HISTÓRIA
O povoamento do lugar do Salão iniciou-se, por volta do ano de 1620, por uma família de Castelhanos, vindos dos Cedros, onde ali se tinham fixado nos tempos dos Filipes, no ano de 1589.
Após uma desordem provocada por motivos de posses de terrenos, uns deslocaram-se mais para sul para o lugar do Salão, onde se estabeleceram, ficando contudo ainda dependentes da freguesia dos Cedros.
Os Castelhanos construíram casas pobres, longe da costa, junto a uma pequena fonte. A esse lugar deram o nome de Carapeta.
Todas as casas tinham perto delas uma quinta, onde se criavam galinhas e cultivavam árvores de frutos (laranjeiras, pessegueiros, tangerineiras, macieiras, entre outras). Também tinham um curral de porcos e uma horta.
A pequena fonte da Carapeta desapareceu, a quando do sismo de 31 de Agosto de 1926.
Depois da restauração de Portugal, do domínio de Espanha, em 1640, os portugueses residentes nos Cedros fizeram uma corrida aos Castelhanos daquela freguesia e aos do lugar do Salão. Mascarados e armados de foices, garfos, enxadas e facas, durante a noite, bateram-lhes à porta e mandaram-nos arrumar as suas roupas e fugirem para a Vila da Horta. Levaram-nos à sua frente a acompanharam-mos até ao Alto da Ribeirinha. No regresso aos Cedros, e na descida do Alto para o Salão encontraram algumas peças de roupas que os corridos tinham perdido. Dai por diante começaram a chamar aquele local, os espalha-fatos com o tempo esta designação ficou unida só numa palavra.
No decorrer dos anos seguintes, desenvolveu-se o povoado do Salão. Os habitantes começaram-se a fixar noutros locais, sendo os principais: a Lomba, o Barreiro, a Cela e o Canto.
Os primeiros habitantes do Salão, construíram uma pequena ermida no local onde se situava Igreja que foi totalmente destruída pelo sismo de 9 de Julho de 1998. No ano de 1727 era ainda de um só altar e continuando a pertencer à freguesia dos Cedros até à criação da freguesia em 1800. Colocaram como sua protectora uma imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro que tinham trazido da Espanha. A imagem tinha 80cm de altura e era toda dourada. Anos depois foi substituída e entregue a uma família da freguesia que morava no Canto, e que a conservou por largos anos.
Anteriormente, tinham já resolvido construir a sua Igreja Paroquial, e como verificaram que os outros povoados mais próximos da costa já se encontravam mais desenvolvidos que a Carapeta, foi resolvido que a construção deveria ser feita num local mais conveniente e não no lugar da ermida existente. Então escolheram o lugar da Chã.
Sendo costume colocarem uma imagem de Nossa Senhora no terreno destinado à construção de uma Igreja e, segundo diziam, para o santificar, também na Chã colocaram uma grande imagem de pedra, que um só homem não podia mover. No dia seguinte ao da colocação da imagem, a mesma apareceu junto à ermida na Carapeta. Tinha-se passado durante a noite. Novamente foi conduzida para a Chã e dias depois voltou a aparecer na Carapeta. A população entendeu, que a Senhora não queria a construção no local da Chã, mas sim no mesmo local da ermida.
Perante esta situação, principiaram as obras, que duraram alguns anos, sendo terminadas no ano de 1800, ficando a Igreja com 24,20 m de comprimento e 10,12 m de largura e só com o altar-mor.
Anos depois, descobriram que tinha sido um valentão da Carapeta, chamado de José António, que sozinho, e durante a calada da noite, tinha transferido a grande imagem de pedra, vencendo a sua teima.
Construída a Igreja, foi adquirida uma nova imagem da Senhora do Socorro, já com pintura, que substituiu a primitiva.
No ano de 1834 foram doados à Igreja do Salão três retábulos dourados que pertenciam ao extinto Convento se São João, da Horta, e ainda o púlpito e o gradeamento do coro, ficando a Igreja com três altares, sendo os laterais dedicados à Senhora do Rosário e à Senhora das Dores, até 9 de Julho de 1998 eram dedicados ao Coração de Jesus e à Senhora da Conceição.
Segundo um mapa estatístico do ano de 1871, a população da freguesia era de 1.186 pessoas e 286 fogos.
A canalização da água foi um grande sonho dos saloenses, sendo a primeira inauguração a 28 de Maio de 1948, a segunda a 26 de Julho 1950 (entre estes anos datam os chafarizes de 1949).
A população, no entanto, foi reduzindo ao longo dos anos, devido essencialmente à emigração. Em 1962, no Salão viviam 750 pessoas e estas habitavam 210 fogos. Em 1970, viviam no Salão 585 pessoas, mantendo-se dentro deste número até 1990.
Agricultura, pesca e pastoreio.
