Nossas Figuras Folclóricas 6

 

Em recente leitura do jornal Correio Brasiliense, tivemos contato com uma crônica, onde o autor narra as várias corridas que deu, fugindo de uma perseguição, no caso, de um “grameiro”, que é a denominação que ele dá para um vigia da grama de um jardim.

Veio-nos a lembrança das várias corridas que demos, fugindo das pedradas quase certeiras do Zé da Onça, um rapaz com deficiência mental, sempre pronto a jogar pedras e correr atrás do menino que pronunciasse seu nome daquela forma. Ele morava na hoje Rua Antonio Pedro  Benevides, próximo a então Usina Benevides, de beneficiamento de algodão. Andava pela rua a pedir esmolas, numa aparente calma, bastando porém que um menino mais afoito gritasse as palavras “Zééééé da Onnnnnnçaaa” para que ele se transformasse instantaneamente numa fera, jogando na direção do provocador qualquer objeto que estivesse ao seu alcance, muitas vezes, pedras, já que poucas ruas àquela época eram pavimentadas e portanto, munição era o que não faltava. Não foram poucas as vezes em que “um inocente” foi acertado por uma dessas pedradas, provocando em seus pais uma atitude de total revolta, com o conseqüente pedido para que as autoridades competentes tomassem providências contra o pobre Zé, algumas dessas, resultando na prisão do mesmo. Poucos dias depois, era solto e a cena se repetia, recomeçando as provocações.

Quando sua família conseguia de alguma forma mantê-lo em casa, tentando preserva-lo, alguns meninos iam até a porta de sua casa para o desafiar, o que ocasionava  nova onda de ira, seguida de pedradas. Outro efeito causado no pobre Zé, quando os insultos eram mais insistentes, eram ataques de eplepsia, os quais muitas vezes causavam ferimentos no mesmo em virtude da queda.  Talvez, para o seu próprio bem, teve morte  quando ainda jovem.

OUTRA VÍTIMA

Outra pobre vítima da maldade da meninada, tendo entretanto uma vida mais prolongada, já que morreu não faz muito tempo, foi a mulher apelidada de “Chica Macacaiu”, que morava ali pras bandas da “rua da cadeia”,  que deslanchava uma chuva de impropérios contra aqueles que a chamassem por esse nome. Não me consta que a mesma atirasse pedras, e sim, que além das palavras de baixo calão, apenas corria atrás da meninada, mas nunca alcançando nenhum, não havendo maiores consequências ou problemas para os meninos, mas sim, somente para a pobre Chica.

 

WebMaster: David Elias N. Sá Cavalcante

Editor/Redator: Elias Eldo Sá Cavalcante

F O L H A   D E   M O M B A Ç A - Nº 12 - AGOSTO/2002