Testamento
de ÁLVARO RODRIGUES DE ARAÚJO, Comendador de Rio-Frio 25
de Abril de 1506 Transcrito na "Noticia dos Pais e Avos do Abbade de Purozello" pg. 82 vº |
¦
82 vº ¦ E
logo me foi apresentado outro testamento que disse ser o dito supplicante de Alvaro
Rodrigues de Araujo Comendador de
Rio frio, e fidalgo da Caza Real, Irmão de seu septimo [sobreposto: sextto] avo Gonçalo Rodrigues - ¦
83 ¦ Rodrigues
de Araujo, escripto por Tabelião e
em publica forma, que mandey tresladar e o theor delle de verbo ad verbum he
o seguinte----------------------------- Testamento
de Alvaro Rodrigues de Araujo Comendador
de Rio frio Em
nome de Deos amen, saybão quantos os que esta manda, y testamento virem como
eu Alvaro Rodrigues de Araujo
Cavaleyro, e Comendador da Comenda de Riofrio, que he da Ordem de Nosso
Senhor Jesus Cristo jazendo doente em cama de dor, que eu tenho no Corpo, e
enfermo, e são do entendimento, faço minha manda por esta guiza, que se
segue // Primeyramente encomendo
minha Alma ao Senhor Deos, que a criou, e rogo a Virgem Maria, que com toda a
Corte celestial rogue ao Senhor Deos por mim // Mando que enterrem meu corpo
dentro na Igreja no jazigo, que hora mandey fazer // Mando hum marco de prata
para hum Calix ao Mosteyro // Mando que no prymeiro dia me digão sincoenta - ¦
83 vº ¦ Sincoenta
Missas, e se as não poderem dizer no dito dia, que as digão athe o terceyro
dia // Mando que ao mes me digão vinte missas // Mando que ao anno me digão
trinta e se as não poderem dizer nos ditos dias, que as digão nos seguintes
dias // Ao presente dem de obrada a metade de huã vaca e dois carneyros e
trinta reis de pão, e hum odre de vinho; ao mes vinte reis de pão, hu~
carneyro e hum alqueyre de vinho; // Mando que me obradem cada sabado, ou
cada Domingo com sinco reis de pão alvo, e huma canada de vinho, e carne ou
pescado, como se puder haver, e que o Cappelão va sobre minha sepultura com
agoa benta cada Domingo // Mando que digão hum trintario encerrado o mais
sedo que puder ser // Deixo por meu Cumpridor a Rodrigo
Alvares meu
filho, que cumpra estas couzas, e
deixo o Abbade de Cabreyro por accuzador // Mando a todos os meus filhos e
filhas sob pena de minha bencão, e maldicão, que não sejão contra minha
manda // Estas são as dividas que devo: devo a Payo Rodrigues seis mil reis,
ou aquillo que acharem - ¦
84 ¦ Acharem
assignado por minha mão // Devo a Fernão
Velho meu sobrinho onze mil reis,
ou aquillo que se achar assignado por minha mão, e elle tem em penhor o meu
Lugar em Lubeyra, e tanto que lhe derem o dito dinheyro, que elle largue o
Lugar // Devo a Rodrigo Alvares de
Mantelães trezentos e quarenta e
sinco reis, que lhe fiquey por Pedro de Cadorcas, e lhe devo em outra parte
cem reis // Devo a Pedro Affonco de pano que lhe mandey tomar para a mulher
de João Lopes
dous mil reis // A Rodrigo Alvares
de Mantelães de pano que tomey
para minha neta mulher de João do
Barreyro de Monte Redondo dous mil
duzentos e sassenta reis, e elle Rodrigo
Alvares recebeo a renda de hum
Cazal, que traz Gonçalo da Lama, o mais seja a conta // Ao Abbade de Tavora
de vinho, que lhe comprey novecentos e settenta reis // Devo a Diogo Dias Bom
christão mercador de pano, que lhe mandey tomar em Sancta Luzia para vestir
minha Caza, e de outro que lhe ja devia deantes em que se montão quatro mil
duzentos e sassenta reis. // - ¦
84 vº ¦ A
Henrique de Lima de pano que lhe tomey no Ladaryo novecentos e dezaseis reis
// Devo a Froillos de Araujo dous mil reis // A João de Arranhados mil reis
de bezerros // Devo a Alvaro Ennes sapateyro cento e quarenta reis // Estas são
