Projéteis navais

Fabrizzio B. Dal Piero

De acordo com a utilização que se vai dar aos projéteis navais, estes respondem à seguinte classificação:

Perfurantes: destinados a perfurar couraças. Contém uma carga interna igual a 3% do peso total. Tem adequado poder de penetração aquele projétil que é capaz de perfurar a couraça e penetrar, inteiro, no interior do navio, para ali explodir. O projétil se constrói com o mesmo material das couraças, ainda que algo menos duro, para evitar sua ruptura no choque. Na ogiva se adapta um dispositivo de perfuração. Este dispositivo, chamado coifa de perfuração, diminui a resistência inicial da couraça, para logo se colocar como um anel em torno da ogiva e comprimi-la, evitando a ruptura do projétil.

Semiperfurantes: destinados a atacar couraças de espessura média a distância media de combate. Contém até 5,5 % de carga interna. São utilizados pelos cruzadores, torpedeiros, etc.

Ordinários: para atacar barcos ligeiramente protegidos. Contêm até 7,5 % de carga interna. São utilizados pelas forças ligeiras.

Granadas de gases: não têm aceitação, dadas as condições de luta no mar.

No combate naval o objetivo é destruir o material e não eliminar homens. Por isso o tiro naval apresenta certas características que o diferenciam do terrestre. Por exemplo:

a) O alvo no tiro diurno é visível, isto é, no qual se faz pontaria direta.

b) A plataforma do canhão é subordinada ao movimento de translação e também oscilatório (balança, arfagem, guinada).

c) O alvo é móvel e dotado de grande velocidade.

d) A distância de tiro é grande e varia rapidamente.

e) A observação do tiro é difícil porque geralmente a visibilidade é má, devido à fumaça de chaminés e disparos, bruma, etc., e porque na uniformidade do mar não há pontos de referência que permitam fazer apreciações de distâncias exatas. O radar, por sua vez, permite controlar o tiro, em qualquer condição de luz.

f) O alvo, relativamente pequeno à distância de combate, deve ser tocado diretamente pelo projétil.

Nestas condições, para acertar no alvo será necessário:

1. Prever em que posição, a partir do próprio barco, se encontrará o alvo no instante em que se deva dar o impacto (cálculo de alças).

2. Neutralizar o deslocamento do eixo dos canhões devido ao balanço e arfagem (sistema de pontaria).

Cálculo de alças; em linhas gerais, o procedimento é o seguinte:

a) Determinar o rumo e velocidade do inimigo.

b) Calcular a velocidade de variação de distância (cálculo feito sobre a base da velocidade própria e a do inimigo).

c) Determinar a correção lateral (cálculo feito sobre a base das velocidades própria, do inimigo e do vento).

Sistema de pontaria: por meio de apontadores (apontador do canhão) ou diretor (aparelho de pontaria que se localiza na parte superior da ponte).

A perfuração é o básico no tiro naval. Contudo, a bordo se tomam precauções contra granadas de gases que eventualmente poderiam ser utilizadas.

Antiaéreos: no decorrer da Segunda Guerra se empregou uma espoleta de proximidade, que trabalhava por meio do radio e fazia explodir a granada quando esta passava a uns vinte metros do avião. Mediante uma estação transmissora e receptora se conseguia o contato. A estação emitia impulsos eletromagnéticos que, ao refletir-se no alvo e retomar à emissora, provocavam a explosão da granada. O trabalho era semelhante ao de um radar.

Na marinha se empregam, ademais, outros tipos de projéteis especiais: granadas luminosas, granadas "Shrapnel", projéteis de exercício, etc.

Cada tipo de projétil é pintado com uma cor que indica suas características, tipo de carga interna, lugar e data de aquisição e outros dados.

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