O Folclore Esportivo
Voltamos a falar no folclore esportivo de nossa terra, relembrando figuras que marcaram presença, quer pela elegância no tratar a pelota, quer pelo jeito espalhafatoso de se conduzir. Não vamos aqui seguir uma ordem cronológica, mas apenas relacionar nomes que afloram à nossa memória, uns ainda vivos, outros não. Assim é que começaremos pelo Sérvulo Deus, um descendente da família Lemos, praticante de um futebol refinado e apurado, vez que tinha qualidades de craque, no domínio da bola, no drible, e ainda dispondo de uma excelente capacidade física. Era o que se chama de coringa, pois jogava em qualquer posição, sendo entretanto melhor como goleiro ou como goleador. Porém o seu futebol não agradou ao técnico então contratado para a disputa do intermunicipal, alegando este que Sérvulo Deus abusava de jogadas individuais, tornando-se assim muito dispersivo. Falar do Siqueirinha é também lembrar um jogador com alto padrão técnico, fazendo jogadas “de estilo” e produzindo para a equipe. Houvesse lhe sido dada uma oportunidade num time maior da capital cearense, com certeza teria deixado seu nome gravado na memória dos desportistas cearenses. Largou tudo e foi embora para São Paulo, de onde não se tem tido notícias suas. Ermetério, também conhecido como Salabanco, tem a virtude de ser o maior torcedor do Ceará Sporting Club, em Mombaça, mas que era ruim de bola, isso é verdade. Então por que fazer parte do folclore futebolístico. Pela sua insistência, vez que não perdia um treino ou mesmo um racha. E ainda virava fera se não fosse escalado para um jogo da seleção. Raimundo Gaiola, êta zagueirão filosófico, pois do pescoço para baixo tudo era canela. E o que dizer do zagueiro Beca ? Valia até o pescoço. Agora na arte de fazer gol não se pode esquecer o Zé Flávio, conhecido como Taioca, exímio goleador, principalmente quando o adversário era a seleção de Senador Pompeu. Tinha também o Tindô, um ponta pequeneninho mas aperreador. Aí tem também uma “curriola” mais nova, como Bié, Chico Léu, José Eribaldo, Manézinho e mais recentemente, Túlio, Hélio César, Mancondes, Chico Baixinho, Kleber, Bosquinho e muitos outros que fizeram o nosso futebol sobressair-se numa época não muito distante, quando conquistou posições de destaques no futebol interiorano e também no futebol de salão. Outros tinham lugar garantido apenas pela potência do chute, como Beroaldo Veras e Bismarck Virginio. Outros porque pagavam as despesas. Haviam times bem organizados, com diretorias estruturadas, como o 21 de Abril (do Prof. Diassis), o Norte América, o Sul América, o Ipiranga, o Operário etc. Haviam torneios e campeonatos anuais, alegrando as tardes de domingo. Costumeiramente, o Presidente do Clube era o “dono do time” e também o técnico. Dentre esses, o já citado Prof. Diassis e o Anetônio, conhecido como Prof. Amaro, que nas preleções sempre usava a mesma expressão: “jovem, avante, pois o seu futuro é brilhante!”. Porém, ninguém deu mais de si pelo esporte mombacense que o Valdemar Lima, que mantinha o time por sua própria conta, e numa disputa de intermunicipal pagou do seu próprio bolso as despesas para que a seleção mombacense pudesse continuar nas disputas, tendo assim enormes prejuízos financeiros que, não reembolsados, o obrigaram a ir embora de Mombaça, na busca de recuperar as finanças, e por melhores dias. Outro patrocinador forte era o Zé Amâncio, que mantinha por sua conta um time na zona rural, na localidade denominada Poço D’Areia, chegando algumas vezes a classificar sua equipe para as finais do campeonato local.
E-mail: hpmombaca@zipmail.com.br WebMaster: David Elias N. Sá Cavalcante Editor/Redator: Elias Eldo Sá Cavalcante F O L H A D E M O M B A Ç A - Nº 16 - DEZEMBRO/2002 |