devolver o livro colocando-o no fundo da prateleira, pois estará meio dobrado e desfolhado.

O orfanato do Aldo van Eyck, o
museu van Gogh (pronuncia-se fan Rrrorrr – bem gutural) de Gerrit Rietveld, e os conjuntos habitacionais do Oud e de Klerk na periferia são as peças fundamentais.

Depois de alguns dias você se dará conta de que não há nada para se fazer na cidade, e visitando a
casa de Anne Frank saberá que realmente quando uma cidade do tamanho de Amsterdam e com toda sua história resume uma de suas principais atrações turísticas num lugar tão pequeno (ok, é significativo, mas é pequeno...) como esse, estar em Paris, Roma ou Berlim torna-se realmente necessário.
No final da viagem você sucumbirá aos
Coffee Shops, pode escolher entre diversos tipos de ervas. Se quiser entrar e tomar uma cervejinha, lembre-se: os Coffee Shops não servem bebidas alcóolicas, somente café, chá e refrigerante. É porque eles são muito comedidos, essa coisa de entorpecer-se não é com eles. Mas um bom baseado não faz mal. Se você quiser pegar pesado vá a um Smart Shop, espalhados pela cidade, onde se vê na vitrine todo tipo de cogumelo, shitakes, champignons, que não fazem parte da culinária fina. É barra pesada, se você quiser ficar no quarto do albergue uns três dias vendo duendes, vá em frente. Se estiver cheio de canais e bicicletas, talvez valha a pena. Depende do teu ponto de vista.

Para sair da cidade, ou chegar a ela, baratinho, use o serviço do sempre útil
Eurolines, ônibus que circula toda a Europa e tem preços super bons dependendo da época. Encontrei um bilhete Amsterdam-Paris por 20 dólares. Pesquise antes de comprar bilhete de trem. Os guichês da Eurolines sempre ficam perdidos, mas é só perguntar na estação de trem que eles informam.

Você pensa que essa bicicleta é da sua avó??
errou... na ocasião da certidão de nascimento, cada cidadão holandês ganha uma dessas, além dos tamancos de madeira, claro...
Este é seu passaporte da alegria na Holanda. Esta Strippen Kaart te permite tomar qualquer transporte público no país, é só validar o número de casas correspondente ao trajeto. Não tente enganar e sair ganhando, pois há fiscalização nos ônibus e metrô. A Kaart é muito cara, 12 florins, e dependendo da situação pode render somente três ou quatro viagens. Por isso alugue uma bicicleta, é mais barato.
Um dos cartões telefônicos holandeses
MVRDV, Osdorp.