O bebé nasceu, num dia quente de verão.
Para todos foi um maravilhoso acontecimento. Algo de novo e belo acontecia nas suas vidas. Aquela nova vida enchia-os de orgulho e de ternura, dando-lhes vontade de viver mais e melhor.
No fundo este era apenas mais um nascimento. Apenas um nascimento normal que tem o efeito de todos os nascimentos nas pessoas que o acompanham, mas -para quem acompanhou este em particular- foi algo de transcendental, que modificou em muito as vidas deste pequeno grupo dos seus amigos mais intimos.
Ao longo dos primeiros tempos de vida o bebé foi-se, gradualmente, rodeando de mais interesse. À sua volta reinava a alegria. A vontade de fazer coisas, criar algo e mudar o mundo crescia ao ver aquele ser tão cheio de força e vida.
Os seus amigos -cada vez mais e cada vez mais fortes- começavam agora a viver em torno de si e ele tinha passado a ser um imprescindivel elo de ligação entre todos.
As vidas que á sua volta levitavam, rodeavam-se de sonhos e ilusões oniricas. O bebé era importante e isso sentia-se em cada rosto, em cada gesto e, principalmente, em cada palavra. Isto fê-lo crescer e tornar-se numa criança cada vez mais forte.
Consoante o passar das semanas, este interesse foi-se gradualmente esbatendo. Primeiro porque não havia tempo, depois porque se estava cansado ou não havia disponibilidade, a seguir por uma razão ou por outra qualquer. A criança começava a ser colocada em segundo plano e começava, por isso, a esmoreçer.
Esta alteração de postura perante uma criança que ainda era, no fundo, um recém nascido, criava conflitos e situações de desagrado que se começaram a agravar. O seu grupo de amigos começou-se a desagregar.
Agora que a criança já não era o centro de um pequeno Universo de amor e carinho, começava a tornar-se num ser solitário e tristonho. A sua vida necessitava da atenção constante de todos os que a rodeavam.
Com o passar do tempo a situação começou a agravar-se e a criança estava cada vez mais só. Agora era apenas visitada esporadicamente e -sem ninguém se aperceber- começava a definhar.
Os sinais não eram muito fortes, mas estavam lá e ninguém os via (ou talvez ninguém os quisesse ver…). Aqueles que tantos dias a rodearam e atenciosamente lhe dedicaram as maiores atenções, continuavam as suas vidas, com as suas opções e com os seus rumos. Infelizmente as escolhas de cada um não passavam por esta criança, quase abandonada.
Um dia, por alguma razão, pararam e pensaram um pouco. Houve algo que os fez ter a percepção do maravilhoso sonho de que dispunham e estavam a desperdiçar.
Tentar recompor o erro talvez fosse demasiado dificil ou demasiado tarde, mas de uma coisa tiveram a nitida consciência; a criança desfalecia e caminhava para o fim mais que certo. No entanto, ninguém verdadeiramente se interessava.
O forum está a morrer e ninguém parece querer saber.