AIB - Ação Integralista Brasileira

Tipo de Símbolo

Bandeira de partido político.

Outro Nome

?

Uso Tradicional

Foi a bandeira da Ação Integralista Brasileira. Era usada em suas manifestações.

Grupo/ Organização

Integralistas brasileiros; a Ação Integralista Brasileira.

Simbolismo

A letra grega sigma (S), localizada ao centro da bandeira, corresponde na matemática ao somatório, e no desenho simboliza o homem integral. O círculo branco é uma referência ao círculo central da bandeira do Brasil.

História

A Ação Integralista Brasileira (AIB) foi uma organização política nacionalista fundada pelo pensador católico Plínio Salgado, em 1932. Outros líderes da AIB foram Miguel Reale e Gustavo Barroso. Conservadora e anti-comunista, estava ligada aos interesses das elites tradicionais brasileiras, e inspirava-se no fascismo italiano de Benito Mussolini. Devido à imitação estética das indumentárias e gestos dos fascistas italianos, que também foram copiados pelos nazistas, a AIB tem sido erroneamente associada a movimentos racistas. Porém, em função da base ideológica cristã católica do Integralismo, a Ação Integralista Brasileira era radicalmente anti-racista, defendendo a integração das diferentes raças (índios, negros, brancos, amarelos) que deram origem aos brasileiros. Enquanto os nazistas defendiam uma "pureza racial" ariana, os integralistas brasileiros contrariamente inspiravam-se nos escritores românticos brasileiros do séc. XIX, e colocavam o índio como símbolo da nacionalidade, demonstrando isso em seu cumprimento, "Anauê!", de origem tupi. A AIB teve uma trajetória meteórica: apenas cinco anos após sua fundação contava com 500.000 filiados, mas encontrou seu fim em 1937, após unirem-se a liberais numa tentativa frustrada de derrubar o governo de Getúlio Vargas.

Integralismo e movimento negro. João Cândido, o líder negro da Revolta da Chibata, foi um dos filiados da AIB. 

"Logo após a Revolução de 30 surgiu em São Paulo, em 1931, a Frente Negra Brasileira, como uma organização inspirada no espírito nacionalista então em voga. A forma organizativa e o discurso era extremamente próximo do Movimento Integralista que preconizava, à direita, a defesa dos valores nacionais. O slogan dos integralistas era "Deus, Pátria e Família" e da Frente Negra era "Deus, Pátria, Raça e Família". Para termos uma idéia de como se posicionavam em relação ao tema da raça então em ebulição, tomemos trecho de artigo de seu órgão oficial, A Voz da Raça: "Que nos importa que Hitler não queira, na sua terra, o sangue negro! Isso mostra unicamente que a Alemanha Nova se orgulha da sua raça. Nós também, nós brasileiros, temos raça. Não queremos saber de arianos. Queremos o brasileiro negro e mestiço que nunca traiu nem trairá a Nação" (12) Este discurso claramente se opõe ao arianismo em moda sem ultrapassar entretanto a definição de raça então aceita como critério identitário. A África e os africanos não jogam aqui qualquer papel na constituição da identidade negra brasileira." (De V. Zamporoni, em "A África e os estudos africanos no Brasil: passado e futuro",  http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252007000200018&script=sci_arttext).

Embora influenciada pelo Integralismo, a Frente Negra Brasileira, porém, teve desenvolvimento próprio e distinto:

"Em 1933, a FNB publicou o jornal A Voz da Raça, tendo como subtítulo Deus, Pátria, Raça e Família. Esta consigna diferenciava-se da palavra de ordem dos integralistas apenas no acréscimo do termo Raça. Plínio Salgado, a principal liderança integralista, chegou a ter um de seus artigos publicado no jornal A Voz da Raça. Segundo um antigo ativista do movimento negro, Arlindo Veiga dos Santos participou do Primeiro Congresso da Ação Integralista Brasileira, ocasião na qual proferiu um discurso prometendo o apoio da Frente Negra Brasileira e de seus 200.000 negros aos integralistas (Leite & Moreira,s/d:13). Temos dúvidas se esta informação procede, o que sabemos, seguramente, é que A Voz da Raça, como já assinalamos, foi um órgão da imprensa negra usado como instrumento propagandístico do programa ideológico patrianovista (Pinto:1993,136). Em artigo batizado de Basta de exploração!!!, Arlindo Veiga dos Santos afirmava tal programa, indicando, por exemplo, de que maneira o regime nazista alemão — em matéria de projeto nacional e política racial — devia ser transplantado para o Brasil:

Que nos importa que Hitler não queira, na sua terra, o sangue negro? Isso mostra unicamente que a Alemanha Nova se orgulha da sua raça. Nós também, nós Brasileiros, temos RAÇA. Não queremos saber de ariano. QUEREMOS O BRASILEIRO NEGRO E MESTIÇO que nunca traiu nem trairá a Nação. Nós somos contra a importação do sangue estrangeiro que vem somente atrapalhar a vida do Brasil, a unidade da nossa Pátria, da nossa raça da nossa Língua. Hitler afirma a raça alemã. Nós afirmamos a Raça Brasileira, sobretudo no seu elemento mais forte: O NEGRO BRASILEIRO.

Neste excerto do artigo, Arlindo Veiga dos Santos fazia uma declaração de princípio, cuja tônica era seu nacionalismo fundamentalista. Para o presidente da Frente Negra, não importava os meios, mas apenas os fins do nazismo: a valorização racial da Alemanha. Por isso, era irrelevante se Hitler conduzia a Alemanha por métodos racistas. A aversão nazista ao "sangue negro" era avaliada como uma medida de orgulho patriótico, um gesto nacionalista, que visava, exclusivamente, proteger a raça "ariana".

O projeto nacional do regime nazista era concebido de maneira tão positiva, que, nós, brasileiros, deveríamos aplicá-lo em nosso país, pelo menos no que dizia respeito à sua ideologia racial, ou seja, tínhamos que ter uma postura anti-semita, xenófoba, sermos refratários aos "arianos" e à entrada dos imigrantes — que, afinal, colocavam em risco a unidade nacional e racial do país. Implantando um projeto nacional nos moldes nazistas, conseguiríamos valorizar o autêntico brasileiro, o negro ou mestiço. Em suma, só com uma política racial de natureza "nazista" afirmaríamos a verdadeira raça brasileira, "sobretudo no seu elemento mais forte: o negro"." (De P. Domingues, em "O 'messias' negro? Arlindo Veiga dos Santos (1902-1978): 'Viva a nova monarquia brasileira; Viva Dom Pedro III!'" África e os estudos africanos no Brasil: passado e futuro",  http://www.scielo.br/scieloOrg/php/articleXML.php?pid=S0104-87752006000200015&lang=en).

Internet

setstats [pagina_inclusao.htm]