Antigamente e tal como hoje, quase todos os saloenses têm) pequenos quintais, junto às residências e pequenas parcelas de terreno destinadas à cultura de produtos hortículas (inhame, batata doce, batata branca, feijão, ervilhas, etc.) e também algumas árvores de frutos (laranjeiras, limoeiros, macieiras, figueiras, ameixieiras, damasqueiros, tangerineiras, etc.),
Milho
O milho sempre foi um cereal consumido em grande número pelos saloenses, quer na alimentação caseira, quer na dos animais.
Outubro era o mês da apanha do milho (a maçaroca), esta tarefa demorava aproximadamente dois meses. O milho era apanhado e deitado em cestos de vime e levado para o carro de bois, que posteriormente transportava-o para a atafona.
Com o milho em casa, era a vez de descascá-lo. Na descasca do milho reuniam-se os compadres e os amigos mais chegados. Era um convívio com o objectivo de descascar a maçaroca e que designava-se por serão, pois começava por volta das 7.30h e acabava pelas 11.00 horas e ainda mais tarde... dependendo da animação.
Em alguns serões, quando este era dado por terminado havia sempre tempo para um "bailarico". Dançava-se a chamarrita ao som de violas e de rabecas.
Com a casca do milho faziam tapetes chamados capachos, também feitos de pite.
Depois do milho estar descascado era "esbichado" ( tirar a ponta da maçaroca e também os grãos estragados), para de seguida ser debulhado, tarefa feita à mão, pois só mais tarde é que apareceram as máquinas de debulha. O milho debulhado era levado ao forno para secar.
Terminadas estas tarefas obtinham quatro, cinco a seis moios de milho - um moio corresponde a dez sacos. Era guardado em caixas de zinco e de madeira para consumo durante todo o ano. Deste cereal se fabrica a farinha recorrendo-se a um processo simples, os moinhos.
No fim da década de quarenta apareceram no Salão, os moinhos de palheta, vindos de S. Jorge. Muitos lavradores possuíam moinhos para uso próprio, depois apareceram os moinhos para o público. Estes acabaram por desaparecer.
Com os moinhos apareceram as atafonas, espécie de nora, movida por um animal (vaca) de olhos vendados para não ficar tonta.
Trigo
O trigo tal como o milho era um cereal cultivado em grande número na freguesia do Salão.
Do trigo semeado tirava-se uma parte, a necessária para o fabrico de pão (também misturava-se o trigo na massa sovada), a outra parte era vendida para os celeiros na cidade.
Para além dos cereais os agricultores do Salão também cultivaram linho.
Linho
O linho começou a ser cultivado no Salão na década de quarenta. É uma planta de consistência tenra, de flores azuis e cresce aproximadamente 30 cm.
Lavoura
Além da agricultura os saloenses dedicavam-se muito a criação de gado.
Segundo uma estatística do ano de 1867, na freguesia havia 530 cabeças de gado bovino, 4000 de gado ovino, com 800 Kg. de lã, 300 de caprino e 250 de suíno.
Pesca e Baleação
O Porto do Salão, foi um dos primeiros portos dos Açores na caça à baleia. O local onde se encontra era bom para apanhar as baleias que vinham de S. Jorge e da Graciosa.
A freguesia do Salão teve uma companhia baleeira, que se chamava Companhia Baleeira Saloense e era formada só com pessoas da freguesia. Tinha dois botes baleeiros e uma lancha de boca aberta. Mais tarde esta companhia foi vendida ao Cais do Pico, mas continuou estacionada no Salão.
Artesanato
O artesanato no Salão continua a ser representado pela cestaria.
A matéria-prima que utilizada são os vimes. Estes são cultivados e depois de crescerem, são cortados e levados para casa. Separam-se os vimes grados e miúdos e em seguida põe-se num bidão de alcatrão com água onde são cozidos durante duas a três horas para depois descascados e colocados ao sol para secar. Este processo requer ajuda de várias pessoas. Sendo um trabalho cansativo, pois é tudo manual.
Como instrumentos de trabalho o artesão utiliza a tesoura para cortar, a navalha, o martelo para bater os vimes e a trincha para podar.
São vários os tipos de cestos que são feitos, desde os cestos para jóias até aos que são utilizados nos produtos agrícolas. Cada um cesto demora duas a três horas a ser feito.
Pentecostes
A festa do Pentecostes é muito importante na nossa freguesia. Os irmãos que pertencem à Irmandade do Espírito Santo, são sujeitos a sortes para saberem quem irá servir para no ano seguinte. Sorteados os irmãos, estes sujeitam-se a guardar em suas casas por cerca de 3 meses a coroa do Divino Espírito Santo.
O povo antigamente rezava ao Espírito Santo, um terço especial, que era cantado pelos homens e pelas mulheres.
Depois da missa e coroação, as pessoas dirigiam-se para o Império, onde
comiam as saborosas sopas e a massa sovada.
Ao chegarem ao Império o irmão que serve, distribui pelos pobres as esmolas, este acto é sempre acompanhado pelos foliões.