O Parque Nacional da Tijuca é formado por três áreas distintas, embora relativamente próximas: a Floresta da Tijuca (cujo principal pico pode ser observado à direita na foto acima), a Serra da Carioca (onde se encontra o Corcovado, mais ou menos no centro da fotografia), e a região onde se situam a Pedra da Gávea e a Pedra Bonita (atrás do Pão de Açúcar, à esquerda). Tirada da Baía de Guanabara, a imagem ilustra bem a extensão do Parque (observe que os morros podem ser identificados colocando-se o ponteiro do mouse sobre ela). Seu ponto de vista corresponde ao de um observador que estaria à direita do mapa abaixo (você também pode visualizar os principais cumes da Floresta da Tijuca clicando sobre qualquer um dos círculos brancos do mapa).
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Se você deseja visitar a Floresta da Tijuca, antes de mais nada seria interessante decidir qual pergunta estaria mais próxima do seu objetivo: por onde começar um passeio na Floresta ou como realizar uma boa caminha pela Floresta. Se a sua intenção for apenas um pequeno passeio, sem se afastar muito do seu ponto de referência inicial, é quase certo que qualquer caminhada que você venha a fazer possa ser agradável e relaxante. No entanto, se você pretende meter o pé no mato, caminhando por trilhas sinalizadas, e alcançar os mais visitados picos da Floresta, talvez você se interesse em antes conhecer alguns dos principais morros desta, que é a maior floresta urbana do mundo.
Os picos mais visitados da Floresta são alcançados com menor esforço a partir do Largo do Bom Retiro. O largo, que se encontra a aproximadamente 685 metros do nível do mar, está situado no fim da estrada (dos Picos) que se inicia junto à sede do Parque (Barracão). Do Bom Retiro o visitante pode optar por: uma caminhada até o Pico da Tijuca e/ou o Tijuca Mirim, uma pequena caminhada à Pedra do Archer, ou uma caminhada mais forte (com momentos de escalaminhada) à Pedra João Antônio (através da Serrilha), ao Bico do Papagaio (e a Ponta do Urubu, no final da Serrilha) ou ao Morro da Cocanha.
Pedra do Conde {821 metros} - Outra opção de passeio é visitar a Pedra do Conde, começando do Playground situado próximo à Capela Mayrink. Em um dos trechos mais leves desta trilha pode-se apreciar alguns dos principais morros da Floresta: do Pico da Tijuca ao Morro da Taquara, com direito a uma visão panorâmica da Serrilha. Já no topo da Pedra do Conde é possível observar, além dos outros picos da Floresta, a Serra da Carioca, o Centro da cidade, a Baía de Guanabara e suas ilhas, a Zona Norte, a Baixada Fluminense, Niterói, São Gonçalo, e toda a extensão da Serra dos Órgãos.
Morro do Anhangüera {693 metros} - Grande parte do caminho que leva à Pedra do Conde também pode ser utilizada para se alcançar a trilha do Anhangüera. Para aqueles que preferem passar mais tempo em uma estrada que no mato propriamente dito, uma outra opção é visitar o Mirante do Excelsior. Próximo ao final da Estrada do Excelsior existe uma pequena trilha que também leva do Morro do Anhangüera. Esta escolha é certamente mais tranqüila e menos cansativa.
Pico do Andaraí Maior {861 metros} - Após percorrer cerca de dois terços da Estrada do Excelsior, existe um caminho colonial que leva ao antigo Sítio da Caveira, onde hoje ainda sobrevivem os restos de um posto da guarda florestal. De lá parte uma série de trilhas, dentre as quais a que leva ao Pico do Andaraí Maior e ao Tijuca Mirim. Mais a diante, esta trilha bifurca em um ponto chave: seguindo-se à direita temos o Andaraí Maior, em frente o Pico do Perdido através do Vale do Elefante, e à esquerda o Tijuca Mirim.
