Patrocinia Sarmento revisitada

 

O telefone tocou em casa de Patrocinia sarmento á mesma hora aproximadamente deo meus pensamentos.

Eram cerca de cinco horas da madrugada e a pessoa que fez a chamada apenas mormurou um breve - É Engano -e desligou de seguida.

Um mau pressentimento tingiu-lhe o despertar de desassossego. Não conseguio descansar nem mais um minuto.É que mal o promeiro tenir da campainha cortou a densidão sonambolesca do quarto, Patrocinia foi invadida por uma absurda inquietação.

A primeira imagem que lhe ocorreu foi ade uma sala de espera hospitalar, de bancos azuis e luzes fortes.Ao redor cinco ou seis pessoas semiadormecidas,á espera.Alguem mandava uma ponta de cigarro para o chão que se encontrava mal lavado e por todo o lado semiado de restos de comida, embalagens e papeis.

Se pudesse ver para alem do seu quarto e da sua imagem preocupante, teria dado com o rapaz que folheava a lista telefónica na qual encontrou o seu nome perdido entre a multidão de assinantes,imenso céu dos nomes qualificados , ordenádos.

Sem querer o rapaz fixara aquele nome, indignado por ter assim pertubado a noite de alguem, quase que profanando o indefeso vegetar de uma desconhcida. Sentiu uma revolta enorme, uma ansia palerma de deixar de pensar, deixou-se então embalar fechando os olhos.A Imagem de um unicórnio alado atravessou-lhe a mente enquanto os seus cabelos mudavam de côr para um amarelo brilhante e celeste. Uma aureloa de energia formou-se em seu redor.

Mesmo de olhos fechados o rapaz não conseguia sossegar com o seu espirito entregue á infinita dimensão da psique.Pelas paredes viciadas do hospital ecoavam vozes maquinais e distorcidas. A insana percepcão com que mesmo de olhos fechados continuava a conhecer o que o rodeava transformava-se na imensa prisão do real.Corpo e espirito em descontrolo subiram-lhe todas as tensões, recorreu a outro calmante.

Deitou um outro olhar furtivo na direcção da lista.Que mal fizeste a alguem para seres assim importunada, violada pelos pensamentos anónimos de um diletante, alguem que por um acaso tão sórdido como mesquinho cravou o olhgar no teu nome entre tantos os outros.Esse estado doentio de fixação,levou-o a fermentar uma  irreflectida dose de pensamentos a estabelecerem uma ponte entre a psique viajante do rapaz e o sono em que a mulher se encontrava.

A consciencia inicia o seu trabalho tentando segurar o seu espirito com aguçadas censuras.-Não tenho culpa- pensou.

Lá no fundo (interioridade) a nossa inocencia é desmentida pelos actos, e foi isso que ele sentiu afinal,culpa dos seus actos irreflectidos.

Ao mesmo tempo que abominava a ordem que dera aos pensamentos, julgava-se senhor dos mesmos, mas como em todos os ciclos viciosos a inconsciencia fustiga a sobriedade.Celarada toda a pretensão ao nexo o vortex assume o comando fazendo ribombar os seus bombos, que ali explodem dentro dos nossos craneos, ermos logo em constante pressão.

O rapaz exauto de rodopiar, e reduzido a nada, risca aquele nome fantasma da lista telefónica.Tenta dormir.Apenas o sono lhe trará algum sossego.

 

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O rapaz em estádo de coma no hospital .Dorme. A companhia dos telefones afirma não ter registo digital de nehuma chamadas para a assinante Patrocinia Sarmento.

O telefone continua a tocar todos os dias em casa de Patrocinia Sarmanto.

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