João está sentado à janela de frente para o Tejo, a melacolia invade o
seu espirito. Ao fundo mais um comboio sai da estação, centenas de pessoas
rumam a outro lugar naquela noite quente e abafada. A maioria vão para casa,
está a chegar ao fim mais um longo dia de trabalho. Em suas casas estão famílias,
anciosas, que vão ficar alegres quando estes homens e mulheres chegarem a casa.
A família de João não está na sua casa, não se lembra quando é que
sairam, nem sequer sabe porque é que sairam, sabia que há muito não andavam
por lá. Lembra-se de ter lutado nessa altura, lembra-se até de ter descurado várias
causas que lhe eram queridas, mas já nessa altura sabia que era um esforço em
vão.
Mário era a única companhia, tinha-se juntado a João ainda quando ele
ainda tinha família, era um ser estranho. Ninguem sabia quem era, tinha
aparecido do nada, no inicio era uma companhia agradável, agora era apenas mais
um objecto que João tinha em casa.
João estava cansado, levantou-se e rumou ao quarto, a meio do caminho
voltou para trás, foi nessa altura é que se apercebeu que estava cansado era
da melacolia. Calçou os sapatos e saíu de casa.
Apanhou o primeiro comboio que passou, foi de encontro à sua vida.