Tijuca Mirim {917 metros} - A subida ao Tijuca Mirim pela trilha da Caveira é consideravelmente mais desgastante se levarmos em consideração que é necessário contornar todo o conjunto de rochas que formam este morro (conjunto este muito apreciado pelos montanhistas que costumam escalá-lo). Para aqueles que preferirem uma boa trilha a dar uma de lagartixa, também é possível optar pelo caminho do Pico da Tijuca e chegar com relativa tranqüilidade ao cume do Tijuca Mirim.
Pico da Tijuca {1022 metros} - Partindo do Largo do Bom Retiro e investindo em uma caminhada com pequenos obstáculos, podemos alcançar o ponto mais alto da Floresta e garantir um belo visual do Rio de Janeiro (praticamente todo o Parque Nacional da Tijuca, a Baía de Guanabara, o Centro da cidade, a Zona Norte e parte das Zonas Sul e Oeste, além de outros municípios da Região Metropolitana). O trecho final desta caminhada é, normalmente, realizado sobre os mais de cem degraus esculpidos na pedra. (Não se intimide com o péssimo estado de conservação das históricas correntes de ferro que serviam de corrimão.)
Pedra do Archer {817 metros} - Outro trecho que não requer muito esforço físico é a trilha do Archer. Partindo do Bom Retiro e seguindo até a bifurcação no final do ziguezague inicial do Caminho dos Picos, deve-se percorrer apenas o início da trilha que leva ao Bico do Papagaio e ao Morro da Cocanha. Pouco após a segunda bifurcação (para a Serrilha) encontramos o início (à esquerda) do Caminho da Pedra do Archer.
Pedra João Antônio {908 metros} - O caminho da Serrilha começa pouco depois de uma outra bifurcação existente após a saída da trilha do Papagaio. Ao invés de descer em frente, pelo Caminho dos Ciganos, você deve virar à esquerda e subir paulatinamente a Serrilha do Papagaio até alcançar mais uma bifurcação, desta vez dobrando à direita e seguindo até o mirante da Pedra João Antônio. (Jamais subestime a Serrilha, avalie muito bem o seu preparo físico antes de encará-la.)
Alto da Serrilha do Papagaio {957 metros} - O Caminho da Serrilha é pautado por diversos momentos de escalaminhada, o que torna a trilha exaustiva. Longe de ser um caminho para um cume sem saída, ele se assemelha mais a uma via superior que liga o Largo do Bom Retiro ao Bico do Papagaio. A vista de alguns pontos do caminho é muito bonita, às vezes apontando para dentro, às vezes para fora da Floresta. Vale o esforço: o visual do Alto da Serrilha é recompensadora.
Ponta do Urubu {983 metros} - Depois de percorrer toda a Serrilha chega-se ao ponto mais deslumbrante deste caminho (talvez a vista mais emocionante de toda Floresta): a Ponta do Urubu e sua vista privilegiada do Bico do Papagaio! Não é difícil encontrar pessoas, na Ponta do Urubu, admirando a enigmática formação rochosa que compõe o Bico do Papagaio. Este mirante, com certeza, vale toda a energia gasta para se chegar a ele.
Bico do Papagaio {989 metros} - Para se alcançar o Papagaio propriamente dito é possível contorná-lo através do Abrigo Passagem do Inferno (via Serrilha) ou percorrer todo o Caminho do Bico do Papagaio, abaixo da Serrilha, galgando uma enorme trilha de pedras no seu trecho final. A visão panorâmica do cume é indescritível: o lugar é realmente impressionante! O passeio se dá através de trilhas que exigem um certo esforço e pequenas escaladas, mas compensa. E, evidentemente, pode-se optar por não voltar pela mesma trilha.
Morro da Cocanha {982 metros} - Com uma espetacular vista do Pico da Tijuca, do Bico do Papagaio e de boa parte do Parque Nacional da Tijuca (inclusive o Corcovado e a Pedra da Gávea) - além da Baía de Guanabara, das praias da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes, da Baixada de Jacarepaguá e do Maciço da Pedra Branca -, o Cocanha possui acesso por diversas trilhas. Pela Cova da Onça, pelas ruínas do Sítio Humaitá, pelo Papagaio, simplesmente pelo Bom Retiro, ou mesmo por Jacarepaguá, é possível chegarmos ao Morro da Cocanha. No entanto, atingimos o seu topo através de uma caminhada relativamente puxada e cansativa (e cansa mesmo).
