REMÉDIO PARA OS NERVOS

Rev. João Duarte                                                                            01 Fevereiro 2000.


    Hoje em dia, vivemos numa sociedade que depende de comprimidos para resolver todos os problemas físicos e até mesmo espirituais. No entanto, antes de desenvolver este tema, quero que os leitores saibam que não sou contra os remédios receitados pelos médicos. Pelo contrário, dou graças a Deus pela sabedoria que Ele tem dado aos homens. Quando o cristão está doente, não deve ter vergonha de ir a um médico nem pensar que isso significa ter falta de fé em Deus. A Bíblia diz que “toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes” (Tiago 1:17). Sendo assim, os médicos são os instrumentos que Deus usa para auxiliar os doentes.

    Porém, em todas as coisas devemos ser moderados, isto é, quando se fala do poder de Deus e dos remédios receitados pelos médicos devemos usar moderança e discrição. Tudo o que é demasiado torna-se num fanatismo perigoso que prejudica a vida daqueles que são prisioneiros de tais inclinações extremistas.

    Nos nossos dias, muitas pessoas levam a sua fé até ao ponto do fanatismo. Aceitando as doutrinas dos chamados curandeiros religiosos, elas recusam ir ao médico e tomar os remédios que ele receita, simplesmente porque os curandeiros lhes disseram que estavam curadas. Infelizmente, elas acreditam tal palavreado e pensam que estão realmente curadas embora as dores que sentem, contradizem o que gostavam que fosse verdade. O resultado é que a doença vai de mal para pior, alastra-se e, quando já não há mais esperança, elas então decidem pedir o auxílio do médico. Por conseguinte, muitas pessoas têm sofrido e até morrido desta maneira.

    Eu também não sou contra a pessoa orar a Deus e pede que Ele a cure super-naturalmente da sua doença. A Bíblia ensina que Jesus usou o seu poder para curar toda a qualidade de doenças (Mateus 8:16). Ele também nos exhortou a levar-lhe os nossos problemas e doenças para sermos curados (Marcos 16:17-18; Tiago 5: 14-15). No entanto, devemos examinar tais promessas à luz de outros textos bíblicos para não cairmos no erro de fanatismo. A Bíblia mostra que nem sempre é da vontade de Deus curar a pessoa imediatamente e, às vezes, que não é da Sua vontade que a pessoa jamais seja curada. Quem ler o livro de Job verá que ele sofreu muito com uma doença incurável (Job 2:7-8). Porém, mais tarde, Deus o curou, não segundo a vontade de Job ou de algum curandeiro, mas quando Ele quis (Job 42:10-17). O apóstolo Paulo, quem Deus usou para curar outras pessoas (Actos 19:11-12), não foi curado da sua própria doença. Ele testifica que orou a Deus três vezes por este problema e que Deus recusou curá-lo (II Coríntios 12:8). A resposta que Deus lhe deu foi a seguinte: “A minha graça te basta…” (II Coríntios 12:9). Paulo não ficou desesperado, nem resentido contra Deus  e, não pensou, que a culpa estava na sua pouca fé, ou na falta de fé de algum servo de Deus. Ao invés, ele deu graças a Deus pela sua doença e compreendeu que através dela havia algo mais importante do que ser curado fisicamente: o propósito de Deus na sua vida (II Coríntios 12:9-10).

      A rosa é uma das flores mais bonitas que Deus criou. No entanto, não devemos ignorar que  ela está enfeitada com espinhos. Certas qualidades preciosas só podem ser obtidas através da tribulação. É facil ter fé e falar de Deus quando tudo corre como queremos. Mas será que podemos continuar a confiar na existência de Deus e na Sua bondade quando as coisas não correm como desejamos? O carácter  e a fé de Job brilharam quando ele passou pela fornalha da tribulação(Job 1:21; 2:10). A bondade de José resplandeceu após ele ter sido atraiçoado pelos seus irmãos (Génesis 45:5-8). E o amor perfeito de Deus foi exaltado quando Jesus perdoou aqueles que o escarnecerem quando Ele estava pendurado na cruz. As palavras de Jesus são raios de luz e amor que tocam nos nossos corações: “Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34). É facil amar os que nos fazem bem. Mas o amor perfeito só pode ser visto quando perdoamos e fazemos bem aos que nos fazem mal.