as dividas que me devem. Deve Pedro de Cadorcas cento e quarenta reis // Gonçalo
Gil de São Mamede, mil e quatro centos reis de bezerros que lhe vendi, e de
adianamentos (sic) athe esta era de quinhentos e sinco // Deixey a João do
Pezo dois bezerros em mil, e novecentos reis, ittem em outra parte me deve
seiscentos reis de dois bezerros meus, q vendeo // A mulher e filhos de João
de Travacos trezentos reis, que emprestey a João de Travacos // Rodrigo de
Travacos mil e cem reis de bezerros, que lhe vendi, me deve mais os
adianamentos em Riofrio, Senlarey [Serraleis], Parada e Guilhadezes //
João de Senlarey quinhentos reis ou o que se achar em bonna conta, que são
de adianamentos, que fes comigo // Fernando filho de João do Fojo, deve hum
bezerro, e não me lembra o preço, e recebi delle duzentos reis // Fernão
Ennes de eira da Villa me deve de - ¦
85 ¦ De
hum bezerro, ou boy de luctuosa mil e quatrocentos reis, e destes recebi por
a metade de hua vaca quatrocentos e vinte e sinco reis // Estes são os
Cazamentos que eu dey a minhas filhas, primeyramente Pedro
Alvares ouve desasette mil reis, e
a mulher vestida de dous vestidos de Londres, e suas camas de roupas // Goncalo
de Morim des mil reis em dinheyro,
e suas camas de roupa, e a mulher vestida de Londres. // Rodrigo
Alvares de Mantelães des mil reis,
e suas camas de roupa, e a mulher vestida de Londres.// A mulher de João
Gomes
deulhe meu Irmão o Cazamento, e eu deylhe a roupa da cama // Alvaro
Pires de Caravana outro boy e outro
gado que lhe dey, que valia sinco mil, e quinhentos reis, e sua roupa, e ella
vestida de Londres. // Luis de
Moreyra oito mil reis em dinheyro,
e sua cama de roupa e ella vestida de Londres. // Affonso
Garcia deulhe o Visconde o
cazamento, e eu deylhe a roupa // Dey a João
Lopes de Calvos sinco mil reis, e
sua cama de roupa ¦
85 vº ¦ Roupa,
e sua mulher vestida de Londres. // Mando que esta minha filha Lucrecia
Rodrigues herde Irmammente
com os outros meus filhos, e mando que em a Alvaro Fernandes meu Criado
quatrocentos reis por serviço, que me fez, a João Grova (?) outrosi meu
Criado tres mil reis, mando a
Mayor minha neta,
que a vistão assi como vestirão a sua Irmam, e lhe dem quatro mil reis. //
Mando a Constanca Goncalves mil reis, mando a Maria minha Criada, que lhe dem
trezentos reis, porquanto ja agora esta vestida. // Mando que os moços
pequenos, que eu criey que fazendo Deos de mim al, mando a meus Cumpridores,
que lhe satisfacão, como cada hum merecer. // Mando que a Pedro Galego meu
Criado lhe dem tres mil reis. // Mando, que todos os meus bens se paguem
estas dividas, e servicos assima escriptos, segundo por mim he mandado, e
tanto que apartadas forem as dividas me apartem - ¦
86 ¦ Apartem
meu terco para cura de minha Alma, do qual mando ao dito Rodrigo
Alvares meu filho, e assi a Alvaro Rodrigues outrosi meu filho
que tambem lhe dou por ajudador, que cumpra todas as couzas assima escriptas,
que cumprão para cura de minha Alma, e assim o mais, e cumprido, o mais que
remanecer de meu terço o hajão por seu trabalho, e se ahi houver tanta
quantidade, mando que dem dous mil reis para duas orphans, onde virem que he
mais necessario, e assim mando a Guiomar de Villafranca, que meus herdeyros
lhe não vão a couza alguma, que ella tiver destas portas a dentro a saber
em peças de Caza, e mais mando, que por serviço, que me fes lhe dem quatro
milreis em gado, quer em dinheyro, mais mando lhe não vão ao quinhão de
duas vacas, e duas filhas, que trago comigo // Mando que dem a Branca Affonco
de - ¦
86 vº ¦ De
Tavora dois mil reis. // Mando que de todos os meus bens se apartem tres mil
