Vestir-se para Deus


Será que já tomamos consciência da importância da veste? Será que nos apercebemos de sua linguagem? Vejamos.

Há vestes próprias para cada finalidade. Vestes para ficar em casa. Vestes para trabalhar. Vestes para praticar esportes. Vestes para atos sociais e festivos. Há até roupa "domingueira", que costumamos chamar em algumas regiões de "roupa de ver Deus". O tipo de roupa traduz, muitas vestes, até o grupo social e o serviço que fazemos: o macacão do operário de fábrica; a toga do juiz; a farda do militar; o "clergyman" do padre; o uniforme do estudante.

Vemos, portanto, que a roupa tem a ver com a identidade da gente. Ela faz parte de um pouco de nós. Entra na nossa relação com os outros. É como se a veste marcasse nosso corpo, a nossa mente, a nossa alma. De certa forma, somos o que vestimos.

Fazendo uma auto-crítica, vemos que nós, católicos, não traduzimos através de nossas vestes a importância do ato que celebramos. Vestimo-nos mal e, o que é pior, com roupas que não condizem com a importância do ato celebrativo. Vi escrito num centro espírita daqui de Niterói a seguinte recomendação: "Por caridade, não entre com roupas que não condizem com o ambiente: decotes, bermudas, shorts, camisetas, saias curtas...". Além desses nossos irmãos, vemos também como os protestantes se vestem bem nas suas celebrações. Não precisamos vestir com luxo, mas vestirmo-nos bem e sobriamente, porque o belo agrada aos olhos e nos leva a Deus.

Observamos também com pesar o fato de se registrar hoje uma tendência de laicização dos clérigos no que se refere às suas vestes. Após o Concílio, a Igreja quis simplificar os hábitos dos sacerdotes e/ou religiosos(as), mas não os aboliu. As vestes dos religiosos traduzem para nós que eles são pessoas consagradas ao serviço de Deus. "Estamos precisando de sinalizar Deus" neste mundo secularizado em que vivemos (Decreto "Perfectae Caritatis", n. 1268).

Que Maria, Rainha da Alegria Pascal, nos ajude a todos -- cristãos ordenados e não ordenados -- a testemunharmos, com coragem, através também das vestes, nossa FÉ NO CRISTO RESSUSCITADO.

Ivanil Carvalho

Jornal "Nossa Comunidade" - ano XX
N. 766 - 26/04 - 09/05/98