Violência se resolve com

Educação e Emprego

 

A Folha de Mombaça noticiou na sua edição de outubro/2002 que os moradores da cidade realizaram uma caminhada pela paz e contra os freqüentes atos de violência, roubos e assassinatos que têm ocorrido ultimamente na sede do município. Infelizmente a violência urbana chegou as cidades interioranas, com todas as suas mazelas. Não há mais aquele ar de tranqüilidade que reinava antigamente, onde os habitantes se conheciam mutuamente e desfrutavam de uma vida pacata. Hoje  a tônica em qualquer parte do país, pequena ou grande, rica ou pobre, é os altos índices de criminalidade. A população se sente desamparada, frágil e desprotegida diante da incapacidade do Poder Público em combater a crescente onda de violência. Esta situação leva os indivíduos a buscarem  proteção das mais variadas formas, uns procurando segurança (colocando grades  nas residências, alarmes, vidros nos muros, etc.), outros se armando pensando que podem enfrentar sozinha a situação.. 

          Antigamente era a seca a principal responsável pela mobilização da população em busca de trabalho e sobrevivência nos  grandes centros urbanos. A ida e a vinda eram problemáticas em virtude da falta de estradas, comunicações e transportes decentes.  O deslocamento se dava de famílias inteiras que vendiam o pouco que tinham e se aventuravam em terras distantes. Hoje, ao contrário, há facilidade de locomoção, o telefone coloca as pessoas em contato em questões de segundos e há  transporte quase que diariamente para várias partes do país. Nesse contexto, o jovem trabalhador, como também o pequeno produtor rural,  na falta de perspectivas de melhoria de vida nos locais de origem, sonha com a ilusão das oportunidades nas cidades grandes. Quando lá se encontra começa a batalha pelo emprego, que sem qualificação quase nenhuma, termina virando operário da construção civil. Quando a sorte não lhe sorri, o emprego não vem e com isso  sem dinheiro, sem moradia e sem esperança, começa a viver de favores nas casas de parentes ou conhecidos. Não tem mais tempo para estudar e o quadro cada vez mais vai se agravando. Com a cabeça baixa, a falta de trabalho e a estima em queda, o universo da droga e do crime começa atraí-lo como única forma de sobrevivência.

            Entretanto, com o passar dos anos, vai precisar se esconder ou mudar de lugar para fugir da perseguição da polícia ou de quadrilha inimiga. É quando se dar à volta para o local de origem, trazendo os vícios e a familiaridade com o crime. A cidade, então,  começa a pagar por tê-lo entre seus habitantes. Os roubos passam a ser freqüentes e a população mesmo desconfiando do autor, não tem coragem de denunciá-lo, porque teme represália do mesmo e o jeito é conviver com a total falta de segurança que se instalou na cidade. A eliminação de pessoas por motivos banais torna-se corriqueiros. E o mais grave acontece: o país não possui uma estrutura policial que possa combater o crime com sucesso.  

             Dentro desse quadro é difícil encontrar solução. Entretanto, na minha opinião, a raiz do problema está na falta de políticas públicas que possam gerar e manter empregos no meio rural e nas pequenas e médias cidades. A precariedade hoje existente no ensino fundamental e profissionalizante deve ser superada. Uma rede de serviços de saúde tem que ser criada para permitir o atendimento da população no seu próprio município, sem o deslocamento indesejável para outras cidades. Uma infra-estrutura de apoio ao homem do campo tem que ser agilizada. O município de Mombaça em pleno século XXI ainda não dispõe de energia elétrica em todas as suas  localidades, como também, falta o  incentivo e financiamento para o desenvolvimento de uma agricultura familiar que gere renda e emprego.

             Como se vê,  a questão para ser bem resolvida exige mudança na política do governo federal. Algum tempo atrás,  foi criado um Plano de Segurança para o país que não chegou a sair do papel. Se os recursos investidos no país fossem dirigidos para criação de empregos e melhoria  do ensino fundamental, os resultados seriam bem melhores com grandes benefícios para a população brasileira. 

Rui Alencar Andrade

 

 

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F O L H A   D E   M O M B A Ç A - Nº 15 - NOVEMBRO/2002