Einstein, o cidadão do mundo
Vamos esquecer por alguns instantes a imagem popular de Einstein como um velho sábio, com uma vasta cabeleira branca, língua de fora e doces olhos negros. É uma espécie de híbrido entre um avô excêntrico e um profeta.
Além de se ocupar com suas fantásticas contribuições científicas, Einstein também se preocupava com o social. Nunca se envolveu em disputas sobre a originalidade de suas idéias ou se aproveitou da glória de seu sucesso. "O único modo de escapar da corrupção causada pelo sucesso é continuar a trabalhar.", ele escreveu em uma ocasião. "É muito tentador pararmos para escutar elogios embevecedores. Mas a única coisa a ser feita é dar as costas a isso tudo e continuar a trabalhar. Trabalho. Não existe mais nada."
Einstein gostava de discutir seus trabalhos com os colegas. Seus debates com o grande físico dinamarquês Niels Bohr foram cruciais para o desenvolvimento da mecânica quântica.
Ele é o único cientista cujo pôster é mostrado lada a lado com o dos Beatles ou de Pelé em lojas especializadas. A reação quase alucinada da imprensa após o astrônomo inglês, sir Arthur Eddington, ter confirmado, em 1919, uma das previsões da teoria da relatividade geral. Isso transformou Einstein, quase da noite para o dia, num homem famoso em todo mundo. Para sua enorme surpresa, ele se tornou um homem público, um símbolo de gênio, o mais famoso cientista do mundo, talvez de História. Abraham Pais, físico e famoso biógrafo de Einstein afirmou: "Ele parecia ter contato direto com Deus, assim como os santos e profetas de outrora."
Após 1919, Einstein tornou-se internacionalmente reconhecido. Ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1921. Sua visita a qualquer parte do mundo tornava-se um evento nacional; fotógrafos e repórteres o seguiam em qualquer lugar.
Em 1922, Einstein tornou-se membro do Comitê de Cooperação Intelectual da Liga das Nações. Em 1925, juntamente com o líder dos direitos civis indianos Mahatma Gandhi, trabalhou numa campanha pela abolição do serviço militar obrigatório. E, em 1930, Einstein colocou novamente seu nome em outro importante manifesto internacional, desta vez organizado pela Liga Internacional da Mulher pela Paz e Liberdade. Pedia o desarmamento internacional como sendo a melhor maneira de assegurar uma contínua paz. Todavia, em 1939, Einstein escreveu ao presidente Frankling Delano Roosevelt, encorajando os Estados Unidos a iniciarem pesquisas sobre os possíveis usos militares da energia atômica. Em 1954, ele disse ao químico Linus Pauling: "Cometi um grande erro em minha vida quando assinei a carta ao presidente Roosevelt recomendando a construção de armas atômicas; mas alguma justificativa eu tinha - a possibilidade de elas serem construídas pelos alemães."
Em maio de 1925, como parte de seu roteiro na América do Sul, Albert Einstein veio ao Brasil. Esteve no Rio de Janeiro, em visita a instituições científicas e culturais. Proferiu duas conferências: na Academia Brasileira de Ciências e no Instituto de Engenharia do Rio de Janeiro.
Quando Adolf Hitler começou seu governo na Alemanha, Einstein decidiu deixar a Alemanha imediatamente. Foi para os Estados Unidos e ocupou uma posição no Instituto para Estudos Avançados em Princeton, New Jersey.
Quando a morte de Einstein foi anunciada em 1955, a notícia apareceu nas primeiras páginas dos jornais de todo o mundo: "Morreu um dos maiores homens do século 20".