"Alguém que
já não fui"

CRÔNICA
ARTUR DA TÁVOLA
"
ALGUÉM QUE JÁ NÃO FUI. "
Você tem certeza de que
sabe amar ?
Há os que:
Amam loucamente mas não
sabem amar.
Amam um pouco mas sabem
amar.
Não amam mas sabem amar.
Amam e sabem amar.
Sabem de amor mas não sabem
amar:
Sabem amar mas não sabem de
amor.
Amam e sabem de amor, mas
não sabem amar.
Amam e não sabem de amor,
nem sabem amar.
Amam e não sabem de amor,
mas sabem amar.
Não amam, sabem de amor e
não sabem amar.
Não amam, não sabem de
amor e não sabem amar.
Amam, sabem de amor e sabem
amar.
E por aí começa a
confusão da relação amorosa. Seria simples se tudo se
resumisse a " Eu te amo. Você me ama ? " Sim, te
amo."
Seriam felizes para o resto
da vida, mas, quando tal diálogo acontece e duas pessoas
percebem que se amam, a dúvida e a confusão não terminam.
Começam !
Não está disposto na lei
da vida que duas pessoas que se amam, sabem amar. Que uma delas
não saiba, e olha a relação rolando pela ribanceira !
O normal é as duas não
saberem.
O raro é as duas saberem,
escassos exemplos de relação em que a maturidade não interfere
na intensidade.
O habitual é uma saber e
agüentar o rojão pela outra.
Amar quase sempre atrapalha
a sabedoria do amor. Porque amar é um sentimento de necessidade
nem sempre atendidas, de carência compensada, doação exercida
ou entrega salvadora. E isso é intenso demais para coabitar com
a sabedoria do amor.
Saber amar ! Quanta gente
prefere viver com alguém que sabe amar, mesmo que não o ame !
Quanto amor pode brotar da
relação com quem sabe amar !
Quem sabe amar, pode até
realizar o milagre de acabar recebendo o amor de quem não o ama,
ou ama e não sabe, porque quem sabe amar conhece a linguagem
sutil do que está adormecido no outro, em estado de conto de
fadas, carência, infância, flor ou adivinhação.
Sabe amar quem sabe o outro
sem deixar de ser quem é.
Saber amar e conhecer o amor
como forma de arte. O amor é apenas um sentimento. Mas saber
amar é uma criação, uma estética do amor.
Saber amar tanto é a flor
na hora certa, como o presente fora de hora ou a compreensão do
desamor, do cansaço e dúvida passageira.
Mas é, com segurança
absoluta, o olhar fundo do sentimento, o carinho preciso, a mão
firme, a pele dialogando de igual para igual, gritando ou
sussurrando conforme a hora; é a temperatura da paz recobrada.
Saber amar, não é a
aceitação passiva do outro. É a existência ativa do amor
latente, real ou adivinhado.
Saber amar, implica conhecer
virtudes que o amor agudo não sabe : esperar, deixar fluir, não
invadir as dúvidas, não abafar nem impedir (ainda que com
carinho) que a outra parte ejete à tona a angústia ou a dor.
Quem ama desama junto. Que
sabe amar suporta esse desamor, se passageiro, é claro, porque
quem sabe amar conhece a medida exata dos orgulhosos que
valorizam o amor.
Nada é pior que a
desistência de quem sabe amar, do que o ferimento ou a
indiferença provocados em quem sabe amar.
Quem ama tolera ser
maltratado.
Quem sabe amar, jamais. Este
jamais permanecerá com quem maltrata porque quer ser maltratado.
Quem ama, quando cansa, pode
voltar amar. Quem sabe amar, quando desliga é para sempre. E
mais fácil afrontar a quem ama (um estado no qual todos ficamos
meio sem caráter) do que a quem sabe amar. Este conhece tanto a
importância de seu sentimento, que quando o retira, machucado,
incompreendido ou ferido de morte, é para sempre.
Quem ama é mais inocente do
que quem sabe amar. Mas quem sabe amar é capaz de maldades
maiores, a partir do momento em que desiste. Desiste de saber
amar, porque pode até continuar amando.
Cuidado com quem ama ! Mas
cuidado maior com quem sabe amar !
Quem perde um amor perde
muito menos do que quem perde alguém que sabe amar.
Saber amar não é depender.
Não é ser servil. Não é viver agradando. Não é fazer o que
o outro quer.
Saber amar é ter as
reações certas, de reação e crítica; é ocupar todo o
espaço e no tempo do sentimento e da emoção do outro.
Saber amar é aquela parte
que, partindo do amor, procura (até encontrar) a parte do outro
que um dia saberá amar. E a encontrando tem paciência, afeto e
tolerância com ela. A menos que descubra que ela não merece.
Porque saber amar é também ter a coragem das renúncias,
bravura que raramente tem quem apenas ama.
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Ps: gostaria que me
enviassem poemas, poesias e pensamentos.
Enviado por: Roseli Torres
mailto: rctorres@zipmail.com.br



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