A BRUMA, O PESO, E A PASSAGEM.

 

 

Na Rádio nostalgia a canção era bizzara:

Leve , levemente como quem chama por mim, perdido na bruma nevoeiro sem fim.

Decidi então alterar o meu nome e não revelar a minha imortalidade a ninguem.

No registo  respondi que sim á pergunta.

-Quer então de deixar de se chamar Sebastião?

 

Parei já o verão estáva no fim,o carnaval tinha durado todo o mêz de Agosto no seu festivo desfile ébrio de tonterias mais ou menos alcoolizadas.Numa pequena casa perto do porto havia deixado os mais queridos ainda a dormir, era como que um abandono. A certeza das saudades acentuava-se .O meu comboio dos foragidos desesperados movia-se com alguma lentidão á passagem pela velha zona de chelas, depósito de ferro velho e sucata.Entre ferrugens e toneladas de aço inutil o meu pensamento cataléptico acompanhou o ronronar do aço nos carris.Todo o peso de uma existencia era ali arrastádo, malograda máquina tibuteante.

Toda aquela viagem se refugiou nesta minha memória de cartão. Em dias de chuva escorre lágrimas que arrastam farelos castanhos, pequenos sedimentos naufragos errantes que se perdem no solo.Noutros de tórrido calôr, liberta vapôres  e ressequida deixa-se quebrar.Á noite particullas  afastam-se com o vento numa erosão que não pode durar muito mais tempo.São assim as memórias de um fugitivo.

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