Um dia daqueles... (ou quinta-feira, 12)

 

 

- Tchau, ate logo!

 

Assim comecava eu mais um dia de trabalho. A vida ate parecia correr bem, o sol brilhava no ceu, no dia seguinte ao S.Martinho, apesar de ter chovido no dia anterior.

 

"Ate os santos se atrasam" - pensei eu, enquanto me dirigia para a porta.

Tinha comprado uma carrito novo, na semana anterior, o meu mais recente orgulho. Enfim, e bom ter algum prazer em sentar-me ao volante de um Rover a cheirar a novo para ir trabalhar. Procuro a chave da caixa do correio no local habitual, pois estava a espera dos documentos definitivos do carro, e nao encontro.

 

- Merda! Onde e que andara a puta da chave?

 

Reviro a casa e nao encontro a chave. La consegui encontrar um arame e comecei a minha operacao de tentar retirar as cartas pelo buraco da caixa.

Primeiro saiu uma carta do banco a debitar a minha divida do cartao de credito na totalidade, ja que me esqueci de pagar a tempo. De seguida saiu uma carta da PSP, com a classificacao de ultimo aviso, a pedir-me os elementos pela terceira vez de um multa que ja paguei. Por fim senti uma ultima carta que nao consegui tirar. Irritado enfio mao na ranhura para alcancar a carta e zas! Fiquei com a mao presa. Nem para tras nem para a frente.

 

Com a outra mao toco a campainha de casa e chamo o meu colega que vive comigo. O palerma depois de estar um quarto de hora a rebolar-se a rir, la resolve chamar um serralheiro. Este segundo, depois de se juntar ao outro a rir, la conseguiu arrancar a porta da caixa.

 

"E agora, o que e que eu faco com a porta ainda presa a mao?" - Resolvo por-me a caminho o centro de saude, sem saber o que era pior: a carta afinal ainda nao ter chegado, ou nao conseguir meter a mao no bolso.

 

No centro de saude la me resolvem o problema e dirijo-me para o carro.

Aponto o "plip" para destrancar o alarme e as portas, sento-me ao volante e eis que comeca o alarme a apitar. Rapidamente carrego no botao de desligar o alarme e eis que automaticamente trancam-se as portas e os vidros, deixando-me preso dentro do carro.

 

- Foda-se mais para as electronicas! - grito, enquanto esmurro o volante com a mao ainda entrapada com ligaduras. Arranco a patinar e dirigo-me para o concessionario Rover. Nao sabia se estava mais irritado por nao conseguir sair do carro, ou por nao poder cuspir la para fora.

 

Por meio de gestos e leitura de labios la consegui que o mecanicos da Rover me destrancassem a porta e resolvessem o problema. Dirigo-me de seguida a PSP para esclarecer a situacao da multa. Depois de um quarto de hora a explicar ao policia que ja tinha pago a multa, ele responde-me:

 

- Ok, ja compreendi! Nao se preocupe que dentro de alguns dias chegara um papel a sua casa para poder pagar a coima no multibanco ou nos correios.

 

Resolvi que nao adiantava dar resposta. Nao sabia se me chateava mais ter que pagar a multa outra vez ou ter perdido uma boa oportunidade de esmurrar um policia.

 

Finalmente, chego ao emprego. O dia ate correu relativamente bem, nao fosse o facto do computador ter bloqueado uma duzia de vezes, ter entornado cafe por cima de mim e apagar 2 megabytes de codigo por engano.

 

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Oito horas da noite. Chego a casa e penso em finalmente descansar no sofa a ver o telejornal. Enquanto ajeito uma almofada cai um objecto metalico ao chao. Era a chave do correio.

 

 

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Nota: Este conto, embora algo romanceado, e baseado em factos veridicos.

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