reis, e mando aos dois meus herdeyros os distribuão pella Alma de Constanca
de Lama por muito serviço que me
fes; mando a meus herdeyros, que não vão a huas pertencas, que comprou
Guiomar de Villafranca a Goncalo de Villafranca em Gouvellas; Mando que os
bens que comprou Guiomar de Villafranca a Lopo, que jazem em Villafranca, que
forão de Mecia Affonco, que lhe não vão a elles. digo mais, que o Campo
das Coraceiras, que pertence aos filhos de Constanca de Lama, que ella o
comprou; e por esta maneyra hey por revogadas outras quaisquer mandas, e
codecilios, que eu athe aqui tenha feitos, que não valhão em juizo, nem
fora delle, salvo esta, e por ella peco a Elrey Nosso Senhor, e a todas as
suas justicas, a que for mostrada, que em todo o facão cumprir, e guardar,
porque esta he a minha postrimeyra vontada e esta hey por bonna e valioza - ¦
87 ¦ Valioza
deste dia para todo sempre // E mais me deve Pedro Alvares de Cazal Soeiro o
que lhe emprestey; feita, e outorgada foi a dita manda dentro das Cazas da
morada da dita Comenda de Rio frio, aos vinte e sinco dias do mes de Abril do
anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil e quinhentos e seis, e
logo ahi pello dito Alvaro Rodrigues Comendador foi dito que seu dezejo e
vontade era por alguns respeitos ao prezente todos não serem sabedores do
Contheudo em seu testamento, disse que mandava a mim Taballião, que fizesse
hum instrumento ao pee della de fee, como elle outorgava prezentes as
testemunhas, o qual instrumento he o seguinte
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Saibão
quantos este instrumento de fee, e outoga virem, que no anno do Nascimento de
Nosso Senhor Jesus Christo de mil e quinhentos e seis annos, aos vinte e
sinco dias do mes de Abril dentro das Cazas - ¦
87 vº ¦ Cazas
da morada da Comenda de Rio frio, do Julgado de Val de Ves em prezença de
mim Tabalião, e testemunhas jazendo em cama Alvaro
Rodrigues de Araujo Comendador da
dita Comenda, que elle agora fazia sua manda, e testamento, e por nella
mandar alguas couzas por descargo de sua Alma, comigo Tabalião del Rey Pedro
Annes no dito Julgado, como assima deste escripto está escripto, e por ao
prezente todos não serem sabedores do que eu mando, por descargo de minha
Alma, vos Tabalião me dareis hum instrumento, como heu hey por boa, valioza,
e firme para sempre, como nella fas menção, e outorgo por este escripto em
pessoa vossa, e das testemunhas, que me vem, e ouvem outorgar, assim, e pella
guiza, que nella fas menção, e por vos Tabalião escripta, porque esta he
minha tenção digo minha vontade, porque a fis com todo o meu sizo, e
entendimento, e de todo peco assim, hum instrumento, e por elle pro- ¦
88 ¦ <<Protesto
ser firme, valioza em juizo, e fora delle, como couza por mim he mandado, e
por de tudo peco o dito instrumento para minha guarda, e de minha alma,
testemunhas que forão prezentes João Lopes de Calvos, e Goncalo Gomes seu
filho, e Diogo Lopes de Alvim, e Fernão de Calvos, e Diogo do Torrão, e
Diogo da Fonte, morador em Tavora, e outros e eu Pedro Annes Tabalião no
dito Julgado, que este escrevi, e assi foi testemunha Diogo Fernandes Abbade
de Peruzello // Alvaro Roiz // // Gonçalo Gomes // Diogo Lopes // Diogo da
Fonte // Fernão de Calvos // // Diogo do Torrão // Martinho Alvares // João
Lopes ======================================= E
não se continha mais nada no dito testamento, e termo delle, que tudo se
tresladou na verdade e ao proprio me reporto. ====================================================== |
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