É assim…

 

 

O dia estava nublado. Alguns raios de sol esgueiravam-se tímida, mas prometedoramente por entre a massa acinzentada que cobria o céu.

Esta prespectiva que me era dada a ver do outro lado da janela escancarada do meu quarto, convidava-me a ficar mais um pouco na indolência do acordar. A minha mente espreguiçava-se, enquanta reclamava por ter sido arrastada do mundo dos sonhos. Cedi ao seu apelo, e não lhe exigi nenhum pensamento articulado. Deixei-me viajar ao sabor das recordações, ainda presentes mas ténues, da anterior realidade. Os fragmentos das imagens vividas nos sonhos compunham-se para formar autênticas pinturas surrealistas. Tive a sensação de ver

de relançe Dali a colher inspirações, qual Druida apanhando meticulosamente as plantas para as suas poções.

Percorri serenamente esta realidade. Havia corredores sem portas nem paredes, que desenbucavam em prados e florestas.

Ao longe ouvia vozes difusas. Deixei que estas me guiassem até um pequeno anfiteatro natural, onde se encontravam algumas figuras semi-humanas. Muitas destas figuras representavam o papel dos comportamentos e atitudes humanas, que estavam a ser julgadas perante Deus. Entre os jurados pontificavam a Ética e a Moral.

Cheguei mesmo na altura em Deus estava a começar uma palestra sobre a sua própria existência. Como nem mesmo Ele conseguia concluir o que quer que fosse, continuei nas minhas deambulações, deixando para trás aquele discurso interessante mas estéril.

À medida que caminhava, tudo se tornava cada vez mais difuso.

Abri os olhos, a racionalidade tinha-se imposto irremediavelmente ao sonho.

Vá lá, vamos a levantar. Mais um dia de trabalho estava à espera.

Áh... quase me esquecia. Nessa altura lá for a na rua… Estava a chover!

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