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E faça-se luz!
E
fez-se luz... Assim criou mais um mundo. Mas não um mundo qualquer -era um
mundo onde a vida pudesse surgir. Mas agora parecia que a luz nunca mais se
iria acender.
Estes actos de criação não tinham sido ideia sua. No Conselho Geral tinham sido discutidas várias formas de dar continuidade à sua existência. Não sabiam de onde vinham, como tinham surgido, nem onde iriam parar. Cada um era responsável por uma área de vazio, independente e estanque de todas as outras, e na qual tinham absoluto controlo de todas as leis pelas quais essa área se regia.
Durante
muito tempo tinham-se dedicado a vários jogos e experiências sobre todas as
capacidades dos seus pedaços de nada - os seus Universos. Descobriram que
essas capacidades eram apenas limitadas pela sua imaginação. Um dia, uma
dessas experiências resultou mal e causou com que todas as leis que regiam o
universo de um dos Seus parceiros fossem alteradas e este perdeu o controlo.
Foi então que aconteceu o que nunca tinham assistido antes: o seu parceiro
despareceu - não no sentido físico, porque eles não tinham existência
física,
mas nunca mais foi sentido nem nunca mais comunicou com ninguém - ele fazia
parte do seu universo. Foi a primeira vez que tomaram contacto com uma nova
situação, a que chamaram MORTE.
Neste
Conselho Geral foi decidida então a elaboração de várias experiências que
pudessem de alguma forma dar origem a aglomerados de átomos que pudessem agir
por si próprios e ter capacidade de iniciativa, sem serem apenas calhaus
mortos sujeitos às leis do seu criador. Esperavam desta forma deixar assim
alguma herança sua, prevendo que a MORTE, que era uma situação que ainda não
conseguiam bem compreender, os poderia atingir a todos.
E
foi assim, que Ele pôs em marcha a sua obra. Depois de uma série de
tentativas falhadas, conseguiu descobrir uma combinação de gases e
moléculas,
que a rodear um determinado aglomerado de elementos - a que chamou de planeta
- poderiam dar origem a entidades que ao fim de algum tempo dividir-se-iam em
grupos com características diferentes.
Nalguns
planetas estas diferentes espécies coexistiam pacificamente e em harmonia,
mesmo tendo em conta a cadeia alimentar. Noutros algumas espécies guerreavam-se entre si em busca do domínio absoluto do
planeta, e noutros ainda, havendo só uma espécie dominante, guerreava-se entre si
própria. Mas
Ele manteve sempre, em relação a tudo isto, uma perspectiva distante,
deixando o destino de cada entidade entregue a si própria.
Havia,
no entanto, um certo planeta - desses em que havia uma só espécie dominante
- que sempre o preocupou. É que esta espécie suspeitava da Sua existência.
Dentro desta espécie foram-se organizando grupos que acreditavam em Si de
diferentes maneiras e mantinham diferentes rituais em que O tentavam contactar. Só que alguns deste grupos não se conseguiam tolerar uns aos
outros e começaram a guerrear-se em Seu nome, e quanto mais o tempo passava,
mais violenta era a sua falta de tolerância, e mais dizimada ficava esta
espécie.
Ele
tinha razão. Foi esta espécie que esteve na origem de todo o problema.
Quando chegaram a um determinado nível de domínio tecnológico conseguiram
destruir o seu próprio planeta. Isto ficaria por aqui se não tivessem antes
conseguido sair do seu próprio solo e ido habitar outros solos pelo Seu
Universo. Mas não chegava, era preciso mais. Depois de terem conseguido
rebentar com outros planetas, dominaram outras espécies inteligentes e
impuseram as suas crenças.
O
que se assistia agora era uma situação de guerra universal provocada por
diferentes Fés, uma guerra motivada indirectamente pelo seu próprio criador.
As
armas e recursos utilizados por estas espécies eram cada vez mais potentes e
complexos até que começaram a alterar as leis do universo...E a impôr as
suas próprias. O Criador perdeu o controlo do Seu universo.
Foi
então que Deus começou a perceber o que aconteceu com o seu antigo
parceiro. A MORTE tinha sido sua própria criação.