Já que não ganho prémios, para poder agradecer ao cão da vizinha Constantina, perdoem-me a sinceridade e a lamentável falta de altruísmo e consciência social, mas este é dedicado a mim, que alguma coisa sofri, e a quem me ajudou a sofrer com menos egoísmo e mais vontade.
O frio que se sente e acompanha a madrugada
Subindo pelo corpo ausente da sua própria inexistência
Leva-nos a imaginar sonhos de aventuras fantásticas
Sem na realidade ganharmos mais que este simples nada
Horas de desespero audaz
Dias de angustia abençoada
Corpos acompanhados deste fado
De uma vitória pouco mais que mordaz
Mudança será ficar preso de um julgamento
Ou será só ficar ciente de um sentimento?
Será sentir felicidade por um pouco de liberdade
Ou será pensar que um dia seremos nós a perder?
Talvez seja acordar e sentir a vida
De um dia mais a percorrer
Ou engolir uma golfada de ar puro
Sem pensar no que há para perder