     Há outra coisa que devo acrescentar com respeito aos milagres dos nossos dias. Toda a gente quer ser curada. Ninguém gosta de sofrer. Isto é normal. Mas quando chegamos a uma certa idade, devemos compreender e aceitar que as dores que sentimos e as doenças que aparecem fazem parte do processo da velhice. Se não fosse assim ninguém morreria. A Bíblia nos ensina que servos de Deus, embora fossem homens de fé, tiveram doenças quando chegaram a uma certa idade. Contudo, caros leitores, Deus não os curou porque faziam parte da partida deste mundo. Se alguém duvidar disto, leia os seguintes exemplos. Isaac morreu cego (Génesis 27:1-46). Jacob, filho de Isaac, também morreu cego devido à sua velhice (Génesis 48:1,10). David quando envelheceu tinha um problema sério com o frio (I Reis 1:1-4). Porque é que estou a mencionar tais coisas? Porque as pessoas idosas dos nossos dias, ao verem os milagres na televisão, querem ser curadas de todas as suas dores e não querem conformar-se com a verdade que lemos nas Sagradas Escrituras: “A duração da nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robutez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rápidamente, e nós voamos” (Salmo 90:10).
      
     Tendo reflectido um pouco acerca do perigo de tomar uma posição extremista, gostava de escrever um pouco acerca do título deste artigo: O remédio para os nervos. Muitas pessoas sofrem da doença de nervos. Há várias coisas que podem causar esta doença. Mas, uma das principais é a preocupação. A pessoa que está constantemente preocupada pode afectar o seu sistema  nervoso e até ficar doente fisica e mentalmente.

    A primeira reacção quando uma pessoa vê que não consegue controlar a sua preocupação é visitar o médico. O médico receita um frasco de comprimidos e a pessoa, se não tiver cuidado, fica dependente da medicina e, em certos casos, viciada.

     Será que a medicina é a única solução para curar a doença dos nervos? A Bíblia nos dá vários conselhos que poderão produzir o mesmo efeito e, se a pessoa ter fé nas Sagradas Escrituras, poderá até ficar curada deste problema. Digo, poderá ficar curada, porque há certas doenças de nervos que não são causadas pela preocupação mas por problemas físicos.  Nestes casos a pessoa deve pedir o auxílio Divino e aceitar os remédios dos médicos.

     A Bíblia tem a cura para a preocupação. Jesus disse aos seus discípulos o seguinte: “Não andeis cuidadosos, quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir…” Se Jesus disse aos seus discípulos para não andarem preocupados com a vida, isto significa que o cristão não precisa andar ansioso pelo futuro. E porquê? Notem as razões que Jesus deu aos seus ouvintes. Primeira, Jesus deu a entender que a preocupação é o resultado da falta de confiança no poder de Deus. Isto é evidente quando lemos o seguinte: “Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? (Mateus 6:26). Sim, caro leitor, a preocupação é um sintoma de um pecado muito grave: falta de fé no poder divino. Se Deus toma conta das aves que são inferiores à humanidade, quanto mais Ele cuidará de nós que fomos criados à Sua imagem?

    A Bíblia nos ensina que quando confiamos no poder de Deus a preocupação desaparece da nossa mente. No Salmo 37:5 lemos o seguinte conselho: “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará.” Tambémo no Salmo 91:1 lê-se: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Omnipotente descansará.” Sim, o resultado de confiar no poder de Deus para cuidar das nossas necessidades materiais e espirituais é descanso e paz. Na epístola aos Filipenses 4:6 somos exhortados a entregar nas mãos de Deus todas as nossas ansiedades. E, quando fazemos isso, o resultado é o seguinte: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos, em Cristo Jesus” (Filipenses 4:6).

    O segundo conselho que Jesus deu foi que a preocupação não resolve nada. “E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura” (Mateus 6:27). Se pensarmos bem, a preocupação, em vez de resolver, complica o problema. Quando a pessoa se preocupa fica desmoralizada, deprimida e, em certos casos, paralisada. Lembro-me que quando estava a fazer os meus exames na escola secundária, eu preocupava-me de tal maneira que até tinha dificuldade de me lembrar das coisas e, em certas ocasiões, me esquecia completamente do que estudei. Até que um dia compreendi que a minha preocupação não só era um sintoma da minha falta confiança em Deus, como também estava minando a minha capacidade intelectual. Desde esse tempo em diante resolvi confiar os exames como também o meu futuro e todos os meus problemas nas mãos de Deus. O resultado é que tenho tido paz e notado que Deus me tem auxiliado na minha vida.

      Talvez o leitor também tenha o problema da preocupação. Sim assim é, porque não entrega nas mão de Deus tudo aquilo que está roubando a sua paz de espírito. Se o fizer, verá que “a paz de Deus que excede todo o entendimento” encherá o seu coração.

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