Se se morre de amor!
Amor é vida; é ter constante
Alma, sentidos, coração- abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d’extremos
D’altas virtudes, até capaz de crimes!
Compreendo o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos;
D’aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em risco e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entres:
Isso é amor, e desse amor se morre!
(Gonçalves dias)