NOSSAS FIGURAS FOLCLÓRICAS


Ainda outro dia tentamos rescrever uma crônica do saudoso jornalista conterrâneo José Castelo, na qual foram citadas algumas figuras folclóricas que viveram entre os anos cinqüenta e noventa. Uma leitora nos abordou na rua e disse lembrar bem do Zé Panteca e da Chica Perdida, mas não lembrava do Chico "Cangaia". Acreditamos serem muitos os leitores que, mesmo tendo vivido nessa época, não lembram desses e de outros personagens que pela sua tipicidade, entram para o cotidiano de nossa terra. Zé Panteca era um cabrão alto e forte, de jeito manso e conversa pouca. Era engraxate dos bons, solicitado por populares e pelos mais abonados, que tinham sempre a sua preferência. Nos dias de festas "fazia o seu" tamanha era a procura pelos seus serviços para lustrar os sapatos, quase sempre pretos. Para onde iam sobras desse ganho é mistério, pois Zé Panteca nunca possuiu bens além da roupa do corpo e uma ou duas mudas de roupa.
Chica Perdida era uma mulher não muito graúda, mas bem gorda. Era boa "lavadeira" e engomadeira, não lhe faltando serviço, ora na casa de um, ora na casa de outro. Talvez sua clientela não lhe pagasse direito, pois estava sempre mal vestida e com a mesmo roupa, exalando um odor desagradável dessas roupas que esquecia de lavar. Não eram poucas as vezes em que era vista bêbada e trocando insultos com a meninada. Outras vezes, simplesmente caía nas calçadas, deixando à mostra suas partes íntimas, vez que parecia não usar roupas de baixo. O que havia de comum entre nossos dois personagens? Ouvia-se sempre os adultos comentarem do namoro de Zé Panteca e Chica Perdida.
Nos vem também a lembrança do que diziam de Chica Perdida: ela virava lobisomem, lá pras bandas do Riacho das Barrocas, o que fazia com que muito "cabra macho" não passasse por ali em noites de sextas-feiras . Será que algum cidadão, que não o Zé Panteca, teria algum interesse que ninguém passasse por ali???
Quanto ao Chico Cangaia, era natural da região da Capivara e vivia ali pela Rua do Ripucho a fazer mandato de um e de outro, quase sempre em troca de uma gole de cachaça. Era "rapaz veio" e não se tem notícias de nenhuma namorada sua.

Na próxima edição (ABRIL/2002), tentaremos prosseguir no relato de mais algumas figuras folclóricas.