Quem indicou o local definitivo, Santa Rosa, para o estabelecimento dos salesianos em Niterói, foram os dois vicentinos citados. A data em que os salesianos chegaram a Niterói, para eles, era um dia qualquer do mês de julho, porém, para os anticlericais, era uma data fatídica: Tomada da Bastilha, lembrando a Revolução Francesa. Segundo a opnião de D. Luiz Lasagna, os salesianos que vieram para Niterói não eram a fina flor da Congregação. Não obstante esse parecer do bispo, os sete salesianos que aqui aportaram foram, por sua bravura e perseverança, a pedra fundamental desta grande obra. Eram eles: Borghino, Peretto, Faglino, Delpiano, Monte, Daneri e Cornélio.
Os salesianos receberam para moradia uma pequena casa situada dentro de uma grande chácara. A idéia predominante nos fundadores era abrigar meninos pobres, dando-lhes inclusive oportunidade de aprenderem ofícios. A vizinhança era boa e muitas pessoas ajudaram na fixação dos salesianos aqui.
A imprensa, porém, não perdoava a entrada desses "novos jesuítas" (assim eram chamados os religiosos que para cá vieram). Não faltaram calúnias através dos jornais e pressões para que os religiosos abandonassem a obra. Os tempos correram.
Eu queria também lembrar minha infância, meus 11 anos ... 1933 - cinquentenário da Obra Salesiana em Niterói. Recordo-me de que, nessa época, os salesianos tinham em Niterói um colégio para internos e externos, que fazia inveja a muitos outros estabelecimentos. O ensino era dos mais esmerados. Além do estudo clássico para o qual acorriam alunos de vários estados do Brasil, havia as escolas profissionais, que preparavam os jovens para diferentes ofícios, adestrando-os para o trabalho. As Escolas Profissionais Salesianas, através de seus impressos, as Leituras Católicas, atingiram quase todos os lares. Os salesianos, que estavam à frente do Colégio Santa Rosa e do Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora, eram gente de "peso". Alguns nomes me vêm à memória, quase todos pessoas já falecidas: Pe. Emílio Miotti, Pe. Emílio Filipini, Pe. Antonio Pazzini, Pe. Pedro Pinto, o santo Pe. Rodolfo Komorek, Pe. Paulo Consolini. Pe. José Solari, Pe. Frederico Gioia, Pe. Maurílio Tomanik, Pe. Irã Corrêa, clérigos Félix Koczwara, Bartolomeu Poli, Afonso Baroni, Braz Kammer. Eu era aluno da Escola Nossa Senhora Auxiliadora, que hoje está na mão do Estado, mas no meu tempo era sustentada pelos salesianos.
Eu era também oratoriano, que saudades... Tinhamos no Santuário Nossa Senhora Auxiliadora - assim se chamava nossa igreja - um grupo de coroinhas, do qual eu também fazia parte.
Porém, o que mais me tocou como aluno da Escola Nossa Senhora Auxiliadora foi o desfile que fizemos juntamente com os alunos do Colégio Santa Rosa. Nesse ano do cinquentenário foram feitas grandes festas comemorativas.
A Diocese foi consagrada a Nossa Senhora Auxiliadora, que voltou para o Santuário em meio às aclamações do povo. Foi feito um grande andor, armado em cima de um caminhão. Os salesianos gozavam de um grande nome em toda Niterói.