Os desafios do novo
Governo Federal
Estamos iniciando o ano com um novo governo. Há previsões sombrias que 2003 não seja um bom ano. De um lado, os economistas afirmam que a situação financeira do país não é boa, com o dólar nas alturas e uma pesada dívida que consome mais da metade do orçamento da União no pagamento de juros. A inflação voltou a mostrar a cara, retornando a casa dos dois dígitos e ameaçando a estabilidade da moeda. Há indícios de um inverno irregular no Nordeste. Entretanto, há um contingente enorme de pessoas que acreditam que mesmo com a situação difícil que atravessa o Brasil, ainda há espaço para condução de políticas públicas voltadas para o social. Na verdade há quatro pontos fundamentais que precisam ser atacados independentemente da condição econômica do país. São eles pela ordem de prioridade: o combate à fome, a melhoria contínua da educação fundamental, o combate à violência, o desemprego e um movimento de coragem pela ética e dignidade na gestão da coisa pública. O programa de combate à fome precisa ser ampliado para incorporar uma parcela da população brasileira, que vive como indigente, sem ao menos ter um prato de comida ao dia, dependendo de ações de caridade e de boa vontade da comunidade. Para tanto, o novo governo além de destinar no orçamento de 2003 uma enorme soma de recursos, vai coordenar todas ações visando diminuir drasticamente essa situação de desamparo em que se encontram cerca de 54 milhões de brasileiros. Não é possível que um país com uma produção rica em grãos não separe um pouco para alimentar sua gente. O futuro da educação no Brasil está na melhoria do ensino fundamental, para evitar que alunos deixem esse ciclo sem ao menos ler um texto corretamente e efetuar as quatros operações. Sem que haja um programa de investimento para fortalecer a educação básica, é difícil a Nação diminuir os fossos existentes entre ricos e pobres. Há no mundo exemplos bem sucedidos de que um investimento maciço em educação básica melhora a vida da população. A Coréia do Sul que na década de 70 tinha uma renda per capita em média equivalente à metade da renda dos brasileiros, hoje, após um bem sucedido programa educacional, a população ostenta uma renda superior em duas vezes e meia a dos brasileiros. Na própria América do Sul, a Bolívia possui duas vezes mais universitários, em termos proporcionais, do que o Brasil. Se falar na Argentina esse número cresce para quatro vezes. A solução está em melhorar a sua mão-de-obra, qualificando-a para enfrentar a competitividade do mundo globalizado. Não se deve esquecer que o Professor é uma peça importante nessa engrenagem, portanto, deverá ser incentivado por meio de salários dignos e atraentes. No tocante à violência e o desemprego o país vive uma situação de calamidade. As grandes cidades, sem oferecer oportunidade de empregos aos seus habitantes, geram um contingente de pessoas desocupadas, sem escolas, sem dinheiro e sem futuro. O quadro está formado para o desencadeamento da violência, em que roubar ou matar, é coisa corriqueira. E o pior já aconteceu. A violência ampliou-se, chegando as cidades interioranas e a zona rural. O governo Lula articula um combate sistemático ao tráfico de drogas com uma polícia inteligente. Quanto ao desemprego vai depender do comportamento da economia, entretanto, uma política voltada para incrementar a construção civil ajudaria na criação de milhares de emprego.
Finalizando, esperamos que o novo governo seja implacável no
combate à corrupção. Que os seus Ministros e Secretários dêem bons
exemplos e ajudem a sociedade a vigiar o dinheiro público para que não
escorra pelos velhos e íntimos ralos da corrupção e do desperdício.
Que os casos concretos de desvios de bens públicos sejam punidos com
rigor, para que possamos acreditar que o Brasil ainda tem jeito. Rui Alencar Andrade E-mail: hpmombaca@zipmail.com.br WebMaster: David Elias N. Sá Cavalcante Editor/Redator: Elias Eldo Sá Cavalcante F O L H A D E M O M B A Ç A - Nº 17 - JANEIRO/2003 |