Oração Sem Nome

Oração Sem Nome
Meu Deus, escuta; jamais falei contigo,
Hoje quero saudar-te. Bom dia! Como vais?
Disseram-me que não existes,
E eu, tolo, acreditei.
Nunca havia admirado a tua obra.
Ontem à noite, da trincheira destroçada
por granadas,
Vi o teu céu estrelado
E compreendi então que me enganaram.
Não sei se me apertarás a mão.
Vou te explicar e hás de compreender.
É curioso: neste hediondo inferno
Achei a Luz para enxergar o teu rosto.
Dito isto, já não tenho muita coisa a te
contar: Só que ... tenho muito prazer em conhecer-te.
À meia-noite, iremos ao ataque.
Não sinto medo, meu Deus, sei que tu
velas...
Ah! Eis o clarim! Bom Deus, devo ir-me
embora.
Gostei de ti, vou ter saudades... Quero
dizer:
Será cruenta a luta, bem o sabes,
E está noite pode ser que eu vá bater-te
à porta!
Muito amigos não fomos, é verdade.
Mas... sim, estou chorando!
Como vês, Deus, penso que já não sou tão
mau.
Bem, tenho de ir. É coisa bem rara a sorte.
Juro, porém: já não receio a morte...
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Autor: [?]
Enviado por: Kleber Pieri
E-Mail: kpieri@hotmail.com
Nota: Ninguém conhece o autor deste poema.
Foi encontrado em pleno campo de batalha no bolso de um soldado
americano. Do rapaz estraçalhado por uma granada restava apenas,
intacta, esta folha de papel...



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