Dizem que a Lua está sempre lá no alto, lá no Céu,
mas eu não acredito. Ainda à pouco estava a olhar pela janela e vi-a descer
e banhar-se nas àguas do Tejo. Estava linda, a sua cor de prata diluía-se no
rio, depois subiu de novo e foi ganhar cor junto das estrelas, primeiro estava
dourada, depois foi ainda mais alto e começou a ganhar de novo a sua cor
prateada. Lá em baixo o rio ficou todo dourado, foi um presente que a Lua lhe
deu.
Dizem que os rios correm para o mar, mas eu não acredito. Estou aqui entre
dois rios e eles estão os dois juntos, nenhum deles que sair dali, juntam-se
os dois de noite para banhar a Lua e quando ela se vai ficam os dois a namorar
e a apreciar as belas cores com que ficaram. De manhã acordam os dois juntos
com o Sol e ganham uma cor nova, e todo o dia por ali ficam, felizes e
contentes, sem vontade nenhuma de correr para o mar.
Dizem que o Sol nunca se apaga, mas eu não
acredito. O Sol acende-se de manhã para pintar os rios, os mares, e a vida
das pessoas. De noite ele apaga-se para deixar as crianças dormir.
Os meus Amigos dizem que a vida deve ser vivida
muito intensamente dia a dia, mas eu não acredito. Eu acho que a vida deve
ser vivida com e para as crianças, elas é que sabem o ritmo certo. Para as
crianças não existe tempo, nem pressas, nem prazos. Um dia, uma semana, um mês,
nada disso conta para as crianças. As crianças são os “Senhores do
Tempo” e é com elas que nós devemos viver. Não sabem o que é o Amor, mas
amam como ninguém. Não sabem o que é a morte e por isso vivem melhor.
O que eu acredito é que devemos viver com o ritmo
da Lua, dos Rios, do Sol e particularmente das crianças, tudo o resto são
histórias de adultos que são difíceis de entender.