Mar

 

Delfim viveu toda a vida no mar, desde miúdo que o pai o levava para a pesca. Aprendeu todas as manhas e truques dos velhos lobos do mar, acima de tudo aprendeu a amar e respeitar o Mar e todas as suas criaturas. Para ele o Mar era tudo: o trabalho, a Vida, o  Amor.

 

Quando se tornou homem foi para a pesca da baleia, depressa se tornou um caçador exímio. Dava caça ao animal elegendo-o como um adversário igual e travando com ele uma luta mortal. O seu nome tornou-se conhecido pelos sete mares.

 

A vida do mar afastou-o da terra, no fim da vida(?) Delfim ficou um velho lobo do mar, sem família, apenas as crianças lhe faziam companhia. Ouviam fascinados as suas histórias maravilhosas de baleias gigantes, polvos do tamanho dos barcos, etc. Mas havia uma que a miudagem gostava mais: era uma história maravilhosa sobre uma sereia que lhe apareceu uma vez, quando ele caiu do barco com um "coice" de uma baleia, e por ele se apaixonou, mas com a "febre" da caça, Delfim nadou para o barco e foi caçar o seu forte adversário.

 

Quando as crianças cresciam, e se apercebiam o que era a Paixão, deixavam de acreditar na história da sereia, pensavam que era um delírio de um velho para quem o Mar era tudo, mas que não sabia o que era Amor e Paixão.

 

Um dia a aldeia amanheceu com silvo estranho no ar, era um canto ténue e lindo, ninguém sabia o que era. Delfim fez-se ao Mar no seu pequeno bote, disse que ia ter com a sereia, ela chamava-o, ninguém lhe ligou. Nunca mais voltou para terra. Tempos depois os pescadores avistaram pela primeira vez golfinhos naquelas águas.

 

Ainda hoje, quando os pescadores avistam golfinhos na proa dos seus barcos, sorriem e acenam, dizem eles que aqueles são os filhos que Delfim nunca teve em terra.

Home Por Autor