Tenho na cabeça uma confusão enorme. Mas não é isso que me preocupa! O que realmente me preocupa, é que apesar dos momentos emocionalmente conturbados por que estou a passar, a serenidade teima em manter-se.
Bem, eu vou tentar explicar melhor.
Estou a começar a apaixonar-me! E como seria de esperar, o nervoso miudinho já devia ter começado a roer-me...
Não! Vou mas é descreve-la como eu a vejo, antes de começar para aqui com as minhas turquesas, e nem sempre escorreitas, concepções do Amor, da Paixão e do Apelo Sexual. Para estas temos muito tempo, e na altura certa lá iremos.
O seu nome não digo, quem me conhece sabe quem ela é. Os outros fiquem na ignorância, que é lá que estão bem.
Tem um olhar...(Hummm!)...sincero e risonho que ao mesmo tempo que atrai, nos distrai de nós mesmos. A mim, obsorve-me de tal forma, que se podesse, e num acto de loucura e egoísmo, ficava com ele só para mim. Adiante.
O seu cabelo é castanho com umas pinceladas louras, este envolve graciosamente uma face ovalada, onde, quando ela quer, sobressai um sorriso radioso, que combina na perfeição com o seu olhar. Detém uma postura sóbria mas jubila, que enquadra excepcionalmente, uma simpatia que lhe brota da alma. Toda esta postura, digna duma das ninfas de Camões, é muitíssimo facilitada por um corpo deliciosamente esculpido num momento de rara inspiração pela Mãe Natureza, a quem, aproveito a oportunidade, para num aparte agradecer tal feito.
Pronto...! Podemos agora voltar ás minhas confusas preocupações.
Gosto de me apaixonar, no entanto, tenho pânico da ressaca amorosa. É esta dualidade que me faz tentar contrariar, constantemente, o impulso que me empurra na direcção dela. Só que este impulso tem a estranha capacidade de atropelar, passando a ferro, todas as minhas débeis reservas à Paixão.
A verdade, verdade é que já está! E agora? Bem, agora vou-lhe confessar o estado em que me encontro. Talvez seja reciproco. Quem sabe!?
Cheguei, finalmente, onde queria. Como é que, tendo em conta tudo isto, eu consigo manter uma serenidade inabalável? Sou eu que sou mesmo assim, ajudado por uma secreta certeza:
No mundo dos sentimentos, tudo é reciproco.