Morro da Taquara {814 metros} - A melhor maneira de se visitar o Morro da Taquara é partindo do Caminho da Cova da Onça, junto às estradas Visconde do Bom Retiro, Escragnolle e Princesa Imperial. Esta trilha segue até o Caminho do Sertão, que por sua fez corta o Platô do Céu, de onde podemos atingir o Cocanha (pela direita) ou o Taquara (pela esquerda). Um pouco após o alto do morro, ainda na mesma trilha, temos os Castelos da Taquara.
Como normalmente o Largo do Bom Retiro é utilizado como ponto central, a maioria das caminhadas parte de lá para alcançar os principais picos da Floresta. Entretanto, aqueles que já percorreram os caminhos mais conhecidos, dispõem de um bom preparo físico e têm interesse em fazer caminhadas que fujam do convencional, existem diversos passeios e caminhos alternativos na Floresta. É particularmente interessante atravessar todos (ou quase todos) os morros descritos acima em um único dia [no entanto, jamais se aventure a fazer uma caminhada como esta sem antes visitar várias vezes todas as trilhas que levam a cada um destes morros, picos e pedras, e, obviamente, (re)conhecer os seus próprios limites]. Um passeio como este deve começar muito cedo (se possível com o raiar do sol) e terminar bem antes do fim da tarde (para se evitar problemas).
Uma boa sugestão é partir do Playground próximo à Capela Mayrink e seguir até a Pedra do Conde. O aspecto possivelmente desagradável deste tipo de passeio é que o caminho principal é pautado pelas bifurcações que levam a dois ou mais cumes. Em vez de se seguir direto para o morro seguinte, é necessário voltar à bifurcação e daí continuar a caminhada. Neste caso, deve-se retornar da Pedra do Conde até a bifurcação com a trilha do Anhangüera e segui-la até alcançar o bosque de eucaliptos no topo do Morro do Anhangüera. De lá o visitante voltaria até a bifurcação com a trilha que parte da Estrada do Excelsior e caminharia até o Caveira, de onde seguiria para o Pico do Andaraí Maior. Como parte da trilha que leva a este pico também pode ser utilizada para se chegar ao Tijuca Mirim e ao Pico do Perdido, no Grajaú, deve-se voltar do Andaraí Maior até a bifurcação com as respectivas trilhas e subir até o Tijuca Mirim. A partir daí é rumar para o Pico da Tijuca e depois descer pela trilha mais visitada do parque até entrar no Caminho do Bico do Papagaio (sem passar pelo Largo do Bom Retiro). Deste caminho na verdade só se percorreria um pequeno trecho: apenas o suficiente para ir à Pedra do Archer e voltar à bifurcação que leva ao início da Serrilha. Na Serrilha seria possível visitar a Pedra João Antônio, desviando mais uma vez em outra bifurcação e voltando ao caminho original, alcançar o Alto da Serrilha do Papagaio e depois chegar à Ponta do Urubu. Após um breve descanso, admirando a insuperável vista da Ponta do Urubu, pode-se atingir o Bico do Papagaio através do Abrigo Passagem do Inferno. Do Papagaio o visitante seguiria até o início do Caminho do Morro da Cocanha, onde subiria ao cume para depois descer até o Platô do Céu e de lá seguir ao Morro da Taquara. (Não adianta chegar aqui próximo ao final da tarde, pois no mato escurece cedo e ainda falta um bom trecho para se encerrar o passeio.) Do Morro da Taquara deve-se voltar ao Platô do Céu e seguir pelos caminhos do Sertão e da Cova da Onça até a Estrada Visconde do Bom Retiro para, enfim, alcançar a saída da Floresta, junto ao Açude Solidão.
(atualização)
Dezembro de 2000
Rio Cultural
Copyright © 1999–2005
Pesquisa, fotos e edição:
Fernando Ribeiro Gonçalves Brame
frgbrame@yahoo.com.br
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