A apicultura mombacense hoje,

 

ontem e talvez, amanhã.

 

 

 

Ontem era assim:

            Somente um minúsculo número de pessoas criava abelhas no município de Mombaça.

            Eram pequenos apicultores que mantinham pequenos apiários com algumas colméias para abastecer o mercado local, ou para o próprio consumo em sobremesas ou em práticas medicinais, ou apenas como hobby.

            O mel não tinha preço recompensador, e o segredo das abelhas era visto por quase todos como um eterno enigma que o homem jamais conseguiria decifrar. Esse negócio de criar abelhas era “coisa de maluco”, algo que causava apenas curiosidade ou medo para muitos. Ninguém tinha inveja de quem criava abelhas e não havia ambição entre os poucos apicultores existentes.

 

Hoje é assim:

            Muitas pessoas estão criando abelhas no município de Mombaça. Os que ontem achavam que criar abelhas era coisa de maluco, hoje dizem que não existe nada melhor do que criar abelhas. Alguns dos que ontem eram pequenos apicultores, já querem hoje se tornar grandes em cima dos novos pequenos (na maioria “analfabetos” no assunto) que estão surgindo a todo vapor. Projetos e mais projetos surgem como uma fonte de salvação para todos. O bom preço que o mel tem alcançado no mercado despertou um intenso desejo em todos para trocar ou complementar qualquer outra atividade com a criação de abelhas. Alguns sem ter nenhuma informação técnica, prática ou qualquer conhecimento sobre o assunto, “caem no mato” desesperadamente à procura de enxames para produzir muito mel e ganhar bastante dinheiro. Querem logo se tornar grandes, e futuramente atravessadores desmedidamente ambiciosos. Muitos nem pensam agora em outra profissão para os filhos senão a apicultura.

            Todo mundo agora quer criar abelhas, pois não tem coisa mais fácil e compensadora. “É só ir lá, tirar o mel e vender”, pensam eles.

 

Amanhã poderá ser assim:

            Devido aos projetos mal dirigidos, a pouca formação, a desinformação, a falta de fiscalização da localização dos apiários, o não investimento em pesquisas e a maior das pragas apícolas: A ambição aguda de alguns gananciosos, a apicultura mombacense poderá perder a majestade, pois se houver um superpovoamento apícola, o potencial melífero perecerá.

 

Resumindo:

            Sei que muitos discordarão do que aqui hoje digo, pois não há nada mais incômodo do que a verdade.

            Não estou querendo dizer que somente uma dúzia de pessoas deva criar abelhas, mas se todas criarem, o pasto apícola será insuficiente para uma produção de mel satisfatória e compensadora.

            A distribuição de colméias deve ser feita de maneira ordenada, onde a quantidade das mesmas não ultrapasse o potencial produtivo de cada localidade. E para isso se faz necessário uma pesquisa desses potenciais.

            A formação de apiários deve ser feita de maneira responsável, levando-se em conta o grande perigo que os mesmos podem oferecer se não estiverem dentro das normas técnicas.

            E finalmente deve inexistir a inveja e a ambição doentia que atualmente predomina, dando lugar à unidade, à cooperação e à busca de interesses comuns entre todos os apicultores.

            Caso o desenvolvimento apícola do município continue desordenado como está, no final das contas, certamente, não haverá “nem mel nem cabaça”.

 

Paulo Geovane  pequeno apicultor do município local.

 

 

 

 

 

E-mail: david@princesadomel.com.br

WebMaster: David Elias N. Sá Cavalcante

Editor/Redator: Elias Eldo Sá Cavalcante

F O L H A   D E   M O M B A Ç A - Nº 24 - AGOSTO/2003

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