Os Filhos de Tânatos*
Tania teve uma infância feliz. Criada por pais adoptivos que a amavam como filha teve todos os mimos de uma menina criada em berço de ouro. Era uma menina muito bonita, cheia de vida, inteligente e com uma bondade imensurável sempre pronta a ajudar quem precisava.
Com o passar dos anos foi-se avulumando a curiosidade em saber como eram os seus pais naturais, como seria a sua Mãe? E o Pai?
Aos 12 anos os pais adoptivos falaram-lhe sobre a sua mãe, Paula morreu quando Tania nasceu, era uma mulher lindíssima que tinha tido uma vida muito activa e bela e que tinha-se entregue de corpo e alma ao amor de seu pai. Sobre o pai apenas lhe disseram que não conseguiu resistir à morte da mulher e desapareceu a seguir ao doloroso parto.
No liceu encontrou o seu primeiro amor verdadeiro, um rapaz da sua classe, como sua mãe entregou-se de corpo e alma a esse amor.
Na primeira noite que passaram juntos o corpo de Tania ardia de paixão pelo seu companheiro. No auge do acto um relâmpago de imagens invade o cérbero de Tania, eram imagens de sua mãe e de seu pai; imagens de dor, de sagrado, de mistério, de prazer proibido. Em completo extâse e com o corpo invadido por um prazer mórbido, uma mistura do prazer carnal e uma sensação irreal proporcionada pelas imagens do seu cérbero, apertou o pescoço do seu companheiro matando-o.
Os pais conseguiram abafar o incidente e mudaram de pais para começar uma vida nova. Depois de dois anos de terapia Tania foi reinserida na sociedade, dedicou-se exclusivamente a causas socias de apoio a crianças desfavorecidas, ou melhor quase exclusivamente. Tania levava uma vida dupla, durante a noite frequentava os piores bares da cidade, locais frequentados por pessoas de passagem: marinheiros, furagidos. Todas as noites Tania repetia a a sua primeira noite de amor.
Na sua vida diária nunca deixou que nenhum homem se aproxima-se dela, sentia medo e repulsa. Muitas foram as tentativas por muitos homens mas ela conseguiu sempre afastá-los.
Um dia apareceu na sua vida Gabriel um homem muito lindo que tinha um amor pela vida e pelas causas de Tania enorme. Os seus encontros eram cada vez mais intensos mas nunca para além de uma grande amizade. Ao mesmo tempo as saídas nocturnas de Tania começaram a ser cada vez mais escassas.
Ao fim de uns meses Gabriel e Tania decidiram ter uma vida em comum, estranhamente nunca tinha havido entre ambos qualquer contacto sexual, mas esse facto não parecia preocupar nenhum deles. Tania estava feliz já não tinha saídas à noite à muito tempo e o seu amor pela vida e por Gabriel transbordava.
Um ano após a vida em comum tiveram pela primeira vez relações sexuais a tensão de Tania era enorme mas Gabriel fez-lhe sentir emoções que nunca tinha sentido muito para além do que sentia nas suas macabras aventuras. Todo o pesadelo de uma vida tinha-se afastado. O amor deles era amor de deuses nunca duas pessoas tinham tido tamanha felicidade e um prazer puro e cheio de vida.
Dois anos passados e Tania ficou grávida. Com a gravidez vieram planos de uma vida ainda mais completa, a imensa alegria e prazer de viver de ambos ia-se materializar numa nova vida.
No momento do parto surgiram complicações ainda consciente Tania teve que optar entre a sua vida e a vida nova em que foram depositadas tantas esperanças, sem o conhecimento do marido Tânia deciduo optar por dar vida a Gabriel, seu filho, desejando que a vida dele pode-se ser um reflexo do amor dos pais.
O pai, depois de saber a notícia, nunca mais foi visto houve boatos que viram um homem parecido com Gabriel a afastar-se da maternidade mas não poderia ser ele visto estar num estado de inebriante alegria quase loucura.
Na filiação inscrita na certidão de óbito de Tania estava escrito: "Filha de: Gabriel e Paula.
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Tanatos: Deus da Morte