Vidas de Dor

 

Quando acordou Luís não sabia onde estava. A noite tinha sido longa, depois de horas na faina ainda teve forças para ir beber um copo com os seus camaradas de trabalho. Ficaram no bar do Toino Coxo as bebidas eram mais caras, mas valia a pena, pelo menos podiam apreciar os seios nus das pequenas que serviam. Algumas delas até faziam umas horas extra na pensão por cima, mas isso era só no fim da semana quando os homens recebiam. Luís não era um cliente habitual, mas desde que a sua mulher morreu de leucemia, começou a utilizar este “serviço” com mais frequência, até já tinha uma preferida, Rosa de seu nome.

Rosa estava no metier há cerca de dois anos, por estranho que pareça tinha começado por Amor. Sim, Amor! Não era pela profissão naturalmente, mas sim pelo homem que a levou para lá. Bem dizem que não há amor pelo primeiro. Também ela tinha um certo carinho por Luís, bem sabia que na profissão não havia espaço para amores, mas numa vida sem nada umas migalhas ajudavam a passar o tempo.

-          Olá – disse Luís ainda tentando aperceber-se onde estava.

-          Olá, dormiste bem?

-          Sim. Onde estou? O que aconteceu? – perguntou Luís, nessa altura já tinha percebido que a mulher que estava à sua frente era Rosa. Ah! Como estava diferente! Sen rendas, cetins, pinturas. Rosa tinha em sim a beleza de uma mulher pura e simples. Como ela só tinha conhecido Maria, sua esposa.

-          Não aconteceu nada, adormeces-te no meu regaço e eu deixei-te ficar. Há momentos que vale a pena prolongar.

-          Queres casar comigo?

-          Sim

Luís e Rosa partiram no barco de pesca, foram procurar uma vida melhor.

Home Por Autor